Zeca
Aquela invasão não foi nada do que eu já não esperava. Sabia que uma hora ou outra os vermes iam colar pra cá.
Bando de pau no cu.
Erraram o pé feio, e eu gostei de ver a cara de otários de cada um.
Tá é maluco de querer foder com a gente.
Quando vi aquela mina, vi que ela devia ser algum cargo grande entre os federais, a mina dava a última resposta pra tudo.
- Eles vazaram! - Ouvi pelo rádio.
Eu fui guiando de volta pra boca.
Eu e os moleques tava na maior reunião sobre as drogas e do nada radinho que os federais tão rodeando a favela.
Entrei na sala e bolei um acendendo o bic e tragando.
Vi a porta abrir e vi Belo e Índio entrando na sala.
- A mina era aquele dia do roubo, né não? A que foi atrás de tu. - Índio disse e eu assenti com a cabeça.
- Pior que era a vagabunda mesmo parceiro. - Falei soltando a fumaça.
- Tu acha que ela te reconheceu? - Índio perguntou.
- To nem aí, se reconheceu ou não, pra mim não faz diferença. - Falei negando. - Uma hora eles vão colar aqui de volta. - Falei.
- Nois vai tá prontão. Se eu tiver sem arma, vai com pedra, galho de árvore! - Belo disse e gargalhou.
Eu neguei rindo pelo nariz.
- To vazando então, preciso colar lá na dez! - Índio disse levantando.
- Já vai ir comer aquela mina que caga no pau do outros! - Belo disse e eu arquei a sobrancelha.
- Só encapa o garoto pô, comendo o cu, da em nada não! - Índio disse e vazou.
Eu mereço.
- Tu não achou bonitona a mina de dread? - Belo perguntou.
- Que mina? - Perguntei.
- A policial pô! - Belo disse.
Eu neguei com a cabeça.
- Tu tá é maluco com esse teu papo. Qual foi Belo, é policial caralho, tu tá com a cabeça aonde em? - Falei me levantando e saindo da boca.
Belo é novo pô, tá comigo desde que eu virei dono daqui. O cara era parceirão meu antes mesmo de eu pegar o cargo, ele é onze anos mais novo que eu, mais desde os treze anos dele, ele vinha com as idéias de que quando eu pegasse o morro, ele queria me dar aquela força.
Eu ria. Pô, não concordo com esse bagulho de criança na vida do crime não. Eu neguei desde sempre, quando eu fiz vinte e seis anos e comecei a comandar a Maré, o Belo tava com quinze, ele veio com o mesmo papo, que ele precisava entrar pra mudar a vida dele e dos irmãos.
Eu dei a opção dele estudar, eu pagaria tudo na goma dele, o aluguel, a comida e o caralho a quatro. Mas ele quis ele mesmo correr atrás dos bagulhos. Eu fiquei com um pé atrás, até por que quando a gente é novo, a gente não tem a cabeça muito firme.
Por fim aceitei, e nesses seis anos, o cara mostra que não fiz escolha errada em colocar ele como meu braço direito.
*****
Viviane
Chegamos naquela delegacia putos. Ricardo e mais outros dois agentes tinha levado Tarcísio pro hospital.
- Não acredito! - Falei bufando.
Gilberto esperava a gente fora da sala dele, entramos todos juntos na sala dele, ele entrou junto e quando encarou a gente, ele meteu um murro na mesa.
- Incompetentes é o que vocês são. - Gilberto disse encarando a gente bravo.
- Sinto muito seu Gilberto, mas eles tinham mais homens do que nós! - Patrícia disse e ele meteu outro murro na mesa.
- Foda se, metesse bala do mesmo jeito caralho. - Ele dizia rangendo os dentes. - Saiam da minha sala agora! - Ele disse alto.
Eu virei as costas e sai indo direto pro quartinho.
Eu me joguei na cama bufando.
- Que ódio! - Falei.
- Calma, a gente vai pegar eles! - Patricia disse.
- Quando eu pegar, eu vou atirar em partes em que a morte é mais lenta, pra sentir a porra da dor! - Falei me sentando na cama e fechando o punho.
Eu ia ter essa oportunidade de acabar com cada um.
- A gente vai conseguir, calma caralho, não da pra ficar assim também! - Patrícia disse.
Eu vou ficar frente a frente com esse dono, e ele vai implorar pra parar, e eu vou encher de bala.
• aperta na estrelinha •
Vejo que muitas pessoas lêem e não curtem, e querendo ou não, isso me desmotiva pra caramba, peço que curtem pra dar continuidade na estória! 😉
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Um amor além da lei
Teen FictionDois mundos diferentes, mas entre eles um amor que não se explica. Um amor proibido que de todos escondemos. E só a gente sente. E por este amor sofremos...