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Lana Martínez:

Entrei em seu quarto e logo fui para a sua enorme cama, que estava bagunçada e exala mais ainda seu maravilhoso perfume.

Enterrei meus pés de baixo da coberta de modo que só cobrisse até metade de minhas coxas. Caí no choro novamente, como uma criança que perdeu seus pais no supermercado.

Vi Gavi ficar sem reação, ele caminhava para lá e para cá passando as mãos no cabelo sem saber o que fazer. Mas eu o entendia, não era sempre que tinha uma adolescente "problemática" chorando em sua cama, isso não combinava nem um pouco com seu perfil de mafioso.

— Calma, porra. — Gavi parou e gritou. — Para de chorar, você está me deixando irritado.

— Desculpa. — Dei um sorriso leve, enxugando as lágrimas. — Você não está acostumado com isso.

— É, se as garotas choram em minha cama, é de prazer. — Ele disse, indiferente.

— Para, Gavira. — Falei brava. — Odeio quando você diz essas coisas.

— Ciúmes? — Ele disse com um sorriso torto.

— Não, mas é horrível se sentir mais uma. Eu não deveria ter vindo para cá, vou embora. — Disse me levantando.

— Ah, vai? E para onde? Até onde eu sei você está fugindo de seu pai. — Ele disse.

— Vou ligar para o Bernardo. — Disse simples.

— O seu "amigo"? Vocês tem algo? — Ele perguntou desconfiado.

— Não, e nem pense em fazer nada com ele, se não...

— Se não o que? — Ele disse me encarando.

— Eu mato você. — Ele gargalhou.

— Só se for de prazer, Laninha. — Ele disse mordendo os lábios e me puxando pela cintura.

— Para, Gavi. — Falei com a voz irritante de tão chorosa que eu estava. — Eu não estou com a cabeça para isso.

— Mas eu estou. — Ele disse.

— Da para você ser legal comigo pelo menos uma vez?

— Eu sempre sou legal com você, deixo você transar comigo.

— Eu desisto. — Falei cansada, me jogando na cama. Um silêncio pairou entre nós.

— Tá, porra. Fala o que aconteceu. — Ele disse vencendo o silêncio e sentando ao meu lado.

— Meu nome não é porra, é Lana. — Falei em um tom sensível. — Não gosto quando você fala assim comigo, parece que quer me matar. — Nem eu estava me reconhecendo desse modo.

— Mas eu quero, pra ver se eu me livro dessa sua chatice. — Ele disse deitando de um lado da cama, colocando as mãos em baixo da cabeça e olhando para o teto.

— Nossa, eu sou tão chata assim? — Me fiz de boba.

— Sim, pensa em uma pessoa chata pra caralho e depois multiplica. — Ele disse simples. — Mas agora me diz o que aconteceu.

— Você não se importa. — Dramatizei ficando de bruços ao seu lado, apoiando minha cabeça em minhas mãos e levantando as pernas involuntariamente.

— Tem razão. — Ele disse seco e fechou os olhos.

— Acorda seu idiota, vou te contar. — Falei dando um tapa em seu abdômen, fazendo ele abrir os olhos rapidamente e virar para o lado a fim de me olhar, confesso que fiquei meio tímida ao me encontrar com aquele par de olhos castanhos.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora