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Lana Martínez:

— Lana. — Meu pai entrou troteando em casa, olhei no relógio e vi que era cedo demais.

— Aconteceu algo? Você nunca chega à essa hora.

— Viagem de emergência. — Ele passou por mim deixando um vento e subiu correndo pelas escadas, juntei às sobrancelhas estranhando a cena, resolvi ir atrás.

Subi as escadas e fui direto para o quarto de meu pai e o avistei jogando algumas roupas em uma mala preta.

— Onde você vai? — Perguntei.

— Desculpa, Lanis. Mas é que eu vou ter que ir para a América do Sul, tenho um contrato incrível para a empresa por lá, mas eles querem que o dono vá, então estou correndo, pois a reunião é amanhã.

— Entendi. — Confesso que tinha descontentamento em minha voz. — Cecília vai junto?

— Não, ela não quer ir para nenhum lugar agora, prefere ficar de olho em seu filho inconsequente.

— Não fala ass... — Dei-me conta que eu estava prestes a defender Gavira. — Ah... E para qual país especificamente você vai? — Perguntei.

— Para o país de sua linda e falecida vó. — Ele deu um sorriso.

— Brasil?

— Sim, senhora. — Ele disse e eu sorri. — Preciso de um favor.

— Fala.

— Esqueci de mandar alguém ligar para Miguel preparar o avião, você consegue fazer isso para mim? — Ele perguntou e eu assenti, em seguida peguei seu celular e fui até sua agenda telefônica procurando o numero do tal de Miguel, liguei para o mesmo e minutos depois estava tudo pronto.

— Prontinho. — Falei. — Ele disse que vai te esperar no lugar de sempre e espero que você saiba onde é esse lugar de sempre, porque eu não sei. — Falei e meu pai riu.

— Óbvio que eu sei. — Ele disse com a mala já pronta. — Preciso ir. — Desci com ele e o levei até a porta, Cecília estava na frente de nossa casa o esperando, nós nos despedimos dele e em seguida ele entrou em um carro onde Miguel, seu sócio comandava o volante, dei um breve aceno para ele que jogou aquele papo de "nossa, eu vi você crescer, agora você já é quase uma mulher."

— Pai. — Gritei antes que o cara arrancasse o carro, ele me olhou e esperou que eu falasse. — Quando você volta?

— Se tudo der certo, depois de amanhã. — Ele sorriu. — Cecília vai tomar conta de você.

— Ah, por isso que eu não vi preocupação nenhuma em você ao me deixar sozinha. — Mostrei a língua para ele e Cecília riu.

— Eu amo vocês. — Ele piscou e então Miguel arrancou com o carro.

— Se você quiser, pode ficar lá em casa. — Cecília disse.

— Não quero incomodar. — Sorri. — Gosto do meu quarto lindo. — Ambas rimos.

— Eu estou impressionada, nunca imaginaria Gavi em algum tipo de compromisso. — Ela disse e eu fiquei envergonhada.

— Nem eu. — Em seguida meu celular tocou, mostrei rapidamente o visor para Cecília para que ela pudesse ver que era Gavi.

— Você pegou Luara na creche, né? Não esqueceu ela de novo lá igual aquela vez? — Atendi tiroteando.

— Oi para você também. — Gavi disse. — E sim, Luara está aqui, você não está ouvindo essa musiquinha ridícula? Então, aquele professorzinho boiola me obrigou à colocar isso para estimular a tal da criatividade dela, que porra mesmo, se eu tento tirar esse DVD chato com essas vaquinhas dançando, Luara abre o berreiro, eu vou matar aquele zé ruela. — Fiquei quieta por um minuto e logo caí na gargalhada, Cecília me olhava sem entender.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora