CAP. 75 - Jeffrey

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Luna:

Havia uma faixa amarrando a minha boca... Eu havia levado um murro na cabeça e a última coisa de que lembro era o meu rosto sendo arremessada no espelho do banheiro...

O ar está abafado... Tento abrir os meus olhos devagar sem saber onde estou e quanto tempo se passou. Não consigo acreditar que aquilo realmente aconteceu...

Tento mover os meus braços, mas algo estava amarrando-os atrás de mim... O banco dava pequenos pulos a cada segundo. Eu estava presa no acento traseiro de um carro.

L. - Pensei que não iria mais acordar, já estava preocupado.

A voz do homem que me sequestrou fala dirigindo o volante... Queria conseguir pronunciar algo, mas apenas gemidos amordaçados saem da minha boca.

L. - Ah, você quer falar?

Observo sua mão vir em direção a minha face, arrancando aquele pedaço de pano da minha boca...

- QUEM É VOCÊ??

L. - Mas eu já lhe respondi isso. Sou Liu, Liu Woods.

- O que você quer de mim?!?

L. - Olha, criança, não é algo pessoal com você... Se quiser botar a culpa desta situação em alguém, coloque em Jeffrey.

- ... Jeffrey... O que quer dele?

L. - Vingança.

Seria muita idiotisse pensar que Jeff não teria seus inimigos depois de tantas mortes que eu mesma presenciei ele realizar...

L. - Não foi nada fácil capturar você, garotinha.

- Por que eu..?

L. - Sabe, pensei que você seria apenas mais uma vítima do meu irmão morando naquela cabana velha... Mas quando aconteceu aquele escândalo no mercado... Ficou claro que Jeffrey estava protegendo você.

Junto as sobrancelhas em inconformidade... Era tudo culpa minha ter nos exposto daquele jeito.

L. - Entrar na floresta para matar Jeffrey nunca valeu a pena... Mas agora, tendo algo com que ele se importa, valia arriscar tudo.

- Vocês.. São irmãos?

L. - Ah sim... Irmãos até ele tentar me matar. Sabe, nunca fiz nada contra ele... Mas Jeffrey simplesmente explodiu depois de sair do hospital...

- O-o que aconteceu com ele..?

L. - Ah... Eu me lembro muito bem. A anos atrás, haviam alguns "valentões" que enchiam o nosso saco quando nos mudamos de cidade. Queriam nos cobrar pedágio para entrar no ônibus, mas eu fui o primeiro que parti para cima deles... Estava me dando mau nessa. Mas Jeffrey me afastou da briga e foi para cima daqueles caras, arrebentou com eles, literalmente... Quase os matou.

Liu faz uma pausa, como se estivesse remoendo tudo o que aconteceu...

L. - Depois da aula, a polícia bateu na nossa casa e falou que éramos os culpados pelas agressões "sem motivo algum"... Queriam levar Jeffrey, mas como irmão mais velho me coloquei como culpado e me levaram para um internato. Fiquei apenas uma semana lá, tempo o suficiente para a desgraça acontecer.

Mesmo com toda essa história, eu estava em pânico por não saber o meu destino...

L. - Agora posso contar apenas o que soube que aconteceu na minha ausência... Os caras que ele havia dado uma surra o perseguiram em uma festa de criança a qual nossa mãe havia forçado Jeffrey a ir. Pelo que haviam me contado, os valentões estavam até armados com armas de fogo. Jeffrey tentou se afastar das crianças da festa e deixou eles o surrurem na garagem para ver se iam embora... Mas não foi o suficiente.

Sinto que o carro saiu da estrada de terra e estava indo por uma rodovia...

L. - Os médicos falaram que haviam jogado vodka sobre ele... Então presumo que haviam lançado uma garrafa em sua cabeça... Logo depois ele foi para o banheiro, já havia matado os dois garotos após isso, mas ainda faltava um. Jeffrey se trancou em um dos banheiros, mas foi jogado água sanitária por cima da porta... O problema foi depois, quando ele já estava totalmente fora de controle e queria partir para cima do rapaz... Ele pegou um isqueiro e botou fogo em Jeffrey.

- Então... Jeff morreu?

L. - Ele sobreviveu. Enfaixaram o seu rosto, me liberaram do internato após verem que não éramos os culpados... Depois de algumas semanas no hospital, eu e meus pais estávamos vendo o rosto dele ser desenfaixado... Sua pele estava totalmente branca por causa da água sanitária ter queimado sua face... Queimaduras graves espalhadas pelo corpo, seu estado era horrível. Mas quando entregamos um espelho a Jeffrey, ele disse: "Eu estou lindo".

Lindo... Não tenho ideia de como ele estava na hora em que ocorreu isso...

L. - Nós nos assustamos, óbvio... Mas os médicos falaram que ele poderia estar com traumas do que aconteceu. Levamos Jeffrey para casa e na mesma noite ele assassinou os nossos pais durante a madrugada. Eu já estava dormindo, mas quando acordei ele estava me encarando no canto do quarto sobre a cortina, com duas enormes cicatrizes em sua boca sussurrando "Estou perfeito, estou perfeito"...

- Ele tentou matar você?

L. - Logo em seguida... Jeffrey me esfaqueou por todo o corpo, tentei me defender, machuquei ele também, mas era quase impossível vencer ele naquele instante... Apenas me fingi de morto e Jeffrey foi para a casa da frente, onde havia acontecido a festa, assassinando as crianças e os pais delas... Apenas uma jovem sobreviveu naquela noite.

O carro para abruptamente no meio do breu...

L. - Sabe, garotinha... Procurei Jeffrey por muitos lugares e achei ele no meio daquela floresta... E você deixou tudo mais fácil, obrigado.

Liu desce do carro e abre a minha porta, segurando-me em seus braços, fazendo-me ver que estávamos em um cemitério...

- Não sei o que você pretende fazer, mas por favor, não me machuque!

L. - Achei "justo" lhe contar tudo isso antes de você morrer...

Jeff The Killer & A Garota Da CabanaOnde histórias criam vida. Descubra agora