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Lana Martínez:

Já era a décima vez que eu batia na porta e ninguém abria, com certeza os garotos estavam dormindo, mas eu continuei batendo até acordá-los.

— Lice,  liga para Pedri. — Falei, Alice havia resolvido matar aula comigo, ela disse que estávamos juntas nessa.

— Vou ligar, amiga. — Ela disse pegando o celular e discando o número. — Pedro, levanta da porra da cama e abre essa porta de uma vez que eu e Lana estamos aqui. — Ela ordenou e logo desligou e eu fiquei olhando para ela.

— Acho que as coisas estão ficando firmes mesmo. — Falei e ela riu. Em seguida ouvimos barulho de chaves por dentro da casa e deduzimos que Pedri iria abrir.

— Se você não escovou os dentes ainda, nem fale algo. — Falei entrando no apartamento. — Você não vai beijá-lo assim né, Alice? — Perguntei e quando vi os dois já se agarravam loucamente.
Revirei os olhos.

— Eu escovei os dentes sim, se você quer saber, eu já estava acordado, porém a porta do meu quarto estava fechado e eu não ouvi vocês batendo. — Pedri disse.

— Acho que tem alguma criança chorando. —
Alice disse e logo me veio na cabeça Luara.

— É Luara. — Falei indo em direção ao quarto e logo abrindo a porta, avistando Luara chorando e Gavi acordando com cara de bunda por causa do choro.

— Esse choro só está piorando minha dor de cabeça. — Gavi disse com fechando os olhos e fazendo uma cara de dor.

— Se você não tivesse bebido, nada disso teria acontecido. — Falei pegando Luara e lhe dando um beijinho nas bochechas rosadas, ela logo cessou o choro.

— Você não tem aula não? — Pablo perguntou com a voz cansada. — Aliás, eu também tenho que ir para aquela droga de escola, sempre esqueço de pedir demissão.

— Eu não fui, porque tem coisas que nós devemos colocar em ordem. — Falei para ele que me olhou rapidamente. — Estou dizendo em relação à Luara. E você também ficará em casa.

— Lana... Você está louca?

— Não, eu estou ótima, agora levanta e faz a sua higiene porque você tem que amamentar sua filha.

— Fala "dar mamadeira", por favor, amamentar
parece que eu vou ter que dar meus peitos para ela. — Ele disse se levantando.— Ah, que droga de cansaço. — Ele reclamou indo em direção ao banheiro.

— Papai está sendo uma merdinha, não é? — Falei com Luara.

— Eu ouvi isso. — Gavi gritou do banheiro.

— Só falei a verdade.

— Foda-se eu não sirvo para isso mesmo.

— É, mas vai aprender a servir, porque na hora de fazer você não reclamou.

— Porque eu não imaginava que eu engravidaria a Rafaela.

— Então você era burro mesmo, porque até onde aquela carta diz, você não se preveniu é lógico que ela ia dar barriga né.

— Eu estou cansado pra caralho, mas não me importaria de ir aí e calar a porra da sua boca. —
Ele foi rude.

— Tenho pena de você, pequena Luara. — Falei para ela que me olhava com aqueles dois olhinhos castanhos de fazer qualquer um morrer com tanta fofura.

— "Dadada..." — Luara falou algo em sua língua.

— Viu, Gavi, até ela concorda que você é burro. — Disse para ele enquanto ele saía do banheiro apenas com uma calça de moletom no corpo.

— Muito engraçado, Lana. — Ele ironizou. —
Agora vamos de uma vez. — Ele disse saindo do quarto e eu o segui com Luara no colo, não faço ideia de quantas vezes aquele toquinho puxou meus cabelos.

— Ah, que linda! Essa é a famosa Luara? —
Alice veio até mim, logo brincando com Luara.

— Mas olha quem está aqui, a segunda pessoa maia chata que eu conheço. — Gavi se referiu a
Alice.

— Ah, é? — Ela cruzou os braços. — E quem é a primeira?

— Lana, claro. — Ele deu de ombros.

— Aos olhos de Deus somos todos iguais, então você é chato também. — Falei.

— E então você também é burra.

— Não, nesse quesito, ele olhou só para você, sinta-se abençoado. — Falei. — Agora vamos fazer a mamadeira da sua filha por favor, a criança está com fome. — Fui até a cozinha e Gavi me seguiu.

— Quer que eu segure ela para você fazer a mamadeira? — Gavi perguntou e eu ri.

— Quem vai fazer a mamadeira é você. — Falei apontando o dedo para ele e ele arqueou as sobrancelhas.

— Eu não sei fazer essa porra, quem se encarrega disso é Ansu.

— É, mas você vai aprender. — Falei. —
Pegue o leite. — Ordenei e assim ele fez.

— É só colocar na mamadeira agora?

— Você vai dar leite gelado pra sua filha?
Esquenta essa porra. — Falei e ele travou o maxilar, fazendo eu ficar com vontade de rir, já estava difícil me fazer de séria.

— Geralmente quem manda sou eu, então não vai se acostumando. — Ele disse esquentando o leite.

— Vou ali deixar Luara com Alice, é perigoso ela aqui na cozinha. — Falei deixando ele lá e indo até a sala. — Alice, segura Luara enquanto a mamadeira dela não fica pronta?

— Claro. Vem cá, bebê. — Alice fez uma voz de mangolona.

— Ansu, Ferran e o Félix ainda estão dormindo? — Perguntei à Pedri.

— Está vendo eles aqui?

— Não precisa ser rude desse jeito, idiota. — Falei voltando para a cozinha.

— Au, caralho. Isso tá quente pra porra. — Gavi disse ao se queimar e eu não pude deixar de rir.

— Você deixou esquentar demais, Pablo. — Falei.

— Ah, Lana. Não reclama.

— Tá, desculpa. — Falei fazendo um gesto de rendimento. — Coloca esse leite na mamadeira. — Assim ele fez.

— Tá, e o que mais? Agora é só dar para ela?
Fácil demais. — Gavi disse.

— Claro que não, onde está o Mucilon em pó? — Perguntei.

— Ali. — Ele apontou para um armário qualquer e eu fui até lá o pegando.

— Toma isso e coloque apenas uma colher de sopa. — Falei lhe entregado o achocolatado.

— Colher de sopa? Aquelas grandes de madeira?
Eu não tenho isso aqui. — Ele disse simples e eu dei uma gargalhada por impulso.

— Desculpa. — Falei. — É essa colher aqui. —Falei pegando. — Encha-a com Mucilon e coloque na mamadeira. — Ele fazia tudo com cuidado, como se realmente se importasse em se sair bem, e o pior, é que meus sentimento por ele só aumentavam.

— Pronto? — Ele sorriu.

— Não...

— Droga, isso não acaba nunca?

— Gavi, você tem que fazer o Mucilon se misturar com o leite...

— Ah, isso é verdade... — Ele disse.

— Feche a mamadeira e a sacuda, porque a colher não cabe aí dentro. — Falei e ele sacudiu com força que fez o leite respingar pelo bico da mamadeira, vale ressaltar que respingou na minha cara. — Devagar por favor. —
Falei passando a mão no rosto.

— Bem feito. — Ele riu.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora