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Lana Martínez:

Jude abriu o portão que estava encostado e entrou, percebi que ele tinha um olho roxo e inchado.

— Gavi te bateu de novo? — Perguntei e soltei uma risada nasal.

— Não, não. Foi outra briga. — Ele disse simples. — E você só viu uma briga minha com Gavi, em outras brigas que nós tivemos a maioria ele apanhou. Não eu.

— Ah, claro que sim, imagino. — Falei, sem colocar muita fé no que Bellingham tinha dito.

— Você está duvidando? — Ele arqueou apenas uma sobrancelha e percebi sua irritação.

— Eu? Não. — Falei fazendo um movimento com minhas mãos.

— Ah, bom. — Ele disse e se sentou ao meu lado.

— Por que vocês não largam esse mundinho?
Isso só proporciona desgraça. — Por fim, falei, estava entalado.

— Essa é minha vida agora, Martínez. É uma chance de eu não ser mais um idiota invisível, de as pessoas me respeitarem....

— Idiota você continua sendo. — Falei simples.

— Não dá mais para conversar com você sem sentir vontade de te dar um tiro. — Ele disse irritado com o meu comentário, apenas o olhei.

— Jude, você é... ERA uma das melhores pessoas que eu conheço ou conhecia, você não precisa disso, não precisa entrar em brigas ou bater em alguém para mostrar que é o melhor.

— Mas nós gangsters não somos totalmente ruins. — Ele disse.

— Me dê um exemplo. — Falei.

— Tá, então... Se nós vermos, por exemplo, um homem assaltando uma pobre velhinha, nós estouramos a cabeça dele. — Ele disse indiferente.

— Depois vocês ficam com a bolsa dela, né? — Fui sarcástica.

— Claro que não, Martínez. — Ele disse. — Nós devolvemos a bolsa, só ficamos com o que tem dentro. — Puta que pariu, eu não tinha ouvido isso. Não sabia se Bellingham estava brincando ou falando sério. Ah, claro, segunda opção.

— Que horror, Jude. — Falei apavorada e ele riu. — Você caiu no meu conceito completamente agora.

— Pois é, pequena Lana. — Odiava que me chamassem assim. — Essa é minha nova e divertida vida, drogas, festas, sexo, assaltos, enfim, ser livre. — Se isso era ser livre, eu preferia estar em prisão perpétua. Eu não estava acreditando em toda aquela mudança, eu estava falando com alguém que eu nunca havia conhecido, nunca.

— Vá embora, por favor. E só volte quando o verdadeiro Jude voltar. — Falei segurando o choro.

Ele não falou nada, apenas se levantou indo em direção ao portão, assim que ele saiu, se virou e disse:

— Eu te amo, Lana. Eu sempre te amei, mas eu não mereço você, não mais...

Pronto, perdi toda linha de raciocínio, fiquei sentada ali mais um tempo ainda sem acreditar no que acabei de ouvir, não só quando Bellingham disse que me amava, mas também em todas as outras merdas que ele falou. Eu tentava me acalmar, eu juro, mas estava sendo impossível.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora