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Lana Martínez:

— Lana, Lana... — Abri os olhos lentamente e tentei focar minha visão que estava totalmente embaçada. — Ah, meu Deus, como você está se sentindo? — Vi a imagem de Cecília assim que minha visão deu uma melhorada.

— O qu... — Tentei falar, mas meu corpo inteiro doeu e senti que meus lábios estavam machucados.

— DOUTOOOOOR, ELA ACORDOU.

— Calma, senhora. Eu estou aqui, não precisa gritar. — O médico logo veio me fazendo perceber que eu estava em uma maca à base de soro. Ele sorriu para mim. — Como você se sente? — Ah, ótima.

— Parece que eu fui pisada por dez elefantes adultos. — Falei e minha cabeça doeu fortemente, fazendo eu soltar um "ui".

— Sim, você teve um forte impacto, chegou aqui desacordada. — Eu já estava cansada de desmaiar, puta que pariu. — Foi vítima de vários ferimentos, seu corpo está cheio de machucados causados pelos cacos de vidro, seu rosto foi atingido apenas seus lábios, pois você deve tê-lo batido no volante e o couro te salvou. — Ele deu uma risadinha para aliviar. — Sem contar que você está com um corte no supercílio, mas não acho que seja do acidente, pois não estava sangrando. — Fiquei quieta, não queria dar detalhes.

— Minha perna está doendo, eu não consigo mexe-la. — Falei e o celular de Belen tocou. A olhei rapidamente. Ela se afastou.

— Não é nada grave, né? — Cecília perguntou preocupada ao voltar.

— Felizmente não.

— Ela já pode ir para a casa?

— Não, senhora. Nós estamos aguardando os exames, queremos ver se ela fraturou algo, hoje não será possível liberá-la.

— Odeio hospital. — Falei impulsivamente.

— Calma, mocinha. Isso aqui não é nenhuma mansão mal assombrada. — Ele fez uma piada totalmente sem graça.

— Meu pai já sabe? — Perguntei.

— Sim. — Cecília respondeu. — Ele vai tentar voltar o mais rápido possível, pediu para que eu cuidasse de você.

— E como soube que eu estava aqui? Do acidente?

— Eles pegaram seu celular, discaram os únicos dois números que estavam salvos ali, ninguém atendeu no numero de seu pai, então ligaram para mim. Mas logo ele retornou a ligação, e então contei para ele. Ele ficou apavorado, mas acalmei-o dizendo que você estava bem.

— Meu celular não quebrou? — Perguntei surpresa.

— Não, estava dentro de sua bolsa.

— Amém, Senhor. — Falei e Cecília riu, mas vi que ela tinha algumas feições tristes. Tentei mover meu braços, mas dei um grito ao ver que ambos doíam e ardiam.

— Olá. — Alguém entrou. Eu não podia enxergar, mas logo que a pessoa chegou perto, avistei um médico que possuía uma pinça em suas mãos.

— O que é isso? — Perguntei.

— Na hora do acidente, alguns cacos de vidro perfuraram seus braços, porque eles estavam nus. — O outro médico disse. — Javi vai cuidar disso.

— Ah, meu Deus, não. — Reclamei.

— Não vai doer. — O tal do Javi sorriu, ele era muito gato. — Só vou lavar bem e tirar. Apenas isso. — Ele tentou me tranquilizar.

— Esse seu "só isso" vai doer pra caramba. — Falei.

— A senhora pode esperar lá fora? — O médico perguntou para Cecília.

— Sim, Doutor Rodrigo. — Cecília assentiu e me mandou um beijo antes de sair. Javi veio todo sorridente com um recipiente onde continha água e sabão, em seguida pegou algumas gases e começou a limpar os machucados, eu tentava conter os gritos aquilo ardia demais, eu me sentia horrível, até para falar doía, mas eu ignorava, eu lembrei de minha dor interior e aquela dor física nem fazia cócegas.

— Prontinho. — Ele riu. — Vou lhe dar a receita de uma pomada para você passar nessas feridas, ela tem uma fórmula forte e cicatriza rápido, não vai ficar muito marcado, então não se preocupe.

— Não vou precisar levar pontos no braço, né? — Perguntei.

— Não, os cacos não eram grandes coisas. — Ele disse pegando um com a pinça e me mostrando.

— Acho que essa coisinha não faria você levar pontos. — Ele sorriu.

— É, acho que não.

— Ela é forte, você não acha, Javi? — Doutor
Rodrigo disse.

— Claro que acho, qualquer garota que estivesse neste estado já estaria berrando. — Os dois riram.

— Mas eu estou à ponto de fazer isso, não consigo mover minhas pernas e estão doendo muito. — Choraminguei.

— Nós fizemos o raio-X enquanto você dormia.
Só estamos esperando o resultado. — Rodrigo disse. — Solicitei os resultados mais rápido possível, daqui à pouco eles estão aí.

— Posso saber quem está arcando com as despesas? Meu plano de saúde não estava comigo. — Estranhei ao lembrar aquilo.

— Não temos como informar isso. — Javi sorriu.

— Chamem Cecília, por favor. — Pedi e bateram na porta.

— Aqui estão os exames dela. — Uma mulher entrou, deduzi que era uma enfermeira, ela entregou para Rodrigo e o mesmo os pegou.

— Bom, você é uma menina de sorte. — Ele disse lendo alguns exames alheios e logo pegou o raio-X. — Hmm.. Vamos ver esse... — Ele disse levando à luz. — Bom, seu braço não está fraturado. — Ele sorriu e pegou outro. — Deixa eu ver... Costelas... Hmm... Também não. — Ele pegou outro. — Droga, uma fratura em sua perna direita, deve ter sido originada por causa do forte impacto, vamos ter que engessar. — Ele olhou para mim e eu lhe dei um sorriso como se estivesse tudo ótimo. — Bom, Javi peça para alguém preparar isso. — O doutor disse. — Vou chamar Cecília. — Ele disse e saiu. Em seguida Cecília entrou.

— Como está se sentindo? — Ela sorriu.

— A dor está dando uma amenizada, por causa do analgésico que eu tomei, mas minha perna continua doendo muito. — Falei.

— Sim, você a quebrou. — O médico disse. — Mas pense, poderia ter sido pior.

— Sim, eu sei. — Tentei sorrir. — E quem está arcando com toda essas despesas? Meu pai, não é? — Perguntei e Cecília ficou em silêncio. — Cecília... — Chamei sua atenção.

— Ah... Pablo...

— O QUE? — Gritei. — Eu pensei que ele nem sabia do acontecido.

— Ele estava lá em casa quando ligaram. — Ela disse. — Ele está na sala de espera, está meio receoso e envergonhado de falar com você, nunca vi meu filho assim.

— O SENHOR NÃO PODE ENTRAR AGORA....
SENHOR, POR FAVOR. — Ouvi uma voz masculina gritando e em seguida a porta foi aberta violentamente.

— Lana.... — Gavira entrou ofegante. — Desculpa, mas eu precisava ver se você estava bem, eu não estava mais aguentando. — Ele chegou perto de mim e meu coração disparou.

Possessivo - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora