6

432 17 1
                                    

Lana Martínez:

As aulas haviam começado há mais ou menos dois meses e graças a Deus esse era o meu ultimo ano, bom, graças a Deus não, até porque eu gostava um pouco daquela escola. Havia tido bons momentos lá e sem contar que a vida seria bem mais complicada depois que tudo acabasse, então eu sentiria falta da Barcelona High School.

Enquanto eu assistia às aulas chatas do professor de geografia, algo ainda me atormentava: Minha terrível (ou maravilhosa?) noite com Gavi, confesso que já havia passado quase três meses e aquilo não saia da minha cabeça. Durante esse tempo, eu evitei tudo que me levasse até ele, principalmente aquela rua endemoniada quando eu tinha que ir na casa da Alice ou algo do tipo. Aquela rua era um ótimo atalho, me fazia chegar nos lugares bem mais rápido, pena que as coisas tiveram que ser assim. Que drama. As vezes via Gavi de longe e fazia o máximo para ele não me ver.

Certo, era exagero eu sei, mas acontece que ele era um cafajeste e mesmo eu sabendo disso, fui para a cama com ele, porque eu não tive a capacidade de resistir, ou inventar uma desculpa do tipo "estou menstruada" e também, por Bellingham. Eu havia feito tudo por Jude, o que fazia eu me sentir mais idiota ainda. Mas ao mesmo tempo, Gavi havia me dado sensações que até então eram desconhecidas minhas. Então, até agora eu não sabia dizer se aquela noite havia sido terrível ou maravilhosa, eu estava confusa e quanto mais eu pensava, mais eu piorava a situação.

— Então, senhorita Lana. Você não respondeu minha pergunta. — Ouvi o senhor Hernández dizer e tipo, que pergunta? Ah, eu nem sabia, porque tinha algo me atormentando. Então arrisquei. Foda-se.

— Ah... É dez. — Falei e pude ouvir risadas de toda a classe.

— Claro, poderia ser dez... — O professor disse. — Se eu tivesse te perguntado, algum tipo de conta e se isso fosse aula de matemática ou sei lá o que, que envolva números. — Ele suspirou, pois havia falado rápido demais, como sempre. — Geografia, senhorita Martínez, geografia.

— Ah, obrigada pelo "senhorita", me sinto super importante. — O professor me fuzilou com os olhos, mas continuou sua explicação.

Logo bateram na porta da sala, o senhor
Hernández murmurou algo do tipo: "Droga, adoram interromper minha aula" e foi abrir.

— Bom dia... — Era a diretora. Mal dia, isso sim. — Espero que todos estejam tendo uma boa aprendizagem. — Ela disse, sendo formal. — Mas vamos direto ao assunto, agora nós temos um "faz tudo" da escola, ele vai ajudar o professor Felipe de educação física, monitorar vocês no intervalo, e se vocês quiserem algum tipo de ajuda, podem falar com ele. Mas não abusem, claro, ele vai ficar conosco mais ou menos seis meses. — Coitado desse homem, deve ser um cara tão bom e vai ter que viver nesse inferno. Pensei comigo. A diretora deu uma olhada na porta e fez um sinal com a cabeça para que a pessoa entrasse. — Entre, por favor.

PUTA MERDA. Que droga é essa? Por um momento, eu não acreditava no que estava vendo, em um movimento rápido, coloquei meu capuz e fiquei de cabeça baixa na classe, se eu estava me escondendo? Não... Nunca. Mas foi algo inútil. Totalmente inútil.

— Senhorita Lana, você está bem? — Pude ouvir a voz do professor. Filho da mãe. E quando levantei a cabeça, todos olhavam para mim, inclusive... Gavi, que fez uma cara estranhando o fato do professor me chamar de Lana, pois para ele eu havia dito que meu nome era Bianca. Respirei fundo.

— Sim, só um pouco de dor de cabeça. Pode continuar. — Estremeci, quando meus olhos se encontravam com os de Gavi, ele estava parado ao lado da diretora de braços cruzados, usava
uma camisa simples, e uma calça jeans escura, o que era raro.

Seu cabelo estava num perfeito topete. Ele me olhou e deu um sorriso sacana discreto. Desviei o olhar, que diabos estava fazendo aqui? Pode ter certeza que o que menos ele precisa é da merreca que essa escola oferece, porque boatos dizem que ele vem de uma família madrilês que possui um poder aquisitivo, aí tem algum dedo podre... Pode ter certeza.

Pude ver as todas as garotas babando enquanto Gavi se apresentava. Inclusive ela, a rainha, da rainha da, rainha das putas, Gabriela. Eu odiava essa garota. Odiava.

— Então... — Ele tentou ser um pouco formal, mas aquilo não combinava com ele. — Eu vou estar aqui para o que vocês precisarem, qualquer coisa vocês já sabem, me procurem. — Gavi falava isso com um ar do tipo: "Pra tudo mesmo, inclusive sexo".

Enquanto ouvia Gavi falar, evitava totalmente contatos visuais, tentava me concentrar nos rabiscos que eu havia feito em meu caderno.
Aquilo estava estranho o suficiente.

— Para tudo o que a gente precisar mesmo, senhor Gavira? — Gabriela disse piscando os olhos e o olhando maliciosamente. Gavi retribuiu o olhar. Daqui uma semana as garotas daquela escola estariam em sua cama. Ah, e sem contar que senhor Gavira não combina nada com Gavi.

— Senhor Gavira? Hmm... gostei. — Ele disse. — E sim, para tudo que vocês precisarem mesmo. — Gavi sorriu e deu uma piscada, em seguida ajeitando algum fio rebelde de seu cabelo, o que fez as garotas babarem mais ainda.

— Ele é gostoso, pra caralho, ter uma noite com ele é tudo que eu mais quero agora. — Ouvi uma menina falando para outra atrás de mim.

Eu poderia simplesmente me aparecer e dizer: "Chupem, eu já tive esse privilégio" mas eu era humilde... E aquilo não era um privilégio. Mal elas sabiam que tipo de pessoa Gavi era.

— E você... — Gavi disse e apontou para ninguém mais, ninguém menos do que... "euzinha" — Tem alguma pergunta? — Ele deu um sorriso, pois ele estava fazendo isso por pura implicância, óbvio.

— Não. — Respondi severamente.

— Tem certeza? — Ele insistiu e pude ver diversão em seus olhos.

— Absoluta. — O encarei, confiante e levantei as sobrancelhas, ele ficou me olhando profundamente por alguns segundos, piscou e desviou o olhar. Estremeci, droga.

Gavi logo se retirou da sala com a diretora, que se duvidasse, até ela, ele lanhava. E possibilitou o professor de continuar a sua aula.

— Senhorita Martínez, você pode me fazer um favor? — O professor perguntou.

— Hm. — Respondi.

— Vá na secretária e me traga algo que preste, que não fique desgastando para que eu possa escrever na porcaria desse quadro. — Senti irritação em sua voz, quase ri.

— Tá bem. — Levantei-me e sai da sala, desci alguns degraus correndo, porque eu simplesmente adorava fazer isso, mas dessa vez não foi uma boa ideia, pois pisei em um degrau em falso e cai escada a baixo.

— Cacete! — Falei alto, não havia me machucado muito, só havia causado uma dor suportável em meu tornozelo.

— Você está bem? — Uma voz rouca disse entre risadas, enquanto eu tentava me levantar com certa dificuldade. — Você é uma burra mesmo. Como conseguiu cair desse jeito? — Gavira riu mais uma vez. — Eu queria que o corredor estivesse cheio, para ver todos rindo da sua cara.

— Idiota.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora