• capitulo 18 •

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Zeca

Sai da igrejinha que tinha ali e logo fiz o sinal da cruz.

- Ê Zeca! - Ouvi me chamarem.

Olhei pra trás e vi Índio.

- Fala tu! - Falei fazendo um jóia.

Ele veio perto e bateu nas minhas costas.

- E aquele bagulho lá? Ela abriu o bico? - Índio perguntou.

- Falou nada cara, só mandou o papo que ia invadir mesmo. Aquela lá tá de tiração, na boa! - Falei negando com a cabeça e andando.

- Quer que eu dou um pulo lá? Por que o Belo lá, ele não vai tirar nada dela, tu sabe que o Belo é tranquilão! - Índio disse e eu assenti.

- Vai, qualquer b.o tu avisa. To sem paciência pra aquela ali! - Falei deixando Índio pra trás.

Guiei pra boca, eu tava a ponto de estourar a cabeça daquela mina. Qual é a dificuldade de mandar a real? Na hora de ficar de bituca ali na barragem ela não pensou no que podia rolar, né?!

*****

Índio

Guiei até o barraco, eu nem tinha paciência pra esses baratos, não sei como o Zeca não tinha estourado a cabeça dessa mina ai.

Entrei no quarto dando de cara com Belo fumando.

- Até que enfim, eu quero comer cara, saco vazio não para em pé não. - Belo disse e foi saindo.

Eu tranquei a porta e me sentei no sofá encarando ela.

- Tá olhando o que? - Ela perguntou.

- Cala tua boca caralho, tu tá achando o que? - Levantei indo até ela, eu saquei a arma e coloquei na cabeça da mina. - Tu vai abrir essa porra do bico só pra falar das caminhadas lá do teu trampo, caso ao contrário, cala sua boca porra! - Gritei tirando a arma da cabeça dela.

Ela olhava estreito pra mim.

Se foder cara, mina vem com cara de deboche.

- Daqui uns dias vão sentir minha falta... E vão vir atrás de mim! - Ela disse e eu levantei a sobrancelha.

- É? Sabe quem vai sentir falta também? Você quando tua mãe tiver morta porra! - Falei apontando a arma pra ela e ela abaixou a cabeça.

Logo logo a mina desaba e solta o que tem que soltar.

Eu voltei pro sofá e fiquei ali olhando cada movimento dela. O bagulho mesmo era agir no joguinho psicológico com ela, ai queria ver se ia ficar com essa marra toda.

- Que dia vocês iam invadir? - Perguntei quebrando o silêncio.

- Não sei, não tava nada certo ainda, por isso que eu tava vindo pra cá. Tava vendo cada porra de ponto! - Ela disse.

Não conseguia acreditar nela não.

- Tu me trás um ar de mentira, não engulo nenhuma palavra! - Falei e ela virou o rosto.

- Não é pra engolir, é pra ouvir! - Ela murmurou e eu fui até aquela foto que tava ela e a família dela e rasguei.

Ela ficou olhando aquilo assustada, encheu os olhos da mina. Ela abriu a boca querendo falar algo e eu joguei aquela foto na cara dela.

******

Viviane

Índio saiu daquele quarto e eu só sabia chorar, eu que tinha ficado uma mulher fria e sem sentimentos algum, tava ali chorando.

Era a única foto que tinha meu pai, era a última foto e a minha preferida. Eu acabei me libertando e chorando o que eu tava segurando. Eu comecei a chorar alto, não demorou muito pra porta ser aberta, eu continuei de cabeça baixa e chorando, eu não tava nem ai mais pra nada, eles tavam fodendo com a porra do meu psicológico.

- Ou caralho. - Ouvi a voz do Belo.

Eu levantei o olhar e ele tava com umas sacolas, ele veio até mim e me deu leves batidas no ombro. Ele olhou a foto rasgada e limpou minhas lágrimas.

- Não chora porra, qual foi cara? Relaxa, ninguém vai te matar não, o Índio é ogrão mesmo... - Belo disse e eu neguei.

- To nem ai se me matarem, eu já to morta desde quando meu se foi! - Falei virando o rosto.

- Viviane, na boa, não curto tortura com mulher não, to aqui na paz cara, manda a real pra mim, fala o b.o que aconteceu, ninguém vai relar na tua família! - Belo disse olhando meus olhos.

- Não posso confiar em você! - Falei e ele negou.

- É? Eu também morri com dez anos de idade quando minha coroa morreu. Tive que correr atrás de tudo pros meus irmãos. Se eu to na vida do crime hoje é por isso, e não me arrependo não viu? Todo mundo julga, mas não sabe da caminhada do outro não! - Belo disse e eu vi ele se afastar de mim indo pro sofá.

- Foi mal... - Falei baixo.

E ele assentiu abaixando a cabeça.

aperta na estrelinha •

Mais um dia pra você tentar, você consegue! ❤️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora