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Lana Martínez:

Cheguei em casa e tive uma grande surpresa ao ver meu pai sentado na poltrona me esperando, ele abriu um sorriso assim que me viu entrar.
Joguei minha bolsa no chão e fui correndo para seu colo.

— Pai! — Falei quase aos prantos. — Senti sua falta. — Engoli o choro.

— Também senti sua falta minha filha. — Ele disse me dando um beijo na testa. — Muito, muito.

— Vai dormir em casa hoje? — Perguntei esperançosa.

— Bom, se o dever não me chamar, eu vou sim. — Ele disse eu pude ver certo cansaço físico em seus olhos.

— Então tomara que o dever não te chame, pois o senhor está podre.

— O que? Estou cheirando mal? — Ele disse se cheirando e eu ri.

— Não, podre no sentido de cansado, senhor Martínez. — Falei, ainda rindo.

— Ah, eu esqueço que a minha filha é uma adolescente. — Rimos.

— Já sei! — Falei saindo de seu aconchegante colo. — Vou fazer aquela pizza que o senhor tanto adora, receita da mamãe. — Falei e ele assentiu.

— Por isso que é ótimo estar em casa. — Meu cansado pai disse sorridente, ele realmente fazia falta.

— E depois o senhor vai descansar.

— Repito: Por isso que é bom estar em casa. — Rimos e eu lavei minhas mãos e fui para começar a preparar a tal pizza, ela tinha um molho especial que só minha mãe (e eu, pois eu procurei aprender) sabia fazer. Claro que eu não fazia tão bem quanto ela, mas enfim... Depois de algum tempinho a pizza ficou pronta, levei até a mesa e eu e meu pai sentamos pra comer.

— Lanis? — Meu pai me chamou.

— Sim? — Disse, levando o garfo para a boca.

— Onde está a Ana? Liguei para ela hoje e ela disse que estava em casa.

— Não sei... — Disse com boca cheia e meu pai me repreendeu com o olhar. A verdade era que Ana não voltou para casa desde o dia anterior quando ela saiu.

— Ela não está cuidando de você? — Ele perguntou semicerrando os olhos. — Ela me disse que esses dias vocês até saíram para almoçar juntas. — Não me contive e dei uma gargalhada.

— Sério que ela disse isso? Pensei que o senhor fosse mais inteligente, pai.

— Olha o respeito, Lana.

— Tá, desculpa. Mas pensa bem, ela vive me difamando para você e eu vivo difamando ela.
Nós somos praticamente cão e gato, então do nada nós íamos estar almoçando juntas? Ah, e sem contar, que no horário do almoço eu estou na escola lembra? Eu almoço lá. E nós fins de semana ela não fica em casa. — Abri o jogo. Os olhos de meu pai se perderam, fazendo eu me arrepender de ter dito aquilo. — Desculpa, eu não queria...

— Não, tudo bem... — Ele disse. Comemos em silêncio por algum tempo até que eu tive coragem de falar algo novamente.

— Aquela mulher não te merece, pai. Ela é uma interesseira, só quer seu dinheiro. Sem contar que ela é totalmente vulgar, não combina nada com você. Será que ela é uma prostituta? Tenho minhas dúvidas.

— Lana, controle mais sua língua. — Ele disse. — E Ana tem seus defeitos, mas ela não é interesseira, eu a conheço.

— Não, você acha que a conhece. Abra os olhos pai. Por favor, é só isso que eu te peço. — Implorei e nosso assunto acabou ali.

Pedi para que meu pai deitasse para descansar um pouco, porém ele acabou hibernando.

Aproveitei a situação para dar uma caminhada, eu odiava caminhar, porém estava precisando espairecer, então foi o que eu fiz. Saí de casa praticamente sem direção alguma, passei reto pela rua seis, onde vi Ansu, Pedri, Ferran e mais outros garotos escorados em uma grade rindo e sacaneando uns aos outros, por sorte eles não me viram.

Continuei andando, andando e andando e quando percebi eu estava no bairro vizinho, andei mais um pouco e avistei o que eu queria:

Um banco para sentar. Ficava numa praça que estava um pouco deserta, exceto por alguns garotos que estavam em uma acha que havia lá.

Porém estava um pouco longe. Sentei ali e me perdi nos meus próprios pensamentos.

— Você por aqui? — Ouvi alguém perguntar atrás de mim.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora