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Lana Martínez:

— Já falei para não me levar na brincadeira,
Lana. — Ele gritou.

— Você é problemático. — Gritei também.

— Não, Lana.. Adjetivo errado para me caracterizar. Mas se você disser possessivo, eu até aceito. — Ele disse se aproximando novamente de mim. — E Guilherme... Bom, já era pra ele estar morto a muito tempo. Ninguém me rouba e sai fazendo festa, parte daqueles 15 milhões foram conquistados com o meu suor, você sabe como é dificil pegar carregamentos hoje em dia? Os caras estão por toda parte. Mas depois vem a negociação, e depois só a felicidade. Ah, papai. — Ele disse rindo, odiava o jeito que ele banalizava as coisas. — Mas vamos voltar ao rumo das coisas, eu sempre achei engraçado o jeito que você sabia de tudo. — Ele riu com aquele ar de idiota. — Estava sempre escutando a conversa dos outros, ou você acha que eu sou idiota?

— Acho que você é idiota. — Disse simples, limpando as lágrimas e quando dei-me conta, meu rosto estava ardendo por causa de um tapa que eu levara de Gavi. Levei as mãos ao rosto, incrédula por ter apanhado daquele idiota. Fiquei o olhando e vi raiva em seus olhos. — Eu nunca seria sua, filho da puta. — Gritei — Nem se eu quisesse.

— Você não está cooperando, porra. — Ele disse virando de costas para mim e se apoiando na mesa como se tivesse reprovado sua atitude.

— Você quer me fazer submissa. Por que eu cooperaria?

— Para eu te ter viva, Lana... Eu sou a pessoa mais impulsiva do mundo, quando as coisas não são do meu jeito eu não penso duas vezes, eu acabo logo com isso. Muitas vezes não é nem por vontade própria e sim por impulso, por isso que eu peço para você cooperar e apenas me obedecer, apenas ser minha. Porra. — Ele disse passando as mãos no cabelo descabelando ainda mais, tentando manter a calma.

— Então comece a pensar antes de agir, porque eu tenho certeza, se você me visse atirada no chão cheia de sangue você ficaria até o fundo do cu arrependido. Foi isso que eu entendi.

— Poderia me arrepender, mas arrependimento para mim é algo fácil de lidar, aliás, qualquer sentimento.

— Menos o que você sente por mim. — Disse confiante.

— Não se iluda, Lana. Não se iluda — Ele fisse simples.

— Então por que você faz tanta questão de me ter? Fala, Gavira. — Exigi respostas.

— Porque eu quero. Simples assim.

— Eu nunca te entenderia. — Falei, cansada de tudo aquilo. — Eu só quero que você me deixe em paz, caralho.

— Eu não consigo. Nem eu sei porque, Lana.
Nem eu. — Ele disse em sua outra face, uma face mais calma.

— Você não consegue deixar de me fazer de idiota é isso? Porque eu não esqueci do que eu vi hoje naquela escola, naquela sala. — Por fim toquei no assunto que também estava entalado em minha garganta. — Você e Gabriela... — Meu estômago embrulhou novamente ao me lembrar da tal cena. — Logo minha maior inimiga, porra. — Falei pegando uma almofada que estava no sofá e jogando nele, fez nem cócegas, na próxima vez eu jogo outro vazo de vidro.

— Que drama, Lana... Eu fodo quem eu quiser. — Ele disse acendendo outro cigarro. — E se isso te consola, você é melhor que ela. — Ele disse simples, colocando toda a nicotina para dentro.

— Então eu beijo quem eu quiser... E se isso te consola... — dei uma pausa. — Guilherme é melhor que você. — Agora eu deixaria Gavi puto.

— Tem certeza? — Gavira me puxou pela cintura e logo nossos corpos estavam colados, seu hálito quente chocou-se contra meu rosto, me entorpecendo. Eu odiava o efeito que ele tinha sobre mim. Odiava. Obviamente Gavi era melhor, eu tinha que admitir isso, até porque entre eu e Guilherme não havia nenhum sentimento, mas entre eu e Gavi por mais que nós fôssemos assim, tão opostos, eu podia sentir algo entre nós, algo que atraía um ao outro. — Quem é o melhor, Martínez? — Ele me chamou de "Martínez"?Droga, esse garoto fazia de tudo para Conseguir o que queria. Ele cochichava levemente bem meu ouvido, certamente a fim de ouvir um "Você Gavira, você é o melhor, agora me fode". — Hein Martínez? Me diz. — Ele sugou meu pescoço. Por que era tão difícil resistir assim? Mas eu tinha que me conter, não podia me render. — Vai se fazer de difícil é? Pena que eu já sei a resposta. — Ele disse apertando minha bunda, fazendo eu morder o lábio inferior. Gavi tentou me beijar, mas o máximo que ele conseguiu foi um selinho. Não seria tão fácil assim, ainda mais depois do tapa que eu havia levado.

Mas algo diferente Aconteceu, um silêncio pairou entre eu e Gavi, ele se mantinha em minha frente, ainda com as mãos em minha cintura, mas algo diferenciava essa situação: o jeito que ele me olhava. Gavi parou e nós ficamos nos olhando profundo e pela primeira vez eu pude ver algo verdadeiro nele em relacionamento a mim, talvez eu não fosse só mais uma para ele, talvez ele apenas não quisesse aceitar isso, se perder em sentimentos ou coisa e tal.

Gavira continuou me olhando com aqueles seus olhos de deixar qualquer garota louca, seu olhar tinha desejo, ou melhor, era indecifrável. Gavi começou a subir suas mãos pelo meu corpo, até chegar em meu rosto, onde ele pôs sua mão direita sobre o lugar que ele tinha me atingido e começou a acariciar. Fechei os olhos sentindo o poder de seu toque, aconteceu esse toque era diferente, era intenso, continha sentimentos.
Agora qual tipo de sentimento eu não sabia, Gavira podia mudar a toda hora. Confesso que aquilo estava sendo maravilhoso e por um momento me fez esquecer tudo, seus xingamentos, suas grosserias, a vadia de Gabriela e até mesmo o tapa que eu havia levado. Seu toque tinha poder sobre mim, e eu era obrigada a confessar isso.

Sim, Gavira me causava certos sentimentos, sejam eles bons ou ruins mas era algo nunca sentido antes. Eu realmente não concordava com o fato de eu ser de Gavi e ele ser do mundo, mas um desejo louco vinha surgindo dentro de mim: eu precisava ser sua, mas contanto que ele também fosse meu, mas vendo e revendo os fatos, isso parecia impossível, tínhamos vidas completamente diferentes e além disso, éramos completamente diferentes. Porém eu queria aquele Gavi que agora me olhava se eu fosse algo para ele, e não apenas mais uma.

Gavi aproximou seus lábios e me beijou lentamente, um beijo quente que eu não conseguiria resistir nem se essa fosse minha maior vontade. Envolvi meus braços em seu pescoço, enquanto Gavi passava as mãos pela minha cintura, dando-me uma sensação de segurança sentida, embora que segura fosse o que eu menos estava em relação a Gavira
Aquilo era um beijo de verdade, o melhor beijo nosso já dado. Afastei-me de Gavi já ofegante e tanto eu como ele nos olhavamos sem saber explicar o acontecido, pude ver que até Gavi sentiu algo diferente.

— Tenho que ir, Gavira, mas... Você vai me emprestar um carro. — Sorri inocentemente.

— Tá maluca? Por que? — Ele perguntou.

— Porque eu não quero ir a pé, e vou deixar meu lindo carrinho aqui para você arrumar. — Sorri novamente e Gavi fez um movimento com a cabeça pra lá e pra cá.

— Tá, vou chamar um táxi. — Ele disse simples.

— Ah, não Gavira. O que custa você me emprestar um carro? Tem três naquela garagem. — Falei com a voz manhosa.

— Você acha mesmo que eu vou deixar você dirigir os meus garotos? Mas nem você acredita no que está falando né.

— Ah, idiota, fode eles. — Disse ficando emburrada.

— Se duvidar eu fodo mesmo, me amarro naqueles carros.

— Que coisa mais "gay" Gavira. "Carro" é substantivo masculino, então parece que você quer foder homens. — Quando eu queria falar merda para irritar o Gavi eu conseguia. — Imagina se um dia você fala "eu foderia eles " as pessoas não iam saber que você estaria falando de carros e achariam você uma florzinha. — Nem eu sei de onde saia tanta merda.

— Cala a boca, Lana... Você sabe muito bem da minha masculinidade.

— Hmmm... Esse chinelo é rasteirinha? — Comecei a rir e Gavira se mantinha com aquela cara de cu, louco para me dar outro tapa na cara.

— Deita lá na cama bem rapidinho que você vai se arrepender do que disse.

— Gays também podem ser bons de cama. — Falei rindo.

— Tem um revólver logo ali. — Ele disse apontando para a mesa.

— Sério? Que legal. É de comer?

— O revólver não, mas você sim. — Ele disse me beijando.

— Vai se foder, Gavi. — Falei saindo de seus braços e indo em direção ao sofá, pegando minhas coisas. — Então, vai me levar ou eu vou ter que ir caminhando? Ainda mais que está de noite e sempre tem garotos que querem dar uma de espertinhos. — Falei simples, mas com objetivo de atingir Gavi...

— Se encostarem em você, depois eu mato.

— Mas você não saberia quem são. — Chantageei.

— Tá, porra. Vamos de uma vez, que merda mesmo. — Ele disse resmungando enquanto pegava as chaves e eu ri. — Eu vou levar você. — Gavi disse colocando sua regata, ele não deixaria um garoto encostar em mim nos próximos cem anos pelo visto.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora