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Lana Martínez:

— Vim devolver suas roupas. Não era isso que você queria? — Ele disse e eu logo avistei minha mala em cima de minha cama ao lado dele. Estranhei seu at0, por que ele devolveria numa boa?

— Como você entrou com essa mala aqui? A sacada está fechada e eu tranquei a porta de casa.

— Não trancou direito, nada que um grampo não resolvesse. — Ele deu um sorriso que quase fez eu sair correndo e agarra-lo.

— Tá, muito obrigada. Você já pode ir. — Eu disse e ele levantou da cama vindo em minha direção.

— Você acha que será simples assim? — Ele perguntou e riu.

— Não sei do que você está falando. — Me afastei de Gavi, logo pegando um hidratante corporal e sentando em minha cama, o passando em minhas pernas. O olhar de Pablo se perdeu.

— Não se faça, Lana. Você sabe muito bem. — Ele disse pegando meu notebook que se encontrava em cima de minha escrivaninha, logo veio com ele e sentou-se na cama também.

— Lembra disso? — Ele mostrou-me um mini disco, em seguida lembrei-me do que se tratava.

— Gavira... — Tentei falar algo. Ele colocou o disco no notebook, logo em seguida eu via nós dois transando naquela sala.

— Bela rapidinha, não? — Gavi disse com um sorriso malicioso.

— Tira isso. — Gritei, confesso que ao ver aquilo ainda mais com Pablo em minha frente, me surgiu certos desejos. Até que eu realmente me dei conta de onde ele queria chegar. — Você não...

— Você vai continuar pagando uma de espertinha... — Ele me interrompeu. — Ou eu vou ter que mandar uma cópia disso para o seu pai? — Porra, merda, caralho, droga.

— Por que você está fazendo isso? Não pode apenas me deixar em paz? Você tem Gabriela de quatro para você, vá atrás dela, me esqueça. — Falei, eu não aguentava mais tudo aquilo. — Eu preciso resolver minha vida, Gavira. Preciso voltar a ser a tão amada filha de meu pai, e deduzi que só vou conseguir isso com você longe de mim, bem longe. Você é problema na certa. — Falei.

— Eu não te perguntei nada, Lana. Não quero saber de seus problemas. Eu não vou deixar você ir tão fácil assim, você é minha.

— Você está me chantageando. Me deixe em paz, Gavi. Por favor, eu não sou nada para você, lembra? — Tentei convence-lo.

— Como eu queria, Lana... Como eu queria... — Gavi disse molhando involuntariamente seus lábios como se fosse falar algo que o comprometesse.

— Queria o que? — Perguntei sem entender.

— Que... Que você não significasse nada para mim. — Ele disse por fim e eu não acreditava no que acabara de ouvir, eu significava algo para ele, era isso mesmo?

— O que? — Perguntei sem entender.

— Isso mesmo que você ouviu, eu não vou repetir. — Ele disse voltando à ser um bad-boy. E eu idiota, não conseguia falar nada.

— Eu...

— Não sabe o que falar? — Ele riu debochado.

— Não.

— Então me beije. — Ele disse se aproximando de mim, logo beijando meu pescoço.

— S-sai. — Tentei resistir.

— Sai? Pensei que você ia se amolecer pelo menos um pouco depois de eu ter dito aquilo. — Ele me olhou confuso.

— Não é bem assim. — E não era mesmo.

— Quer saber, Lana? Já dei o meu recado. Você que decide. — Ele disse retirando o disco do notebook. — Eu sei que você irá fazer a escolha certa. Ou seja, irá voltar para mim. — Ele disse e logo foi para a sacada desaparecendo. Toquei uma almofada em sua direção.

As coisas só pioravam, era impressionante isso, quando é que eu teria paz? Só queria ser uma adolescente normal de dezessete anos e não ter um idiota querendo à todo o custo ter posse sobre mim, eu estava cansada de ser uma marionete, mas imagina se Gavi entrega uma cópia daquele disco à meu pai, ele me expulsaria de casa.

Eu não queria mais brigas com meu pai, agora que eu estava o conquistando novamente aos poucos, eu não queria mais lhe causar sofrimentos, era um momento difícil para ele, pois ele gostava de Ana e descobrira que ela era uma vagabunda, todas as noites eu ouvia seu choro e isso me corroía por dentro, ouvia ele chamar pelo nome e minha mãe e acabava ainda mais comigo e então, éramos nós dois chorando.

Meu pai merecia uma mulher que lhe entendesse e lhe valorizasse, sem se importar apenas com o seu dinheiro, sem apenas querer usufruir dele, ele merecia casar com uma rainha.

Mas voltando à mim, ao meu caso, eu estava sem saída, eu teria que pisar no meu orgulho e voltar a ser uma marionete, voltar à ser apenas usada, mas pelo menos ele disse que eu significava algo, eu não sabia quanto era esse algo, talvez fosse pouca coisa, mas confesso que aquilo me abriu um pingo de esperanças.

Eu voltaria para ele, mas não de boa vontade e também, eu não iria ser nem um pouco boba.
E aquele disco seria destruído.

E então eu estaria livre. Livre para seguir minha vida.

Tirei aquele roupão e coloquei um pijama qualquer, desci para a sala e sentei-me no sofá com esperanças que meu pai chegasse cedo.

Ouvi o barulho da porta. Ele chegou.

— Oi, pai. — Sorri e ele veio até mim, beijando minha testa.

— Tudo bem, minha filha? — Ele perguntou me devolvendo o sorriso.

— Melhor agora. — Falei.

— Você viu que vai se mudar gente nova para a casa da frente? — Ele perguntou.

— Vi uma movimentação hoje de manhã. Já sabe quem é? — Perguntei fazendo pouco caso.

— Não, mas assim que o proprietário se mudar concretamente, nós faremos algo que sua mãe nos ensinou. — Ele disse. — Sempre receber bem os novos vizinhos. — Nós dois dissemos em uníssono e caímos na risada.

— Pai, quando você vai devolver meu celular? É torturante ficar sem ele. Como eu vou colocar o papo em dia com Alice? — Fiz beicinho.

— Na escola. — Ele disse simples.

— Ah, pai. Eu não posso falar sobre gatinhos na escola.

— Gatinhos? Espero que você esteja falando de animais. — Ele disse sério e eu ri.

— Ah, paizinho... — Fiz uma voz tão irritante quanto a de Gabriela.

— Vou pensar no seu caso... — Ele disse. — Agora vou tomar um banho, porque seu pai lindo está precisando.

— Ui, pai lindo. — Falei e ele riu subindo as escadas. Eu amava fazê-lo rir.

Fui até o jardim de minha casa, logo observando a nova casa que seria ocupada, estava tudo escuro. Voltei para dentro.

Subi para o meu quarto e fechei a porta, confesso que os meus momentos mais incríveis era quando eu estava sozinha nele.

Avistei minha mala de roupas em cima de minha cama e deduzi que eu tinha que desfazê-la, porém a preguiça me dominava.

Vamos lá, Lana. Você consegue. Fui até a mala e a abri, comecei a tirar as roupas e colocar em cima da cama, até que percebi que tinha algo errado. Muito errado.

Porra do caralho. O filha da puta de Gavira havia rasgado todas as minhas roupas.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora