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Lana Martínez:

— EU VOU EMBORA DESSA PORCARIA DE CASA, NÃO AGUENTO MAIS ESSA VIDA DE MERDA! — Grito indo em direção ao meu quarto, pegando minha mochila e colocando o máximo de itens dentro dela.

— LANA MARTÍNEZ, VOLTA AQUI, VOCÊ NÃO VAI PRA LUGAR NENHUM! — Retribuiu o grito, vindo atrás de mim.

— Ah, não vou, papai? — Perguntei cinicamente.— Quem vai me impedir? — Disse colocando a mochila nas minhas costas com toda a coragem do mundo junto a mim, pois meu pai é meu dobro, ele poderia me impedir facilmente, mas ele ficou parado me encarando e não acreditando que sua "garotinha" havia se tornado inconsequente. — A questão é... — continuei a falar. —  Não fico mais nenhum segundo, debaixo do mesmo teto que essa VADIA, que você trouxe para casa e ainda a chama de mulher.

— Lana, querida... — Meu pai tentou me acalmar. — Você está sendo injusta com a Ana, ela é como uma mãe, para você. — Senti uma vontade de vomitar e meu sangue se esquentar, parecia que eu ia explodir ali mesmo.

— NUNCA MAIS! — Gritei. Respirei novamente para tentar me acalmar. — Nunca mais mesmo, compare essa vadia com a minha mãe. — Falei, pois minha mãe havia morrido quando eu tinha apenas dez anos, e quando completei quatorze, meu pai conheceu a Ana, fazendo a minha vida virar um inferno. — Minha mãe era uma mulher digna, não precisava se aproveitar de ninguém para se dar bem na vida, eu cansei pai, de ver você ser feito de idiota. E também cansei dessa... — me segurei. — dessa mulherzinha, tentando tomar o lugar da minha mãe, e me tratando como um "lixo". Ela realmente conseguiu o que queria, eu vou embora. — Ana observava tudo, as vezes dava para ver um sorriso vitorioso saindo de seus lábios, mas rapidamente voltava a se fazer de vítima. Eu odiava ver meu pai sendo feito de idiota, ela só queria o dinheiro dele. Ali eu não ficava mais, eu estava cansada de tudo isso.

Uma da manhã. Eu realmente não sabia para onde ir a essa hora, mas resolvi arriscar, meu pai tentou me impedir. Ele era mais forte que eu, mas eu era mais rápida. Na minha mochila, que agora pesava nas minhas costas, enquanto andava pela rua um pouco mal iluminada do meu bairro, haviam algumas peças de roupas e coisas para a minha higiene e um pouco de dinheiro da minha mesada. Eu estava quase me arrependendo, com medo, com frio apenas eu e minhas inseguranças, para onde eu iria? Merda.

Até que me veio na cabeça o apartamento que meu pai possuía, porém ficava um pouco longe, eu planejava pegar um táxi e pagar com o dinheiro que eu tinha na minha bolsa. Enquanto pensava comigo, eu passei por um grupo de garotos. Se eles não tivessem feito "gracinhas" eu nem perceberia.

— E aí garota, isso é hora de uma princesa estar na rua? — Continuei andando mais rápido, mas podia ver que eles estavam me seguindo.

— Qual é gatinha, vai mais devagar, rápido assim... só na cama. — Os garotos riram e consegui ver que haviam quatro, não pude ver o rosto, o medo me impedia de olhar para trás, em minha cabeça só conseguia pensar: "Continue andando".

— Olha Ansu, acho que ela está com pressa. — Um garoto com uma voz maravilhosamente rouca disse e logo começou a rir.

— Calma, delícia, corre não. — Falou um dos garotos, eu não fazia de quem se tratava. Eu estava morrendo de medo, confesso, mas ao mesmo tempo estava começando a me irritar com aqueles babacas e meus pés já estavam doendo por andar rápido, então, eu senti uma mão segurar meu braço fortemente.

— Qual parte do "Calma delícia, corre não" você não entendeu? — Um garoto com lindos olhos castanhos falou. Ele tinha um olhar um tanto malicioso.

— Merda! Qual o seu problema? Me larga, idiota. — Falei tentando tirar meus braços da sua mão.

Pude ver todos se divertindo, menos o garoto de cabelos escuros, com bandana preta, e maravilhosos olhos castanhos também (um pouco mais claros), ele era realmente lindo e parecia entediado. Até que me dei conta de quem ele realmente era e me estremeci. Seu celular tocou, ele atendeu e foi saindo.

— Falou, gays. Tô largado. Ah, e peguem leve com a mini-vadia. — Ele riu e virou-se de costas com intuito de sair. Me irritei com o fato dele ter se referido a mim daquele jeito e resolvi me pronunciar. Com muita coragem, claro.

— Do que você me chamou, resto de merda? — Perguntei levando minha mão até a cintura, como se tivesse alguma moral com ele, e totalmente com raiva por tudo que aconteceu naquele dia. Mas antes me soltei das mãos do garoto de olhos castanhos e fui até o meio, a fim de falar algumas verdades para aquele idiota. Eu sabia quem era ele e mesmo assim eu estava nem um pouco me importando. Ele virou-se para mim me olhando de cima a baixo com uma expressão séria ao mesmo tempo.

— Te chamei de mini-vadia. Por que? Algum problema? — Ele disse me olhando com um ar desafiador e chegando mais perto.

— Quem você acha que é para me chamar assim?— Ele era o líder da "Os Barcelonas", uma das maiores gangues da cidade, todos só ouviam falar deles, mas ninguém sabia quem realmente fazia parte. Eu sabia porque morava no mesmo bairro que eles, mas não na mesma rua e minha melhor amiga, Alice, já havia me falado deles, ela sabia tudo do assunto e foi um choque em saber que essa gangue se situava no nosso bairro. E como ela sabia? Há mais ou menos dois anos quando eles se mudaram para cá, minha amiga decidiu ver quem era esse menino de cabelos escuros e olhos castanhos claro e o seguiu, caiu um papel que estava escrito: "Pablo Gavira — Líder da "Os Barcelonas." Ela caiu dura, na verdade... quase. Mas depois que ela descobriu isso, ela se "viciou" mais nele.

— Prazer... só na cama. — Ele riu, me mantive séria. — Gavi, Pablo Gavi. — Ele disse e eu estremeci quando escutei esse nome, eu estava diante do maior cafajeste de Barcelona e mesmo assim ele era o sonho de várias meninas iludidas.

— Eu sei quem é você. — Eu disse indiferentemente.

— Sabe, é? — Ele franziu o cenho. — Como? —Merda, se eu falasse que ele era um membro ele me mataria, pois ninguém sabe quem são os membros, só sabem que existem essa gangue.

— Eu confundi você com outra pessoa. — Menti.

— Eu sou inconfundível. — Ele disse. — E você é ridícula.

— Você também não passa muito longe disso. — Falei olhando com raiva em seus olhos.

— Você deveria me temer.

— Só porque você é um Barcelona? — Entreguei o jogo e vi a merda que fiz. Gavi olhou para os garotos incrédulo.

— Você sabe demais. — Diz dando meia volta. — Félix, leva ela para o apartamento, amanhã vou ver o que eu faço. Se não morrer vai servir como um belo bife... — Ele disse mordendo os lábios — Se é que vocês me entendem.

— O que? Merda, me solta quero voltar para a casa! — Gritei ao sentir o tal Ansu e mais dois meninos me colocando dentro de um enorme carro preto, tentei me debater, mas senti algo invadir minhas narinas, deixando meu corpo lento. Desmaiei.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora