Um amor além da lei

• capitulo 100 •

Zeca

Me sentei do lado de Neno e ele logo pegou minha mão.

- Quando to nervoso eu gosto de ficar segurando a mão de alguém. - Neno dizia olhando pro céu.

Eu nem me importei. Ficou o maior silêncio, minha mãe direita segurava a arma e a esquerda as mãos de Neno que tavam geladas.

Toda invasão da nervoso, mas sabendo que essa invasão vai ser a mesma que aquela vez, me da um arrepio, me faz ficar molão... Agora a vida é outra, eu to casado, to esperando uma cria, passei por todo aquele b.o todo, a Viviane também, agora a porra toda é séria.

Sai dos pensamentos vendo Tarcisio vir pra nossa direção, ele parou do nosso lado e...

- Qual é o plano? - Tarcisio perguntou.

- O plano é não ter plano dessa vez. - Murmurei. - Foco só! - Respondi.

Ele concordou.

- Qual é o lado que mais pesa sempre? - Tarcisio perguntou.

- Da frente e de trás. Aconselho tu ficar em cima da laje. - Falei e ele concordou saindo dali de perto.

- Acha que a gente consegue dessa vez? - Neno perguntou com a voz trêmula. - Eu tenho uma filha cara! - Ele disse.

Eu olhei pra ele e via o medo no olhar dele.

- Confio na gente Neno. Vou fazer de tudo... - Falei.

Ele concordou e abaixou a cabeça rezando baixo.

Eu sentia a angústia cada vez mais grande, eu só soube fechar os olhos e rezar pela última vez ali.

- Neno... - Falei baixo.

- O que? - Ele respondeu.

- Cuida da Viviane e da minha cria... Se caso... - Falei e parei.

- Faz o mesmo pela Julinha cara, da uma força pra mãe dela qualquer coisa. - Neno disse e eu concordei.

Eu fiquei ali com ele, de mãos dadas, até tudo se apagar. Passou um filme na minha cabeça, me veio todos os momentos depois de tudo. Eu me levantei e senti a mão do Neno soltar da minha.

- Fé Neno. - Falei.

- Fé Negão! - Neno disse e logo senti um abraço.

Se foder caralho, eu nunca choro, mas agora to com o coração na mão.

Senti ele soltar e ai fui andando. Eu não via nada acendi a lanterna do radinho e subi na laje. Não demorou muito pros foguetes e logo os tiros. Eu me abaixei sentindo meu coração acelerar. Eu levantei e começou aqueles tiros, não dava pra ver um passo da tua frente, eu ia pelo laser da arma dos caras, eu atirava e já logo apagava o laser.

Fiquei ali na laje por mo tempo, quando se acendeu as luzes, eu tive a visão que eu tinha apagado vários dali. Eu preferi descer, esse bagulho de ficar em cima de laje não era pra mim. Eu corri pelos becos vendo vários dos meus atirando sem parar, os caras tavam com sangue nos olhos.

******

Viviane

- Você tá indo aonde? - Patricia perguntou segurando meu celular que fazia luz.

Eu comecei a pegar arma.

- Eu vou junto. Não vou ficar aqui! - Falei colocando um colete em mim.

- Não, você não, eu vou, me dá uma arma e um colete! - Patricia disse.

- Patricia, eu entrei nessa, então eu vou! - Falei pegando um colete e uma arma e entregando pra ela.

Eu sai de perto dela e fui indo até a porta, os tiros estavam altos demais. Eu olhei pela janela e via vários homens caídos no chão, isso me deu um enjôo do caramba, eu corri pra privada, fiquei vomitando e vomitando.

- Eu to te falando, é melhor você não ir, fique aqui, se caso entrarem, meta bala Viviane. - Patricia disse sumindo da minha frente.

Eu fiquei ali sentada no chão com colete e segurando uma arma. Eu estava sensível demais, não demorou muito pra mim começar a chorar, a gravidez acho que tava me deixando sensível.

Eu suspirei fundo e me levantei segurando aquela arma firme.

Eu não podia deixar Zeca sozinho ali...

• aperta na estrelinha •

Se a vida não ficar mais fácil, trate de ficar mais forte. ❤️