• capitulo 90 •

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Viviane

Tomei aquela sopa terrivelmente amarga, cagaram na sopa e deram, só podia ser.

Ouvi a porta bater e logo a enfermeira entrar.

- Oi dona Lola, a senhora tá bem? - Perguntei com a voz falhada.

Dona Lola era uma das enfermeiras que cuidavam de mim, ela era uma senhora de sessenta anos e que me tratava super bem.

Amava ela.

- Bem e a senhorita em? Alguma dor? - Ela perguntou e eu neguei. - Vim aqui pra te puxar pra dar alguns passos, aproveitar que nessa madrugada aqui no posto tá tudo tranquilo, até parece que algo de ruim vai acontecer! - Ela disse e logo bateu na mesinha de madeira.

- Deus me livre. - Respondi. - Como vou andar? - Perguntei.

Ela tirou a coberta das minhas pernas e relou me meus pés.

- Está sentindo? - Ela perguntou e eu assenti. - E agora? - Ela perguntou relando na minha canela.

- Sim... - Respondi.

Ela veio do meu lado e arrumou meu soro num ferro lá.

- Vem, vamos levantar... - Ela disse. - Eu vou estar aqui, qualquer coisa se apoie a mim. Coloca uma perna pra fora da cama e depois a outra! - Ela disse.

Eu tentei empurrar a perna, mas ela ia bem devagar, demorou um dois minutos cada perna até eu colocar elas nos chão.

Que sensação!!!

Pés no chão, que negócio estranho, é uma coisa tão comum e normal, mas com esses dois anos foi estranho colocar eles no chão.

Eu me apoiei na Lola e ela fez a forma maior me deixando em pé. Eu sentia minhas pernas tremerem, sentia a fraqueza nas pernas, era como se eu não soubesse andar e estava aprendendo naquele momento.

Ela me puxou e eu dei dois leves passos. Pra mim não tinha sido nada, mas pra Lola era como se eu tivesse ganhado na loteria.

Ela me colocou sentada novamente na cama e saiu me deixando sozinha. Não demorou muito pra ela voltar com um andador de rodinhas. Ela me ajudou e eu comecei dar alguns passos, nada tava fácil, parecia que minhas pernas tinha um chumbo de peso, eu não conseguia movê-las.

Lola me ajudou, ficamos a madrugada toda nessa, consegui ir até a porta e voltar sozinha depois de várias tentativas. Mas era aquela coisa né? Prática.

Lola saiu do quarto me deixando deitada depois de chamarem ela pra cuidar de outro paciente. Fiquei ali vendo o dia amanhecer.

Já era por volta das seis e pouco da manhã quando Patricia entrou no quarto. Ela tava com uma calça moletom, um blusão e de chinelo.

- É o que? Vai fazer visita na cadeia? - Perguntei.

- Tá parecendo né? Belo me emprestou! - Patricia respondeu.

- Qual é a de vocês em? Tão juntos? - Perguntei e ela negou rindo.

******

Zeca

Saímos da casa de Patricia e fomos direto pra Maré. Colocamos ele na salinha da tortura e fiquei andando de um lado pro outro dentro daquela sala, não quis que ninguém entrasse, aquele papo era eu e ele, não queria ninguém se metendo ou quebrando ele, quem ia acabar com ele ia ser eu.

Fiquei ali por mo cota, preparei tudo o que eu ia usar. Quando bateu uma certa hora, eu vi que ele tava querendo acordar, fiquei fitando enquanto cheirava uma carreira de cocaína.

Se ele quis fazer da minha vida um inferno, prazer eu sou o diabo.

Ele abriu os olhos sem entender e quando me viu ele tentou se afastar batendo na parede.

Ele tava amarrado, as mãos e os pés.

- Zeca... - Márcio disse e eu neguei com a cabeça.

- Tuas crias não merece o pai podre que tem. - Falei.

- E teu pai? Fica feliz por isso? - Márcio perguntou e eu ri pelo nariz.

- Meu pai... - Falei baixo. - Ele foi um fodido que não teve a merda da capacidade de me assumir! - Falei me levantando dando um chute forte na barriga do Márcio.

Eu tava me sentindo agitado, o pó já tinha feito aquele efeito. Eu tava querendo pegar a arma e não só disparar no Márcio, mas como em mim também.

- Tu se encontra com ele lá no inferno, e se fodem juntos! - Falei esmurrando a cara do Márcio.

Ficou cheia de sangue. Eu me levantei e fui pegando o facão. Quando ele viu ele começou a berrar tentando se afastar.

- Zeca vamos conversar cara, tenho família! - Márcio falava desesperado.

- Eu também tenho minha mulher, e tu tentou tirar ela de mim, tu acabou com a minha vida filho da puta, e agora eu vou acabar com a tua! - Falei tacando com tudo o facão no pé dele.

O pé caiu pra um lado, eu via descer um puta monte de sangue. Márcio berrava pedindo misericórdia, mas pra mim não tinha mais volta, ele tinha assinado o atestado de óbito dele.

- Zeca, por favor cara, meus filhos vão crescer sem um pai, por favor, te peço perdão pelos meus erros! - Márcio dizia.

- Eu cresci sem um, e foi a melhor coisa, me fez aprender a não ser um bosta que nem ele! - Falei tacando o facão bem na coxa dele.

Ele berrava de dor, o chão tava lavado de sangue. Eu comecei a cortar as pernas, aquilo tava me dando mais ódio ainda, aquela adrenalina que corria dentro de mim era mais forte.

Márcio berrava rezando. Eu acertei os braços vendo só ficar o tronco. Ele tava fraco já, tinha perdido muito sangue, eu dei alguns murros nele até ver ele apagar. Fiquei olhando aquilo tudo até ele acordar, ele tava com um pé no outro plano já, cara tava acabadão.

- Qual é tua última palavra? - Perguntei.

- Perdão... Zeca! - Ele disse fraco.

- Enfia no teu cu arrombado! - Falei tacando o facão no pescoço dele, vendo a cabeça dele cair rolando até o meu pé.

• aperta na estrelinha •

Durma bem! ❤️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora