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Lana Martínez:

Em seguida, apareceu uma imagem minha no telão com minha mãe quando eu era pequena, eu olhava tudo aquilo sem saber que reação ter.

— Olha que linda, a pequena Lana com sua mamãezinha, que no caso, era uma vadia igual a filha. Bom, todos sabem, quem puxa aos seus não degenera... — O olhar de todos estavam sobre mim, que continuava sentada naquela cadeira com a raiva fermentando dentro de mim. Minha mãe podia ser qualquer coisa, menos vadia, ela sempre foi guerreira.

— Mas o que é... — Alice tentou se pronuncia levantando-se, mas fiz um gesto para que ela continuasse sentada.

— Ah, Laninha... — Gabriela provocou. — Então você quer mais? — Ela riu. — Vou dar isso à você, mas só porque você implorou. — Logo apareceu uma foto de meu pai no telão. Gavi não sabia se olhava para mim ou para o telão. — Todos sabem que esse é seu pai, Mateus Martínez, grande amigo do meu pai, porém os dois são bem diferentes, meu pai não é corno e nem namora uma vadia. — Eu só prestava atenção em tudo quieta, apenas analisando tudo, as vezes até um sorriso sarcástico surgia de meu rosto. — Será que se sua mãe estivesse viva seria diferente, Martínez? — Gabriela perguntou. — Ah, claro que não, sua mão era uma vadia também. — Ela riu, havia mais ou menos cem alunos dentro daquela auditório, todos olhavam o show de Gabriela, alguns até riam e debochavam de minha cara, mas a maioria sabia que ela estava extrapolando.

Sim, Gabriela sabia da minha vida, assim como eu sabia muito bem da sua, pelo simples fato de nossas famílias serem grandes amigas, quero dizer, depois da morte de minha mãe só restou a amizade de meu pai com seu pai que ultimamente não estava tão fortalecida, pois ambos trabalhavam muito.

— E claro. — Apareceu uma foto minha no telão.
— A mais importante. — Ela disse aplaudindo.
— Lana Vadia Martinez. Bom... São tantas coisas para falar dessa ridícula... que eu até me perco. Mas vamos começar por o quanto ela é "sem sal" — Alguns garotos vaiaram Anita. — Ela é ridícula, sem contar que ela anda com aquele garoto feio e aquela horrível da melhor amiga dela. — Alice apertou o braço da cadeira com raiva, Bernardo escorregou um pouco tentando esconder-se.

Gabriela estava fazendo a pior coisa de sua vida, ela podia falar o que quiser de mim, mas sem meter meus amigos e família no meio, meu nível de raiva já estava transbordando. As lágrimas escorriam em meu rosto, mas não era de tristeza, era de ódio, e mais ódio ainda por Gavi estar vendo tudo aquilo e não pará-la, aquilo acabava comigo, saber que ele não se importava.

— Vocês já viram mais puta que ela? Sem contar que ela quer todos os garotos que eu pego. — Gabriela fumava maconha estragada. — Acontece garota, que você não é nada, nada mesmo, não vejo diferença entre você e um pedaço de bosta, você não tem vida, você não tem uma boa família, você é RIDÍCULA, digna de pena apenas, você não merece nada do que tem. Ou melhor, você não tem nada. Tenta me superar, mas sabe que isso é impossível. — Quando ela terminou de falar, lembro-me de estar em cima daquele palco de frente para ela, nem eu havia percebido que tinha chegado ali.

— Repete, Gabriela. — Eu falava com a voz mansa. — Mas repete com carinho. — Falei.

— Você não tem nada, é uma ridícula. — Quando ela terminou de falar, minha mão já estava na sua cara.

— NUNCA MAIS OUSE FALAR MAL DA MINHA FAMÍLIA E DOS MEUS AMIGOS. — Soquei sua barriga, todos levantaram de seus lugares e vieram correndo para a nossa volta, muitos filmando.

Gabriela caiu no chão sem ar, e eu montei nela lhe dando tapas consecutivos, deixando até minha mão dolorida, mas o ódio que eu estava não fazia eu sentir nada, nada mesmo. Peguei seus cabelos com força e comecei a chacoalhar sua cabeça, a única coisa que Gabriela havia conseguido era me arranhar até o momento.

Logo senti pessoas tentando me tirar de cima dela, mas eu largava todo o meu peso dificultando isso.

Saí de cima da Gabriela, fingindo que aquilo havia acabado, fiquei de pé a encarando, Gavira via tudo de longe, ele teria problemas futuros por não ter separado aquilo, podia ver um sorriso malicioso formado em seus lábios. Desviei meus olhos dele e encarei Gabriela que estava em pé em minha frente toda descabelada e com cortes no rosto, eu ri a fitando, ela chorava, mas tinha uma expressão de raiva.

— Conta para eles, Lana... — Gabriela começou a dizer. — Que você já deu para Gavira... — Todos me olharam incrédulos. Ela me odeia porque sabe que ele é meu.

— Tá, parem com isso. — Gavira se meteu.
Quando ficava ruim para ele, aí sim ele resolvia fazer algo, impressionante.

— Podem me soltar. — Falei. — Não vou mais fazer nada. — Um garoto desconhecido me soltou, pena que eu havia mentido.

Peguei impulso e fui para cima de Gabriela novamente, aquilo estava sendo o troco por todas as humilhações que ela já havia feito eu passar. A segurei com força a deixando de costas para a descida do palco, não pensei duas vezes, a derrubei lá de cima.

— Meu braço. — Ela gemeu assim que foi de encontro ao chão. — Está doendo. — Um monte de garotos correu para a ajudá-la.

Fiquei parada a fitando, sem me reconhecer, sem reconhecer o que eu havia feito, minha respiração era ofegante e as lágrimas caiam descontroladamente. Acontece, que chega uma hora que nós não aguentamos mais, que nós temos que dar um fim no que nos incomoda, mesmo que isso seja horrível.

— O QUE ACONTECEU AQUI? — A professora de biologia entrou gritando. — MEU DEUS, GABRIELA. QUEM FEZ ISSO?

— Eu. — Falei séria e confiante, uma Lana que eu nunca havia conhecido. Olhei para o local onde Gavi estava e ele havia desaparecido. A professora me olhou incrédula. Gabriela estava atirada naquele chão igual à um omelete esparramado, seu rosto sangrava, seus perfeitos cabelos estavam enozados e segundo ela, seu braço estava doendo.

— CHAMEM O PESSOAL DA ENFERMARIA. — O professor de história gritou. — RÁPIDO.

— Lana, venha comigo. — A diretora disse severa e eu a segui até sua sala.

Chegando lá, sentei-me e já sabia o que viria pela frente.

— O que você fez foi muito grave, espero que tenha tido motivos. — Ela dizia.

— E eu tive, muitos. — Falei no mesmo tom rude que ela.

— Pode me dizer quais? Eu não sou sua inimiga.
Muito pelo ao contrário. — Ela disse cínica.

Falei para ela da humilhação que Gabriela fez eu passar e também de algumas coisas do ensino fundamental, como quando um dia na sétima serie, eu estava na mesa do refeitório e ela passou derramando seu suco com tudo em minha cabeça, ou quando ela colocou ou pé para eu cair na frente dos garotos do time, ou quando ela roubou minhas roupas do vestiário, me deixando totalmente nua e sem saber o que fazer.

Falei para a diretora que uma hora, a gente cansa, ela apenas assentia.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora