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Lana Martínez:

"Querido, Pablo.

Lembra de mim? Óbvio que não. Aliás, você nunca lembra de suas pobres vítimas, das mulheres que você come e joga fora.

Ah, meu querido, te procurei tanto, você simplesmente sumiu. Foi no início do ano passado, lembra? Estávamos em uma boate quando você chegou com sua incrível lábia e me envolveu, dono de uma beleza estonteante, eu não pude resistir, assim como todas as outras.

Tá, passou. Fui apenas mais uma transa desimportante, não? Você sumiu, não deu-me seu telefone, não me passou seu endereço, o qual, eu ralei muito para conseguir e apenas porque pelo menos seu nome, você me disse.

Mas sem delongas, vamos ao que realmente interessa: não tenho mais condições de cuidar de minha pequena Luara, estou muito doente e a maioria de meu salários vai em meus medicamentos, eu não estou mentindo nem muito menos abandonando minha filha, isso é pura verdade, não tenho mais como cuidar de minha pequena. Eu poderia apenas te encher o saco pedindo-lhe dinheiro, mas não adiantaria nada, pois minha vida não será muito longa, não tenho outros parentes com quem deixá-la, por isso, fiz de tudo para encontrar você, nada melhor do que deixá-la com o seu próprio pai.

Nós não nos prevenimos, se você lembrar apenas de quem eu sou, irá lembrar disso também. Você foi meu primeiro homem, sim, eu tinha vinte anos e era virgem, sonhava em casar pura, havia ido naquela boate apenas para curtir com minhas amigas, mas você é dono de um poder irreconhecível. Depois de um pequeno tempo, descobri que estava grávida, meus pais quiseram matar-me, fui obrigada a fugir para poder ter Luara em paz. Então descobri que estava com câncer e tive que voltar para de baixo do teto deles, eles queriam colocar minha pequena para a adoção, não aceitei, você veio em minha cabeça como algo impossível, mas eu descobriria seu paradeiro de todos os jeitos, pedi ajuda de alguns amigos, mas bom, isso não importa.

A única coisa que eu peço, Pablo, é que você seja um bom pai e não maltrate minha menina, tenho esperanças de que ela estará em boas mãos. Diga todos os dias que eu sempre a amei.

Abraços, Rafaela".

Deixei o papel cair de minha mão, aquela carta me fez estremecer, Gavi tinha uma filha? Nem ele sabia sobre isso. O olhei e ele estava bem pior, fitando Luara de longe como se fosse incapaz de entender tudo o que se sucedia e eu não o culpava por estar assim, só o culpava pelo o que ele havia feito com a pobre coitada dessa
Rafaela.

Eu podia sentir que essa carta era verdadeira, não era mais uma de suas vadias tentando aplicar algum golpe, enquanto eu lia a tal carta eu podia sentir a dor dessa pobre mulher, mais uma que foi atraída pelo doce veneno de Gavi.

— Lembra dessa tal de Rafaela? — Perguntei quebrando o silêncio.

— Lembro... — Ele pensou aflito. — Um pouco...

— Bom, acho que você tem uma responsabilidade agora.

— RESPONSABILIDADE, LANA? — Gavi se alterou. — EU NÃO SOU RESPONSÁVEL NEM EM RELAÇÃO À MIM, IMAGINA À UMA CRIANÇA. — O puxei para fora do quarto para não acordar Luara.

— Que é sua filha! — Exclamei. — Não adianta levantar a voz para mim, eu não tenho culpa de nada. — O repreendi. — O culpado dessa história é você, é um choque, óbvio que é, mas alguma consequência essa sua vidinha de pegador cafajeste deveria te dar. — Ele me olhava sério. — E olha, que foi até uma consequência boa, comparado ao que você realmente merecia. — O julguei. — Vai saber quantos filhos você não tem por aí... Ou se não tem uma infecção...

— Vira essa boca pra lá, Lana! — Ele gritou.

— Tanto faz, Gavira. Só vou te dizer uma coisa. — Falei entrando no quarto novamente e vendo que Luara havia acordado e nos olhava com uma cara assustada, ainda deitada em baixo daquela coberta, sentei ao seu lado. — Você vai cuidar desta criança. — Falei a Pablo enquanto Luara tentou se esconder. — Não se esconda, linda. Não vou machucar você. — Passei as mãos em seus cabelos lisos, tentando acalmá-la. Ela meio que se confortou.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora