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Lana Martínez:

E desde ontem eu estava sendo a pessoa mais dramática do mundo. Eu odiava drama.

Mas todos também sabem que Gavi já me fez muito mal, talvez seria uma boa ideia ele ter deixado eu ir, por mais que eu tivesse aprendido à gostar de seu jeito. Ele era arrogante, frio, rude, grosso, tudo que uma garota nunca iria querer em um garoto, porém eu me acostumei com esse jeito dele, eu aprendi à gostar, assim como eu também aprendi à lidar com todos os seus putos defeitos.

Eu não iria ficar chorando pelos cantos, eu sentiria falta dele, claro, mas talvez isso fosse ajudar-me a colocar minha vida nos eixos novamente, pois desde que conheci Gavira, tornei-me a filha mais mentirosa do universo, eu odiava isso.

— Falou com ele sobre Jude? — Alice perguntou ao me encontrar no corredor.

— Sim. — Disse simples.

— E ele?

— Fez pouco caso, ele não teme Bellingham. — Dei de ombros.

— Ele não demonstrou nenhum sentimento? —
Óbvio que ela não deixaria de perguntar isso.

— O Gavira de ontem foi algo passageiro. — Falei ao me lembrar de nós dois naquele chão frio em uma rua qualquer. — Aliás, ele disse que nunca existiu um "nós". — Sorri sem vida, tentando distarçar a porra da dor.

— O que? — Alice deu um berro e eu tapei sua boca.

— Não grita, vadia. — Fui obrigada a rir.

— Não quero saber, Lana. Hoje vou lá na casa daquele idiota e falar umas verdades para ele. — Ela dizia brava. — Quem ele acha que é? Te usa e depois simplesmente joga fora? Não, não é bem assim.

— Calma, respira... — Tentei acalma-la. — Não precisa fazer isso, tá? Eu estou bem.

— Bem? — Ela riu ironicamente. — A tristeza em seu olhar está bem nítida.

— Alice, chega de drama e vamos para a sala porque o sinal já bateu. — Falei a puxando pelos corredores enquanto ela murmurava algumas coisas feias sobre Gavira.

Cheguei em casa e senti um enorme vazio dentro de mim, algo que eu tentei não dar bola, subi para meu quarto, joguei minhas coisas na cama e desci novamente para comer algo, logo ouvi barulho de carro e deduzi que era meu pai e tive certeza assim que ouvi o barulho das chaves, fui para a cozinha, peguei algo para beber e assim que voltei ele estava entrando em casa.

— Oi, pai. — Falei jogando-me no sofá.

— Oi. — Ele deu um sorriso e tive a certeza que algo bom havia acontecido.

— Posso saber o motivo dessa felicidade toda?

— Não é nada demais. — Ele disse. — Mas me diz, que camisa você acha que eu devo usar, aquela minha listrada ou aquela branca lisa?

— A branca lisa. Sem duvidas. — Falei.

— Tá, vou lá separar ela. — Ele disse subindo as escadas.

— Espera aí. — Gritei levantando-me do sofá e saindo correndo atrás dele que começou a subir as escadas mais rápido ainda, porém o alcancei. — Onde Mateus Martínez vai? Posso saber?

— Vou sair. — Ele disse indiferente entrando em seu quarto, entrei junto.

— Posso saber onde?

— É... não sei se seria uma boa ideia.

— Fale logo.

— O pai aqui sou eu.

— Ah, pai, fala. — Amaciei a voz.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora