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Lana Martínez:

Esperei o Guilherme sair e pegar certa distância e então comecei o seguir, isso ia dar merda e eu sabia, mas agora eu não iria parar o que eu comecei.

Eu sempre deixava um carro ficar em minha frente para o Guilherme não perceber nada, eu achava que eu estava sendo esperta, mas isso só dificultava minha visão. Amadores. Eu tinha que ver pelo vidro frontal do carro que estava em minha frente. E o motorista não tinha um tamanho de cabeça favorável.

Continuei seguindo Guilherme com certa dificuldade durante meia hora e quando senti que ele ia estacionar, me deu uma dor de cabeça horrível, pois reconheci o lugar.

Estremeci e quase desisti de tudo e voltei para casa para ver meu programa favorito, mas se eu estava na chuva era para me molhar.

Ele estacionou seu carro e eu esperei ele sair de dentro, estacionei o meu também um pouco distante, pois não queria estragar tudo.
Um pouco depois de Guilherme ter saído de seu carro, eu saí do meu também e comecei o seguir novamente. Ele parou. E para minha sorte, eu achei um beco que ficava próximo de onde Guilherme parou e me enfiei ali dentro, era escuro pra caramba, mas era o jeito. Ouvi passos de outra pessoa se aproximando de Guilherme, eu não conseguia ver, apenas ouvir.

— E então, patrão. Como eu disse, Gavi descobriu a porra toda e faz tempo. — Guilherme dizia. — Porém ele nem sonha quem é o mandante, para a sua sorte e o meu azar. — Eu já sabia quem era o tal mandante, porque eu já havia estado ali antes e fazia pouco tempo. Merda.

— Bom, mas fique calmo, vamos defender você. — Eu podia sentir a mentira ao ouvir a voz de Jude. Eu sabia perfeitamente seu jeito de mentir.

— Vão mesmo? — A voz de Guilherme aliviou. — Porque você sabe, o Gavira é do tipo que se deixar ele quieto na dele, tá beleza, ele fica ali.
Mas no momentos em que tirar ele pra trouxão, corre, o mundo tá fodido. — Guilherme parecia uma bichinha medrosa falando daquele jeito sobre Gavira. Bellingham riu irônico.

— Você acha mesmo? Bom, você está errado. — Na verdade, Guilherme estava certo.

E se Gavira descobrisse que o mandante era Bellingham, ele morreria. Jude sempre fode tudo, sempre. De repente, se ouviu uma, duas, três, quatro freadas bruscas, meu coração, por algum motivo, não saiu pela boca.

— O que é isso? — Bellingham perguntou assustado.

— O que é isso? — Droga, eu conhecia aquela voz.— Isso são The Barcelonas. — Gavi desceu de seu carro, que para meu azar parou bem em frente ao beco onde eu estava escondida, mas para a minha sorte, o beco era estreito e escuro, e logo ao lado, tinha a praça onde ficava a cancha dos Madristas.

Gavi não podia me ver, mas mesmo assim, fui mais para o fundo possível do beco, pois se eles me vissem acho que Barcelonas e Madristas se uniriam para me matar.

— Você tem que parar de se meter com as pessoas erradas. — Gavi disse tirando a arma da cintura e dando um tiro para cima, eu reprimi um grito.

Havia o carro de Gavi na frente e mais três carros, dos garotos lógico, atrás. Ansu, Ferran e Pedri também desceram dos carros e havia mais alguns outros Barcelonas que vieram junto, tinha Barcelonas até no capô.

Eu observei cada detalhe de Gavi, mesmo com medo do que podia acontecer. Ele estava com uma calça preta de couro, uma regata branca por baixo de sua jaqueta, também de couro sem manga, havia uma perfeita visão de seu braço fechado em tatuagem e então eu cheguei a uma conclusão: eu precisava sentir aquele homem outra vez.

— Achou que eu nunca descobriria, Jude? — Gavi dizia encostado no capô do seu carro enquanto os outros Barcelonas se espalharam e ficavam gritando coisa do tipo "merdão", "cuzão" pra Jude. — Só para lembrar que o iniciante aqui é você. — Gavi continuava. Logo alguns Madristas chegaram e vi Guilherme fugindo, fui mais para frente a fim de visualizar algo a mais. Era The Madristas de um lado e The Barcelonas de outro, onde Gavi estava escorado em seu carro.

Diferente dos Barcelonas The Madristas tinha
uma certa organização, tão organizados como um exército. The Barcelonas eram mais casuais, estavam nem aí pra isso, faziam o que dava na telha e mesmo assim, eu pude ver medo nos olhos de alguns Madristas, por mais que eu enxergasse super mal dali.

Gavira tinha um pequeno cigarro no canto de sua boca, ele deu apenas mais uma tragada, soltando uma fumaça formando um anel perfeito, o deixando mais atraente ainda.

Droga. Em seguida, Gavi parou de fumar e jogou o cigarro em frente aos pés de Jude, logo pisando em cima e em nenhum momento eles deixaram de se encarar.

— Bom, minha proposta é a seguinte, pequeno
Bellingham. — Gavi foi sarcástico e se aproximou mais ainda de Jude. — Hoje eu estou de bom humor, então talvez eu não te mate, mas tem um simples porém.

— Eu não tenho medo, Gavira. — Jude disse mostrando segurança em sua voz.

— Não? — Gavira disse arqueando a sobrancelha. — Mas devia ter. — Ele riu e virou-se de volta indo até seu carro para se escorar novamente, ele fazia tudo numa calmaria sem fim, como um profissional, ele sabia jogar. Mas antes de Gavi fazer isso, Jude deu um grito:

— PARA CIMA, MADRISTAS!

Gavi virou-se em uma agilidade absurda e atingiu Jude com o cano de sua arma o derrubando. Eu estava totalmente nervosa. Os gangsters estavam em um tiroteio do caralho, mas tinha alguns que iam na mão mesmo, tentavam na sorte. Outros estavam atirados no chão atingidos por algum tiro. Eu nunca havia passado por aquilo. E como sempre, The Barcelonas estavam com vantagens.

— Bom. — Gavi gritou chamando a atenção de todos. — Eu acho que vocês terão que escolher outro líder, por que esse... — Ele riu. — Esse já era. — Gavi dizia com a arma na cabeça de Jude e os braços em volta do mesmo, o imobilizando, eu estava apavorada. — E então, você vai devolver meu dinheiro, ou eu terei mesmo que tirar sua vidinha de merda? — Gavi diz para Jude.

— E-eu gastei. — Jude disse com a boca escorrendo sangue. Ambos os lados estavam parados observando, tirando alguns homens feridos que estava no chão gemendo de dor. Aquilo estava horrível.

— Todo? — Gavi perguntou — Então, adeus. — Ele deu de ombros e puxou o gatilho.

— Cara, você é rico, aquilo não é nada para você. — Jude disse, com uma coragem enorme. — E pode me matar, se eu entrei nessa é porque eu sabia as consequências.

— Chega com essa porra de filosofia, sua bicha azeda, me responde: Você gastou todo o dinheiro? — Gavira perguntou mais uma vez.

— Não... Gastei cinco milhões. — Jude disse.

— E onde estão os outros dez?

— Eu não vou te devolver, roubado é roubado. — Jude era um idiota, não tinha medo de morrer mesmo.

— Sim, você vai... Morto ou vivo. Você que escolhe. — Gavi disse.

— Então prefiro morto. Não vou desonrar The
Madristas.

— The Madristas... Acho que era para vocês estarem matando, e não morrendo. — Gavi debochou. — Quais são suas últimas palavras?

— VAI PRA PORRA!

— Tá, justo. — Vi Gavi mover o dedo indicador para atirar, Jude é um pau no cu, mas eu não podia deixar isso acontecer, eu ainda tinha esperanças de ele voltar a ser como antes.

— PABLO, PARA, NÃO FAÇA ISSO! — Gritei desesperada ao sair do meu fiel esconderijo, todos me olhavam incrédulos, mas Gavi continuava com a arma na cabeça de Jude.

— LANA? — Os dois disseram em uníssono.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora