62

201 10 2
                                    

Pablo Gavira:

— Chega, Lana. Vamos. — Tentei parar ela. — Não precisa de tudo isso. — Falei em seu ouvido.
— Ela não deu em cima de mim.

— Você que é burro e não percebeu os olhares maliciosos dela. — Lana disse e eu já estava me irritando. A puxei pelo braço nos afastando da loira gostosona.

— Desde quando eu sou seu, Lana? Hein? Que porra. — Fui obrigado a explodir.

— Se eu sou sua você é meu também. — Ela disse cruzando os braços, enquanto Luara estava quase dormindo em meu colo.

— Você sabe muito bem que não é bem assim, Laninha. — Falei com um sorriso no canto da boca.

— É assim, sim. — Ela disse confiante. — Eu não vou ficar sendo sua marionetezinha, já disse. — Ela ficava tão sexy brava, mas era tão irritante.

— Tá, Lana. Chega de show, vamos pagar essas porras de uma vez, antes que dê merda aqui dentro dessa loja mesmo. — Ela ficou quieta e eu saí na frente indo em direção ao caixa. Pagamos e logo me vi livre daquela loja.

Chegamos no apartamento e eu logo fui para a cozinha, Ansu e Ferran provavelmente estavam no nosso casarão, resolvendo algumas coisas da gangue, fazia um tempo que eu não dava um pé lá, ouvi dizer que estava todo mundo encuzado comigo, mas isso era o de menos.

Ataquei qualquer coisa comestível que eu vi em minha frente, eu estava morrendo de fome, lembrei-me que eu tinha que fazer uma ligação.

— E aí, Daniel. Conseguiu o carregamento? Tudo certo?

— Tudo certo como sempre, chefia. Sem nenhum deslize. — Aquele mané disse e riu.

— Ah, assim que eu gosto, quantos quilos?

— Duzentos quilos de cocaína, chefia. Vai dar grana pra caralho.

— É disso que eu gosto. — Falei rindo. — De coisas bem feitas, é para isso que os Barcelonas
servem.

— Pode crer, chefia. Perfeito. Só isso?

— Só isso. Falou. — Desliguei o telefone e fui ver onde Lana foi se meter com Luara. Em meu quarto, lógico.

Entrei e Lana dobrava as roupinhas de Luara com uma cara nada boa, enquanto a pequena dormia igual um anjo.

— Tá encuzada? — Perguntei só para implicar, ela me olhou e não disse nada, voltou sua atenção para as coisas que tinha comprado para Luara. — Quando eu perguntar alguma coisa, faz o favor de responder. — Fui rude.

— Você não merece nenhuma palavra minha. —Ela disse.

— É, mas você já me deu seis. — Me referi ao número de palavras que ela acabara de falar.

— Acho que eu já te ajudei bastante com Luara, qualquer coisa, você pede ajuda para a sua mãe. — Ela disse com amargura na voz, mas espera aí, como ela sabe da minha mãe?

— Como você sabe da Cecília? — Perguntei.

— Ela mudou-se para a frente de minha casa. — Ela deu de ombros. — Eu e meu pai fomos dar as boas vindas para a vizinha nova e ela acabou dizendo que era sua mãe, acredite, foi difícil de acreditar que uma mulher tão doce fosse mãe de um idiota. — Eu odiava quando ela vinha com essas porras de ofensas para cima de mim, quando me dei conta eu apertava seu braço com força.

— Quem é idiota aqui? — Perguntei com um tom ameaçador na voz, a olhando firme.

— Você. — Ela não hesitou antes de responder, me deixando mais puto da vida ainda. — Me solta, eu quero ir embora. — Ela pediu com calma como se já estivesse acostumada com isso.
Respirei fundo e a soltei.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora