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Lana Martínez:

— Mas você sabe, violência não resolve nada. —
Ela disse.

— Bom, para mim resolveu, estou feliz agora. — Falei levantando os braços e ela fitou-me não me reconhecendo.

— Bianca. — Ela disse para a secretária. — Mande chamar, Gavira. — Oba, não podia melhorar.

— Para que chamar ele? — Perguntei.

— Ele estava lá na hora. Quero saber o que aconteceu e porque ele não parou essa tal briga.
— Ela disse e eu dei de ombros. Logo Gavi entrou na sala.

— Mandou me chamar? — Ele perguntou com sua voz mansa, parecendo gente.

— Sim, sente-se. — A diretora ordenou e ele sentou-se ao meu lado, ambos estávamos de frente para a diretora que se encontrava em sua cadeira super confortável, com quinhentos papéis em cima de sua mesa bagunçada. — Diga-me, o que aconteceu naquele auditório. — Ela pediu à Gavira como se não acreditasse em minhas palavras, ele me olhou sério e voltou a olhar para a diretora, nem me abalei. Eu estava me sentindo leve, confesso, não estava com medo de nada, nem das consequências.

— Estávamos lá e Gabriela foi fazer um discurso sobre sua vida escolar, algo do tipo, e então, do nada, Lana subiu naquela palco e começou a bater na garota. — Engasguei-me com minha própria saliva.

— Como é? — Perguntei incrédula. — Gavira, por que você está mentindo? — Ele me olhou e vi seus lábios contornar algo como "vingança" respirei fundo. — Ele não está dizendo a verdade, chame todos que estavam naquela auditório para você ver. — Falei e vi Gavi ficar meio sem reação.

— Brincadeirinha. — Gavira piscou para a diretora que ficou meio entorpecida com o ato, suas bochechas caídas coraram. Mas logo ela voltou ao normal. — Gabriela subiu naquela palco, disse que ia fazer um discurso sobre sua vida escolar e começou a humilhar Lana. — Ele deu de ombros. — Ela não aguentou e partiu para cima de Gabriela, deixando ela nesse estado crítico, os enfermeiros deduziram que ela quebrou o braço. — Gavi disse tudo aquilo rápido.

— Acontece. — Dei de ombros, disse fitando minhas unhas que tinham o esmalte descascado. — Preciso fazer minhas unhas, a situação está crítica depois dos arranhões. — Comentei.

— Lana, não mude de rumo. — A diretora chamou minha atenção. — E você, Gavira. Por que não interferiu? Pelo o que eu vi, os professores haviam deixado os alunos em suas mãos. — Quase que eu falei para a diretora "bate aí".

— Bom... — Ele procurava um desculpa, jogado naquela cadeira com um ar sexy. — Eu tentei, mas eu sou apenas um, e havia mais de cem alunos naquela auditório dificultando minha passagem. — Isso não era nada, eu queria saber porque Pablo não havia impedido Gabriela de me humilhar, aquilo me magoava, porra.

— Entendo. — A diretora assentiu, ele sempre se safa. — Mas enquanto à você, Lana... O que você fez foi muito grave, serei obrigada a lhe dar uma advertência, junto com uma suspensão de uma semana. — Ela concluiu. Vi Gavi rir. — E terei que chamar seu pai, lógico. — Agora sim eu iria para Marbella. — Vamos ver... — A diretora disse pegando minha ficha. — Responsável... hm... Sr. Martínez, aqui. — Ela disse pegando o telefone e discando o numero que havia encontrado. — Isso mesmo, Sr. Martínez, problemas. Sim, sem problemas, eu espero. Tchau, tchau. — Ela desligou. — Você aguardará na detenção. — A diretora disse. — Leve-a lá, Gavira. — Gavi levantou-se e eu o segui.

— Lana, Lana... Você me surpreende a cada dia mais. — Ele dizia enquanto andávamos.

— Não fala nada, Gavira. Sua voz é a ultima coisa que eu quero ouvir. — Cuspi as palavras.

— Seu papai está vindo, não era dele que você estava fugindo? — Ele riu.

— Sim, aliás, eu já iria voltar para a casa hoje, mesmo. — Dei de ombros.

— O que? — Ele parou de caminhar me olhando com as sobrancelhas arqueadas.

— Pensando em voltar, tenho que resolver algumas coisas, não chora, tá? — Sacaneei.

— Garanto que não é bem eu que irei chorar. — Ele disse e talvez estivesse certo.

— Por que você não impediu que ela me humilhasse? — Consegui perguntar e pude sentir as lágrimas se formando em meus olhos. — Por que? — Saiu como um sopro, Pablo me olhava firme à todo momento.

— Você quase me entregou hoje, lembra? Quase disse que eu era um Barcelonars. — Ele segurou um de meus braços com força. — Talvez se você não quisesse sempre dar uma de espertinha, eu até poderia ter feito algo, mas só se você fosse uma boa garota, você não é. E confesso que eu até concordei com Gabriela em algumas partes... — Ele dizia aquilo sem dó nenhum. — Cresce, Lana. — Ele disse. — Não era nada para você ter feito eu falar sobre a gente. Pare de ficar embaçando meus planos. — Ele apertou meu braço com mais força ainda.

— Você está dizendo tudo isso, como se fosse eu quem corresse atrás de você. Você me obrigou a ser sua, lembra? Eu tentei fugir, você não deixou, me ameaçou, me deixou com medo. E então eu fui obrigada à ir em sua onda, e sabe o que aconteceu? Eu me apaixonei. — Respirei fundo depois de dizer aquilo.

— Bom, enquanto à isso, eu não posso fazer nada. — Ele disse afrouxando sua mão que apertava meu braço. — Vou lá ver como Gabriela está. — Gavi riu. — Quem sabe ela não seja a próxima mina que eu vou querer ter posse... E ainda mais que ela é fácil. — A cada palavra que ele dizia era uma facada no coração. Ele saiu fazendo cair totalmente no choro. Eu não merecia isso, não merecia. Por que ele era tão frio?

Fiquei ali naquela sala esperando nos próximos trinta minutos, até que Bianca veio me chamar.

A segui de volta a sala da diretora, onde meu pai se encontrava de pé, vestindo seu mais caro terno e com a barba bem feita, meu pai era um coroa bonitão. Quando ele me olhou, vi tristeza em seu olhar e por um minuto me arrependi de tudo o que eu havia feito que tivesse o magoado, eu sei que ele só queria o melhor para mim, mas o seu melhor não era nem de longe o meu melhor.

Queria abraça-lo e voltar no tempo, nunca ter conhecido Gavira. Ele não liga pra mim. Nunca ligou.

— Oi, papai. — Abri um sorriso irônico, ele me olhou com desgosto.

— O que aconteceu com você? O que fizeram com a minha filha? O que meu amigo vai pensar ao descobrir que você derrubou a filha dele do palco, Lana? Onde você estava com a cabeça? — Ele fazia quinhentas perguntas de uma vez.

— Pai... manera no interrogatório. — Falei com os braços cruzados sem medo de encarar seus olhos.

— Vamos para a casa, lá nós conversamos. — Eu estava mais do que fodida.

— PRIMEIRO VOCÊ FOGE E DEPOIS ME APARECE DO NADA COM UMA SUSPENSÃO DE UMA SEMANA, LANA? — Meu pai gritava naquela sala, Ana não estava em casa. — E EU AQUI, MUDANDO DE IDEIA SOBRE VOCÊ IR PARA A SUA VÓ EM MARBELLA, ENQUANTO VOCÊ FICA FAZENDO BOBAGENS. — Ele dizia furioso. — SEM CONTAR QUE EU PASSEI O FINAL DE SEMANA INTEIRO PREOCUPADO COM VOCÊ, CHORANDO POR CAUSA DA DROGA DO SEU DESAPARECIMENTO. — Eu apenas o ouvia, tendo os olhos inchados de tanto chorar.

— VOCÊ NÃO ENTENDE, GABRIELA FALOU MAL DOS MEUS AMIGOS E PRINCIPALMENTE DE VOCÊ E DE MINHA MÃE. VOCÊ ACHA QUE EU DEVO ACEITAR ISSO QUIETA? AQUELA GAROTA ME PERTURBA DESDE O INÍCIO DO ENSINO FUNDAMENTAL, JÁ DISSE, CHEGA UMA HORA QUE NÃO DÁ MAIS PARA AGUENTAR. — Gritei também, limpando as lágrimas com as costas das mãos. — ELA FALOU MAL DE VOCÊ TAMBÉM, PAI. TE CHAMOU DE CORNO, DISSE QUE VOCÊ NAMORAVA UMA VADIA. — Falei tomando fôlego. Ele deu um soco na mesa sem saber o que fazer. — E SOBRE FATO DE EU TER FUGIDO, EU SIMPLESMENTE CANSEI. —
Respirei fundo tentando recuperar meu tom de voz normal. — Cansei de tentar abrir seus olhos.

— Agora é sério, não vou mais discutir nem nada.
— Ele disse com a voz mais mansa. — Vou ligar para a sua vó em Marbella. — Confesso que até eu achei que aquilo era o melhor a se fazer.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora