• capitulo 55 •

4.3K 341 59
                                    

Zeca

Me olhei no espelho e vi que ainda tinha gotículas de sangue em mim.

- Tu fez mesmo? - Belo perguntou entrando.

- Fiz, quem terminou o trampo foi o Índio! - Falei tirando a camiseta e limpando.

- Cara, Rio todo tá passando da morte dele! - Belo disse.

- E eu acho pouco, vem querer saber dos bagulhos, pô, não fiz mal pra ninguém. - Falei saindo da sala.

Neno veio com tudo, ele tava fumando e com uma lata de cerveja na mão.

- Que bagulho foi aquele Zecão? - Neto perguntou sério. - Índio me contou, eu mandei o papo pra ele que por mim eu passava ele no triturador! - Neno disse e eu concordei.

Eu tinha pensado mesmo...

- Na boa, cês não pegaram pesado não? - Belo perguntou.

- Qual foi Belo? Tu sabe quem nessa vida, ou é nois ou é eles. Não to fazendo isso só por mim não, to fazendo por vocês e pelos moradores daqui. Qual foi dessa agora, toda vez invasão na Maré cara? Na boa mesmo, aqui tinha que ser um lugar familiar, tu sabe que eu sou contra a criança na vida dos corres, vendo as negadas usando droga. Quer usar a porra do pó? Vai pra pista, mas nas frente das minhas crianças não. É o futuro desse país imundo! - Falei negando com a cabeça.

- Concordo contigo, não da não pra toda vez eles subirem pra cá metendo bala e nem ai com os moradores. - Neno disse e eu concordei.

- Aquilo ali foi pra ficar esperto, eu dei várias chances, ai a porra do problema foi dele que ficou atrás dessa idéia de assalto. - Falei saindo ali de perto.

Fui pra casa, mal cheguei e vi Gabi lá esperando.

- Oi Zeca! - Ela disse vindo me dar dois beijinhos no rosto.

- E ai... Pô, preciso entrar ai. - Falei. - Mas ai, nem deu tempo de agradecer, mas só agradece ai pela força que tu deu no dia do julgamento, to ligado que tu mentiu e correu atrás com o Índio pra editar as datas... - Falei e beijei a testa dela.

- Não foi nada, você sabe que eu faria qualquer coisa por você! - Ela disse e eu sorri sem mostrar os dentes.

Eu deixei ela ali e entrei pra casa vendo a Viviane com a televisão ligada. Eu encarei e vi a reportagem falando do assassinato do delegado Gilberto.

Fui direto pra tomar aquela ducha, tava soando pra porra. Não tava dando não daquele jeito. Eu sai do banho e já dei de cara com Viviane me encarando sentada.

- Tá olhando o que caralho? - Perguntei virando o rosto e me vestindo.

- Foi você né? - Viviane perguntou.

- Eu o que? - Perguntei.

- Ninguém mataria o Gilberto, só você mesmo! - Ela disse. - Não adianta mentir José Antônio! - Ela disse meu nome e eu me lembrei da minha coroa que falava assim quando tava putona.

- Ih cara, se tu sabe por que pergunta? - Falei e sai indo pra cozinha.

Comecei a procurar as coisas e não tinha nada de bom. Mandei um radinho pra uma pizzaria e me sentei na mesa.

Fiquei mexendo no celular até ver a Viviane chegando perto. Ela se sentou na mesa também e eu continuei com a cara no celular.

- Por que matou? - Ela perguntou.

Eu olhei pra ela e neguei.

- Tu quer saber por que em? Aê, vai mudar nada na tua vida, ele já foi, não adianta, culpa foi dele! - Falei pegando meu celular, ela puxou da minha mão com tudo e acabou caindo no chão.

Eu encarei e vi a tela toda fodida.

Ela olhou e se levantou na mesma hora pegando o celular.

- Desculpa... - Ela disse. - Mas também, já tava na hora de comprar outro, essa é da época dos dinossauros! - Ela disse segurando a risada.

- Tu vai me dar outro, tenho cara do que agora? Tu é chatona na boa mesmo, amanhã tu pega suas coisas e vaza daqui, eu em! - Falei passando a mão no rosto.

- Ué, mas não era você que me queria? Ai ai, conta outra Zeca... Amanhã mesmo pego o vôo, fica tranquilinho! - Ela disse abrindo a geladeira.

- Não falei que não te quero, mandei tu ir! - Resmunguei.

- Tá, eu vou agora! - Ela disse saindo da cozinha.

Eu levantei e fui caminhando até a sala, tranquei a porta e tirei a chave. Ela pegou as coisas dela e veio vindo. Eu encostei na porta e fiquei olhando ela.

-  Da licença! - Ela disse.

- Da um beijo antes! - Falei sério.

- Tu é um bipolar do caralho, vai de foder Zeca! - Ela disse brava.

- Não te disse pra ir agora, tá de noite caralho, senta essa bunda gos... Vai senta logo! - Falei indo até o sofá me sentando.

Ela ficou parada me encarando debochada.

- Tu ainda acha que manda em mim? Pelo amor Zeca, você não manda nem em você direito! - Ela disse e eu mostrei o dedo do meio.

*****

A gente tava comendo a pizza, Viviane não parava de falar, tava me estressando mesmo.

- Ai eu disse pra ela que ela que era a falsa. Ela me enganou acredita? Eu deixei o caso dela na mesma hora. Por fim, ela fugiu com o velho rico e deixou o coitado do marido sem dinheiro sozinho com quatro filhos! - Ela dizia de boca cheia de uma cliente dela.

Ela ia falar de novo mas eu cortei.

- Aê... Tu tem um caso com um cara que trampava contigo? - Perguntei.

Tava ligado já...

- Quem? O Ricardo? Sai com ele já, eu não curto ele, mas ele sempre tá atrás de querer sair comigo! - Ela disse mas ela logo já tampou a boca como se fosse algo de errado. - Não vai matar ele né? - Ela disse preocupada.

- Tu quer que eu mate? - Perguntei sem olhar pra ela.

- Você sabe que não... Não quero que mate mais ninguém... - Ela disse.

- Matar só se for tu de tanto tesão... - Falei e ela começou a gargalhar.

- Você é estranho demais. - Ela disse chegando perto e me acariciando. - Senti tua falta... - Ela sussurrou.

Ela tava quase subindo em cima de mim, eu deslizei a mão até a coxa dela e apertei.

- A gente tá perdendo um tempão. Bora ficar junto... - Sussurrei olhando ela fechar os olhos e vir me beijar com tudo.

• aperta na estrelinha •

Não tenha medo de tentar ❤️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora