• capitulo 78 •

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Maratona

Zeca

Alguns dias depois...

- É hoje em caralho... - Fabião murmurou me fazendo abrir os olhos.

Eu encarei ele que me olhava e neguei.

- Boa sorte pra tu, mas eu bem fico! - Falei e ele negou.

- Você tem certeza Zeca? Você mesmo tava de papo que queria sair daqui o mais rápido. Cê acha mesmo que aquela mina advogada vai te tirar daqui? É só b.o em cima de b.o, ele não vão querer tu na rua não cara, o sistema vai fazer tu morrer aqui. - Fabião disse dando as costas.

Eu sentei naquela cama e bufei passando a mão no rosto.

E o pior que era real mesmo.

Negada nenhuma iria querer eu na rua. Ia ser foda pra Patricia me colocar pra fora daqui.

Eu tava já loucão com essas idéias, fiquei o dia todinho andando de lá pra cá pensando em possibilidades. Pensei em cada uma e todas me davam o mesmo final...

A morte.

Fabião combinava com os outros malucos sobre a fuga. Cada cela teria que dar um jeito pra chegar na parte aonde ia estar um buraco na cerca. Um cara do pcc tinha mandado um outro cara de fora cortar na parte da matina. Ia dar o maior apagão na penitenciária, todo mundo teria um minuto e meio pra sair, depois desses um minuto e meio os agentes ligariam os disjuntores.

Eu ouvia aquilo e negava com a cabeça, eu sabia a merda que iria dar, mas o Fabião tava certo daquilo, nada tiraria essa decisão da mente dele.

Eu ia bem ficar, to louco não.

Continuei ouvindo aquele plano que sabia que muitos iriam ficar. Os buracos seriam feitos perto do pavilhão do cara do pcc, que no caso o dele era o b, e o nosso o g. Em distância até o pavilhão dele, já dava os um minuto e meio, sabia que não iria dar nem correndo. Só torcia pra que não tivesse tanta morte igual da outra vez...

******

Aquele dia eu tava sem fome nenhuma, aliás, todo dia eu tava sem. Fabião tava agitadão, a ansiedade tava matando ele.

- Aê, acalma o coração cara, respira fundo, se tu sentir que não é pra ir, não vai não! - Falei e ele se sentou do meu lado.

- To nervosão, na boa Zeca, e se der errado? - Fabião perguntou.

- Ai deu, tu tem que correr muito Fabião, corre e nem olha pra trás! - Falei e ele começou a balançar a perna.

Eu encarei o buraco que eles tinham feito e ri pelo nariz.

Eles quebraram o teto, ele iriam ir pelo teto, e depois descer escorregando por um tubo.

- Tá chegando a hora pô! - Fabião disse.

- Que horas vai ser? - Perguntei.

- Daqui a pouco. Quando a primeira cirene tocar é pra se preparar... - Fabião disse.

Já tinha dado a janta, e a cirene tocava um tempinho depois já.

- Na boa mesmo? Acho melhor cês já ir subindo, vão perder tempo demais se esperar tocar o bagulho. - Falei e ele concordou falando com os caras.

Minha barriga gelou, eu sentia o nervoso tomar conta de mim, nem sabia o que tava rolando comigo. Eu suspirei me jogando na cama e encarando aquele buraco que dava pra ver o céu.

Logo já veio na mente aquela noite que transei com a Viviane na laje, o céu tava igual papo reto mesmo. Aquilo me fez rir e negar com a cabeça. O nome dela rodeava na minha cabeça, aquilo tava me deixando com um puta aperto no coração, a saudade tava imensa, o ódio também por achar que ela não tava mais aqui...

- Aê Zeca, tamo indo, tu tem certeza? - Fabião perguntou dando pézinho pra um dos caras.

Eu encarei ele e lembrei de Viviane.

- Eu vou! - Falei saindo da cama!

• aperta na estrelinha •

Continue a nadar... ❤️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora