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Lana Martínez:

Dois meses haviam se passado e eu não havia nem mais ouvido falar no nome de Gavira, quero dizer, Ansu as vezes me ligava e nós acabávamos tocando no assunto, ele sempre me dizia como estavam as coisas, que Cecília estava ajudando com Luara, e também falou-me da nova babá, que só ia lá quando Cecília tinha algum compromisso, Ansu também disse que ela era gostosona, piorando ainda mais meu estado e me deixando mordida por causa de Gavira, um dia fui obrigada a perguntar sobre ele, foi mais forte do que eu, por mais que eu estivesse decidida à esquecê-lo, perguntei como ele estava, se ele estava bem ou algo do tipo, Ansu apenas disse que ele andava estranho, se trancava na porra do quarto por horas e ficava lá se drogando, disse até que a causadora disso era eu, porque na verdade Gavi estava sofrendo calado porque me amava, fui obrigada á rir, achei aquilo uma piada, mas fiquei triste, eu odiava saber que ele se trancava horas em um quarto para estragar sua vida.

Ansu também disse que ele andava agressivo demais, não parava em casa e estava sempre com uma vadia diferente, claro que ele só me disse isso porque eu o obriguei à dizer, eu disse para ele que era só o novo Gavi voltando á tona, ele riu e disse que preferia o Gavi de quando eu era "posse" dele e que ele faz isso apenas para me esquecer. Ele simplesmente disse que acabou, como se aquilo não me doesse mais.

Era meio triste ver casais felizes, no caso, Alice e Pedri, Cecília e meu pai, que estavam quase namorando, ainda estavam se enrolando, meu pai disse que quando se é adulto, dois meses é muito pouco para começar à namorar alguém, eu apenas revirei os olhos. Eu estava feliz por eles, juro que eu estava, mas me dava uma tristeza, porque eu gostava de alguém que nunca fora capaz de gostar de mim.

O substituto de Gavira, Endrick, já havia me chamado para sair duas vezes, porém eu sempre recusava, juro que ele não me atraía, apesar de ser muito bonito. Alice começou a implicar dizendo que era porque eu não gostava dos bonzinhos, queria sempre o bad boy, só lembro de seu braço ter ficado vermelho depois do tapa que lhe dei.

Cecília também me deu a novidade de que
Luara começara á caminhar, disse que ela estava sempre caindo e quebrando as coisas de Gavi deixando ele puto da vida, também disse que chegava à ser engraçado, ela não conseguiu me contar muita coisa, pois lembro-me que meu pai logo chegou na sala e nós cessamos o assunto.

Bom, na verdade ele sabia que ela tinha uma neta e também já sabia de Gavi, ele só não sabia os detalhes mais profundos, aqueles que fariam eu ir para Marbella.

Tá, a quem eu estou enganando? Minha vida estava uma merda. Pedri já havia até falado com a mãe de Alice e os dois estavam em um romantismo sem fim, meu pai e Cecília não se largavam, e adivinha quem sobrava? Eu.

Nesses dois meses eu não deixei de lembrar de Gavira por nenhum segundo da minha vida, ele era dono de meus pensamentos, até quando eu dormia a praga dava um jeito de aparecer em meus sonhos dizendo que me amava, sim, era clichê. Porém era o que eu mais queria, ele dizendo que me amava.

— Lana? - Meu pai bateu na porta.

— Entra. — Falei enquanto eu lia um livro sobre uma garota que se apaixonou por um filho da puta, não que isso tivesse a ver comigo claro.
Fechei o livro.

— Cecília nos convidou para jantar hoje. O que você acha? — Ele sorriu.

— Acho que eu quero dormir. — Falei e ele se aproximou, sentando-se em minha cama.

— Aconteceu algo, Lanis? Ultimamente você anda tão... Desanimada. Logo você que não cala a boca nunca e está sempre pipocando, me deixando com uma dor de cabeça horrível.

— Obrigada, pai. — Falei irônica.

— Mas juro que eu prefiro a Lana chata. — Ele disse e eu ri pelo nariz. — Agora me diga, o que aconteceu? — Ele exigiu.

— Nada demais. — Falei. — É só que, Alice está namorando e eu não tenho nada para fazer.

— Bom, se você quiser eu deixo você namorar antes de se formar.

— Sério?

— Claro que não. — Ele riu.

— Sem graça. — Ri também.

— Mas é sério, se você encontrar uma pessoa legal, companheira, eu até posso pensar em apoiar isso. — Acontece que eu amava uma pessoa que não era nada disso.

— Não, obrigada, pai. Sem namoros por enquanto.

— Já que você prefere assim, juro que eu não vou interferir. — Ele disse. — Mas enfim, não gosto de te ver triste desse jeito, você volta da escola e só fica socada nesse quarto, não sai nem para comer. — Uma vontade horrível de chorar me consumiu, porém se eu chorasse seriam perguntas e mais perguntas.

— Você quem quis assim pai... Mas  não aconteceu nada, eu juro. — Falei fitando o livro.

— Então se arrume e daqui á pouco nós vamos jantar lá na Cecília, ou melhor, ali na Cecília né...
— Ele disse e saiu do quarto.

Arrastei até meu guarda roupa e vi uma roupa qualquer, eu não estava com paciência para escolher looks dos mais modernos, ainda mais que Cecília morava logo ali na frente. Fui para o banho, o qual eu demorei uns vinte minutos e em seguida eu estava pronta, apenas fiz um coque frouxo e desci para sala para esperar meu pai.

— A NOIVA JÁ ESTÁ PRONTA? — Gritei, pois ele estava demorando muito para se arrumar.

— Olha o respeito com o seu pai. — Ele disse descendo as escadas.

— Cecília é uma mulher de sorte. — Falei ao ver meu pai descer todo arrumado.

— É, eu sei. — Ele sorriu se gabando. — Vamos?

— Vamos. — Levantei-me do sofá e nós saímos de casa, atravessamos a rua e lá estávamos.

Meu pai tocou a campainha e a porta logo foi aberta por Lara, a nova empregada de Cecília, pois ela não sabia cozinhar.

— Oi, Lara. Tudo bem? — Falei lhe lascando um beijo na bochecha, ela ficou meio sem graça.

— Desculpe por Lana, ela é assim mesmo, você sabe. — Meu pai falou para Lara.

— Venham por aqui, Cecília está na sala de jantar. — Ouvi um gritinho de uma criança e sorri, Luara estava aqui e eu estava morrendo de saudades da pequena, saí correndo na frente de Lara, seguindo aqueles murmúrios de bebê, entrei rapidamente na sala de jantar sorrindo igual á uma louca, avistei Luara fazendo o sofá de apoio para que ela pudesse caminhar e meu sorriso cessou assim que avistei quem estava sentado no tal sofa.

— Gavira? — Não conseguia me mover.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora