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Lana Martínez:

— Gavi? — O chamei enquanto ele dirigia.

— Que? — Ele respondeu sem tirar os olhos da direção.

— Por que você escolheu ser um gangster? —
Perguntei e ele me olhou.

— Te interessa? — Ele foi curto e grosso.

— Se eu estou perguntando, é porque sim. — Disse no mesmo tom que ele.

— Porque a vida quis assim. — Ele deu essa resposta clichê.

— Gavi, por favor. Só estou tentando conversar com você normalmente. Parece impossível. —
Falei ficando de cara fechada. — Depois vem com esse papo que quer que eu seja sua.

— Não começa, Lana. Você sempre tem que tornar as coisas algo estrondoso, impressionante.

— Então responda a minha pergunta, converse comigo como gente. — Exigi.

— Sabe quando você acha que simplesmente nasce para ter tal vida? — Ele começou a dizer depois de um longo suspiro de rendimento. — Então... Foi o que aconteceu, eu escolhi essa vida e ela me escolheu, simples assim.

- Você não tem medo de algo dar errado? — Perguntei.

— Não, porque eu já entrei nesse ramo com consciência de que era perigoso, eu já entrei com consciências das consequências. Muitos dizem que nós gangster somos de vidas fáceis, o que é mentira, pois corremos riscos intensos, e essa é a parte mais foda. — Ele me olhou e seus lábios abriram um leve sorriso.

— Vocês são assaltantes, certo? — Perguntei sendo super direta e Gavi riu.

— Bom, somos o que é necessário para sobreviver, nós podemos ser tudo. Somos fora da lei.

— Você me da medo.

— É assim que tem que ser. — Ele deu de ombros.

— Nunca tiveram problemas com a polícia? Tipo, os caras nem sonham quem vocês são, isso é impossível.

— Para nós, isso é bem possível. Aqui não existe amadores, Lana. O profissionalismo é um dos nossos maiores lemas.

— Não acho isso necessário...

— Como assim?

— Vocês fazem tudo por dinheiro, certo?

— Também.

— Mas vocês são de famílias de Madrid extremamente ricas.

— E daí? Fazemos isso por diversão também, gostamos de adrenalina, de correr perigo, de ver nossos inimigos sofrendo, é um outro mundo, Lana. Simples assim. E outra, você acha certo ficar dependendo da família pelo resto da vida?

— No seu caso, sim. Pois é algo mais digno do que ser um gangster. — Disse indiferente.

— Nós não conhecemos a dignidade.

— Pra você ver até onde minha vida me levou né.
— Ironizei e Gavi riu.

— Não posso fazer nada se tudo conspira ao meu favor. Até sua vida quer que você seja minha. —
Ele riu.

— Pois é, até minha vida conspira contra ao meu favor.

— Tudo isso por que eu te tenho e você não me tem? — Ele perguntou arqueando as sobrancelhas, para ele era algo normal banalizar a situação. Fui obriga a ignorar, confesso que aquilo até foi capaz de me machucar um pouco.

Ficamos quietos por algum tempo.

— Por que saíram de Madrid? — Eu nunca consigo ficar em silêncio por muito tempo.

— Porra, pra que essa porra de interrogatório?

— Nada, só quero conhecer mais o meu "dono". — Acrescentei uma doze alta de ironia em minha fala.

— Você tem que parar de me ver assim. Possessivo.

— Mas você é.

— Tem razão. — Ele riu e deu de ombros.

— Responde minha pergunta. — Exigi.

— Porra, não da pra ficar de bom humor por muito tempo com você por perto, né? Caralho. — Ele disse me xingando, mas logo se rendeu. • Porque nós queríamos algo grande, e nossa cidade era muito pequena.

— Hmm... Quantos membros tem a sua gangue?

— Perdi as contas, mas o bastante para meter o terror em Barcelona inteira e olha que é a segunda cidade mais populosa da Espanha.

— Todos espanhóis?

— Óbvio que não. Nós nomeamos The
Barcelonas pensando nos principais membros, eu e os garotos, no caso.

— Que estranho. — Falei e pude ver que eu já estava o irritando.

— O que?

— A maioria das pessoas que fazem parte dos
Barcelonas são americanos.

— Foda-se.

Chegamos no mercado e eu comprei as básicas para fazer um bom almoço e mais algumas coisas que toda a casa precisa ter.

— Vamos de uma vez, odeio supermercados. — Gavi dizia impaciente me seguindo em todos os corredores que eu ia.

— Pronto. — Falei com o carrinho cheio. — Hora de pagar, Sr. Rico. — Falei e Gavi riu.

Voltamos para o apartamento e eu fiz o tal almoço, matando a fome dos garotos, eles acabaram com tudo, tudo mesmo.

— Isso estava muito bom. — Ansu disse se deliciando.

— Não foi você que fez. — Pedri falou.

— Realmente, você caprichou. — Gavi disse e riu, me dando um selinho, o que me fez ficar surpresa.

— Isso estava perfeito. — Ferran disse exagerado como sempre e todos rimos.

— Obrigada. — Agradeci, claro.

— E então, Pablo. Vamos ou não na boate hoje? — Ansu perguntou dando goles em seu refrigerante.

Gavi me olhou pensando em uma resposta, pensei que ele fosse dizer "não, não posso deixar a Marínez linda sozinha, vão vocês." Mas ele disse:

— Óbvio.

— Ah, que legal, você vai me deixar sozinha? —
Falei ficando brava.

— Larga de drama, garota.

— Então, eu vou junto. — Disse simples.

— Você está louca? Desde quando boate é lugar de pirralha?

— Incrível como em certos momentos pra você eu não sou pirralha. — Falei e os garotos riram.

— Foda-se, mas lá você não entra. — Ele disse levantando-se da mesa e indo até o quarto, fui atrás dele. Ele empurrou a porta para fecha-la com força e quase bateu em minha cara, mas eu consegui entrar antes.

— Seu idiota, tudo você fica nervosinho. — Gritei.

— Cala a boca, Lana. — Ele disse grosso, tirando a camisa e indo para o banheiro, fui atrás também.

— Deixa eu ir. — Implorei. — Prometo que eu fico o tempo todo com você, de baixo de sua vista, se você quiser

— É, mas eu não quero, não quero ninguém no meu pé, principalmente mulher, quero curtir, foder umas gatas, beber... — Aquilo doeu em mim, mais uma vez ele demonstrou que eu não significava nada. Engoli a droga do choro.

— Tá. — Foi só o que eu consegui dizer, pois se eu falasse mais eu começaria a chorar, e eu não iria deixá-lo me ver em lágrimas por causa dele, isso só fortaleceria seu ego. Saí do quarto rapidamente e entrei no banheiro que havia no corredor, de frente para o quarto de Ferran...

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora