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Lana Martínez:

Peguei uma mala, porque dessa vez a coisa era séria, coloquei o máximo de coisas possíveis, roupas, sapatos, acessórios, alguns dinheiros guardados de minha mesada, tudo o que eu consegui eu enfiei naquela mala, fazendo-a ficar um pouco pesada, deixei naquele quarto só o que era menos importante, na verdade, tudo ali era importante para mim.

Aquele quarto era uma parte minha, meu lugar favorito, meu refúgio, mas sei que se eu ficasse naquela casa eu teria um destino horrível: minha avó em Marbella. Ela era legal e tal, mas já deveria ter uns cem anos, ou duzentos, não lembro. E eu tenho uma vida aqui e quero estudar na minha faculdade dos sonhos.

Joguei minha mala pesada pela janela, e ela caiu no jardim fazendo um barulho nada favorecedor, fiz um esforço para pular me agarrando na grade, fui de encontro ao gramado o que me doeu, dei um gemido de dor e levantei-me rapidamente, pegando minha mala com certo esforço. Eu não queria pegar meu carro, além de ter esquecido as chaves na sala, eu também não queria nada que tivesse de meu pai, além do dinheiro de minha mesada e... minhas roupas.

Sai pelo portão de casa tentando fazer o mínimo barulho possível, andei um pouco até me afastar da frente de minha casa, eu não conseguia conter as lágrimas.

— Alô, Pablo. — Falei, com a voz trêmula. — Me ajuda.

— Lana, o que aconteceu? — Ele disse com certa preocupação. — Onde você está? Quem sequestrou você?

— Ninguém, Gavira. Vem me buscar por favor.
Vou te esperar em frente a terceira casa depois da minha. — Falei caindo em lágrimas.

— Estou indo. — Ele disse com aquela rouquidão enlouquecedora em sua voz e desligou.

Pablo Gavira:

— Vai se, foder Ansu. Tá na mão que o Brasil vai ganhar. — Eu dizia para o idiota do Ansu enquanto estávamos assistindo ao jogo: Brasil X Argentina.

— Também aposto no Brasil. — Pedri disse enfiando uma mão cheia de bolinhas de queijo em sua boca.

— Tá louco, vocês são uns cuzões. — Ansu disse e eu peguei minha arma fingindo que ia atirar.

— Fala quem é cuzão, Ansu? — Pedri riu.

— Ferran, claro. — Ansu cagão.

— Ah, para. Vão assistir um jogo de futebol que vocês ganham mais. — Ferran disse emburrado.

— Se conforme, Ferran. Não estamos mais em Madrid. — Disse dando um gole em meu Redbull.

E então, me vi pensando em Lana novamente, não que isso acontecesse frequentemente, mas isso acontecia frequentemente. Eu já estava me estressando, não gosto de ficar com uma garota em minha mente, isso é problemas na certa, principalmente a Lana Martínez, que garota mais insuportável, eu não sei porque insistia em ter posse sobre ela. Aquela puta era chata pra caralho, sem condições.

Eu tinha que parar com essas viadagens, tenho diversas garotas aos meus pés e fico em volta de Lana, aquilo não combinava comigo, não combinava, eu sempre procurava ir para as minhas boates para me divertir, ficar bêbado e chapado, comer cinco minas de uma vez, mas logo Lana apareceu, tirando toda essa minha vontade.

Tinha noites que eu me pegava só pensando em seu corpo, em seu cheiro, em seu jeito menina e ao mesmo tempo mulher, juro que eu tentava pensar em outras coisas, tipo: eu em um cabaré comendo várias, sei lá. Só sei que ela voltava automaticamente em meus pensamentos e mais uma vez me via pensando nela, já teve casos que por ela não estar comigo, eu mesmo tinha que me aliviar.

Graças a Deus, meu celular tocou, me tirando desses pensamentos absurdos para um cara como eu, alguém que não se envolve, que não quer compromisso e só fodas.

Droga, não adiantou nada, era ela, e ela estava chorando, confesso que fiquei meio intrigado.
Caralho, por que eu me preocupava? Logo eu, Pablo Gavira, coração de pedra.

— Já estou indo. — Desliguei e peguei as chaves do carro, não dei nenhuma satisfação para os garotos e sai rapidamente.

Fui até o primeiro carro que vi e logo cantei pneu, eu dirigia como se estivesse em uma fuga, porra, o que será que havia acontecido? Se fosse mais uma das merdinhas dela, eu juro que não me importaria em mata-la. "Três casas depois" repeti comigo lembrando-me de onde ela estava, logo a avistei sentada no meio fio com os braços em volta dos joelhos.

Lana Martínez:

Finalmente havia chegado, eu estava congelando e com medo de ficar ali sozinha.
Levei as mãos ao rosto me protegendo do farol de seu carro que quase me cegava. Ele estacionou e desceu.

— Você tem merda na cabeça de ficar aí sozinha?— Esse idiota me xingava por tudo, mas dessa vez não liguei muito, apenas me levantei com sua ajuda e o abracei forte, com toda a força do mundo, pressionando meu rosto em seu pescoço sentindo todo seu perfume, o abracei como se logo ele, Pablo Gavira, fosse curar toda a minha dor.

— O que aconteceu? — Ele perguntou com a voz mansa, sem entender absolutamente nada, o beijei, eu precisava daquilo, eu precisava dele.

Ele correspondeu meu beijo, me pressionando mais contra ele, eu o apertava fortemente, pois eu estava com sede de seus lábios, era o que eu mais precisava no momento, para me acalmar.

Parei o beijo e o olhei profundamente, e ele continuava sem entender.

— Lana? — Ouvi o grito de meu pai, ele estava me procurando.

— Vamos, Gavi. Por favor, me leve com você, eu durmo até no banheiro, no corredor do seu prédio, mas me tire daqui por favor. — Eu implorei desesperada e ele apenas assentiu com a cabeça, pegando minha mala rapidamente e colocando em seu carro. Fomos no carro o tempo todo em silêncio.

— O que ela está fazendo aqui? — Pedri perguntou quando me viu entrar agarrada em um dos braços de Gavi.

— Dá um tempo, Pedri. Vem, Lana. — Gavi disse me puxando até o quarto. — Onde estão os garotos? — Ele perguntou antes para Pedri.

— Eles foram fazer a tal reunião que você mandou sobre os carregamentos que vão chegar semana que vem lembra? — Pedri falou para Gavi, mas continuava com cara de cu me olhando.

— Mas essa porra de reunião era pra ter saído mais cedo. — Gavi disse estressado (e a culpa era minha, eu acho), mas em nenhum momento soltei seu braço.

— Ah, cara, não enche. Você nem deu horário específico, vai comer a gatinha, vai. — Pedro nunca perdia a chance de me provocar.

— Pelo menos eu posso, já você, fica na vontade. — Gavi disse e riu.

— E você acha mesmo que eu queria pegar essa garota? Não boto olho em bife dos outros, eu me garanto.

— Péssimo momento pra vocês fazerem eu me sentir um pedaço de carne. — Falei com a voz rouca.

— Vem, você vai me contar o que aconteceu. — Gavi disse autoritário.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora