• capitulo 51 •

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Viviane

2 semanas depois...

Eu caminhei entrando naquele tribunal recebendo todos os olhares pra mim. Olhei ao redor e vi que estava cheio ali. Eu caminhei até Zeca que estava sentado já em seu local. Eu coloquei minha bolsa no chão e ele me olhou de canto. Eu me sentei e suspirei fundo colocando a pasta com os papéis em cima da mesa.

- Tudo o que eu dizer você apenas concorda! - Falei. - Lembra o que conversamos já? - Perguntei e ele concordou.

Não demorou muito e a escrivã começou a falar alguns nomes, eu continuei olhando a juíza que estava com uma cara de tédio. As testemunhas entraram, eu encarei e suspirei vendo que era agentes policiais.

To na chuva, to pra me molhar.

A juíza começou falando, logo ela exigiu que a "vítima", no caso um policial que estava representando a delegacia.

Ele tinha um rosto familiar, com certeza eu já havia trombado com ele.

Ele fez o juramento e se sentou naquele local de confissão.

- Comece senhor Wellington! - A juíza ordenou.

Aquele agente me olhou e depois olhou Zeca.

- Este indivíduo está sendo acusado por roubo ao banco central a mais de um ano! - O agente Wellington disse. - Ele comanda a favela da Maré, aonde tem o maior índice de drogas daqui do Rio de Janeiro! - Ele disse.

- Eu protesto juíza! - Falei me levantando e me apoiando a mesa.

Ela me olhou e eu suspirei fundo.

- Protesto negado. Senhor Wellington continue! - Juíza disse olhando ele.

Ridícula!

Eu me sentei novamente e o agente Wellington negou com a cabeça.

- Sabemos que aquele assalto foram coisas da Maré! - Wellington disse e logo a advogada dele levantou.

- Meritíssimo, peço licença! - A advogada disse e eu encarei ela.

Ela foi caminhando pra frente do Wellington e começou a andar de um lado pro outro.

- Pode falar Íris! - A juíza disse.

- Temos imagens do dia do assalto. Tudo indica que seria o réu! - A advogada disse.

- Eu protesto! - Falei alto me levantando. A juíza me olhou e eu fui indo de frente com a Íris. - Sabemos que não há prova alguma que seja ele, e sim apenas que os assaltantes entraram sim no complexo da Maré! - Falei de cabeça erguida encarando firme a advogada que estava de cara fechada.

- Acredito que eles tenham hackeado uma boa parte do sistema das câmeras, até por que houve um blackout, e muitas das câmeras não há sinal do momento do assalto! - A advogada Íris disse.

- Mas as imagens que tem, não aparece ninguém, não tem como acusar o meu cliente sem provas alguma! - Falei. - Qual é o teu problema? Você está apontando que qualquer morador de comunidade seja um assaltante? - Perguntei arqueando a sobrancelha.

Ela engoliu seco, ela ficou sem o que falar por uns cinco segundos e logo virou de costas. Ela foi até o controle e apertou dando visão das imagens do dia do assalto.

Passou a mesma filmagem que eu vi quando Gilberto me mostrou a um ano atrás. Eu bocejei e virei o rosto olhando Zeca que encarava as algemas.

- Meritíssimo, sei que aqui nas filmagens não mostra o rosto de ninguém, mas sabemos que é da Maré! - A advogada disse.

- Essa é a questão, não tem motivo para o meu cliente ser culpado por algo que ele nunca fez. - Falei e ela negou a cabeça rindo.

- E sobre o tráfico de armas, drogas e os homicídios? - A advogada perguntou.

- Tem algum mandato? - Perguntei de braços cruzados.

- Todos nós desse tribunal, sabemos o envolvimento do Zeca como o de frente da Maré. - A advogada disse e eu neguei na mesma hora.

- Não aceito nenhuma forma de acusação sem nenhuma prova. Sabemos que no artigo 138 do código penal, acusar alguém publicamente de um crime sem provas, é um crime que leva de seis meses a um ano de detenção! - Falei séria para a advogada. - Aliás, tudo isso está sendo um mal entendido, estão tentando difamar meu cliente por conta de que os policiais invadiram a favela e pegaram as crianças pra ameaçar os moradores de lá! - Falei me alterando.

- Eu protesto meritíssimo! - A advogada disse. - O que o seu cliente estava fazendo com uma arma na mão? - Ela perguntou falando mais alto.

- E o que eles estavam fazendo com as crianças? Sabemos que quando a polícia invade a favela, eles acabam disparando em quem nem é culpado, sabemos que qualquer homem ou mulher que descesse lá, eles iriam meter bala. Ele ficou sabendo das crianças e preferiu ir bater sim de frente com a polícia, até por que você está mais preocupado com uma arma do que com os policiais fazendo maldade com as crianças né?! - Falei.

A juíza bateu o martelo.

- Doutora Viviane, você teria a prova que o seu cliente estava na Maré aquela noite, e não saiu? - A juíza perguntou.

- Naquela noite ele estava com uma menina... - Falei engolindo seco. - A testemunha pode entrar! - Falei de cabeça baixa.

Ouvi a porta abrir e logo as pernas da pessoa ir até o guarda, ela jurou não mentir e se sentou aonde o Wellington estava. Eu levantei o olhar e vi aquela mesma menina que eu sabia que o Zeca se atracava as vezes.

- Senhorita Gabriela, você poderia me dizer aquele dia o que aconteceu? Tem provas de que ele estava com você? - Perguntei encarando ele.

Ela estava tremendo, eu assenti pra ela e ela suspirou fundo e começou a falar...

- Eu tenho alguns vídeos meus e dele juntos naquela noite, a gente passou ela juntos na minha casa. - Gabi disse. - No meu celular tem todas as datas! - Ela disse estendendo o celular pra mim.

Eu peguei e cheguei perto da juíza mostrando a ela. Mostrei todos os vídeos, tinha uns dois que era bem íntimo, mas a data e a hora era a mesma que estava acontecendo todo o assalto.

Ela terminou de ver e eu mostrei a advogada Íris, ela ficou sem palavras, ela terminou de ver e bufou.

- Acredito que não tenha nenhuma prova contra ele, ele é um morador qualquer da Maré! - Falei encarando a Íris que ainda estava de cara fechada.

A Juíza bateu o martelo e eu encarei ela.

- Com tudo que eu vi aqui. Eu tenho completa decisão que o senhor José Antônio Macedo da Silva é... - A juíza disse. - Inocente! Fim de julgamento! - Ela disse batendo o martelo.

Eu suspirei sentindo que tinha saido um peso de cima de mim. Eu fui até o Zeca e agarrei ele abraçando forte.

- Conseguimos Zeca! - Falei sorrindo.

Ele me deu um beijo no pescoço e o guarda já foi tirando a algema dele. Eu puxei ele e logo avistei Neno no último banco, ele tava todo engravatado, ele veio do lado do Zeca e fomos saindo daquele tribunal.

Havia vários repórteres, eu fui puxando Zeca e andando enquanto ouvia vários clicks. Fomos correndo até um carro preto grande que Neno nos guiou. Eu empurrei Zeca dentro e eu entrei fechando a porta.

- Agora a merda vai começar! - Belo resmungou vendo aqueles repórteres tirando foto.

• aperta na estrelinha •

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