CAP. 108 - Coração Frio

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Jeff:

- Eu também te amo, Luna!

Aperto ela ainda mais contra o meu peito, mas seus olhos estavam estáticos, arregalados e sem vida.

Tantas mortes, quantos corpos eu já havia visto no mesmo estado... E esse é o primeiro que sinto dor em ver assim.

- Não... Por quê??

Passo meus dedos em seu rosto... Estava tão gelada... Seu busto ensaguentado com a roupa grudada em seu corpo.

Eu havia levado dois tiros, um no ombro e outro próximo ao peito... Mas estou vivo, sabe-se lá como, estou "vivo". Ela não precisava ter feito isso...

A dor que eu sinto é insuportável... Pensei que não poderia mais chorar ou sentir algo assim, mas estava errado. O que eu sinto é tão confuso e forte... Minhas lágrimas não eram de tristeza, mas sim de ódio por tê-la perdido.

- Obrigado... Por me fazer amar outra vez...

Eu deveria ter cuidado mais, me importado mais... Talvez o que eu tenha feito não foi o suficiente, pois agora ela está morta em meus braços.

Não posso aceitar isso, não posso! De que adianta essa merda de lua se não a salvou agora?!?

Eu vou esperar... Vou esperar aqui, não irei deixá-la. Quero ver com os meus olhos a lua nascer!

E agora ela irá me escutar, não importa mais, faria o necessário para trazer ela para mim outra vez... Ou então eu iria ter que matar a própria lua.

Não conseguia aceitar isso, ainda estava processando ter seu corpo morto por horas em minhas mãos no chão... Não havia saído do mesmo lugar desde sua morte.

Qualquer um que passasse por aqui e interferisse em meu caminho, seria morto. Se eu visse alguém se aproximar, seria morto.

Acho que eu ainda não aceitava que ela havia morrido... Já havia fechado os seus olhos e acreditava que ela estava apenas dormindo em meu colo...

Cantarolava pequenas canções que cantavam para mim quando era criança, ainda me lembro dessa época... Tristeza, apenas a tristeza me consumia agora.

Perder alguém que trouxe o amor para a minha vida outra vez... Meu coração frio ficava quente e pulsante perto dela... E agora está frio e silencioso outra vez.

O tempo parecia passar rápido quando estamos incosolados e perdidos em pensamentos obscuros... Realmente não ligava para os machucados em meu corpo, tratava como se não existissem.

Eu já teria tantas cicatrizes das primeiras mortes que cometi... E agora tenho outra, mas essa era nova e eu não podia vê-la... Mas poderia sentir... Meu peito estava ardendo com isso.

O sol se põe lentamente enquanto a chuva diminui depois de um longo dia de tempestade... Eu o encarava ao longe, descendo cada vez mais entre as montanhas de árvores do horizonte.

O céu escurece com as horas se passando, deixando o véu negro tomar conta, junto das milhares de estrelas no céu.

Então eu encaro, encaro a lua cheia que aumenta o seu brilho com a noite. Isso apenas me lembrava dela, lembrava-me de Luna e do seu brilho igual ao da lua no céu, que agora estava apagado...

Levanto-me com Luna em meus braços, erguendo-a com algumas lágrimas revoltadas saindo dos meus olhos, agora não poderia mais camuflá-las com as gotas de chuva...

- É ASSIM QUE TUDO TERMINA?!

Falo com o mais puro ódio enquanto fito a lua no céu.

- ELA NÃO PODE MORRER ASSIM! EU TENTEI!... Eu tentei...

Não acredito no que estava fazendo...

- EU IMPLORO, TRAGA ELA DE VOLTA PARA MIM! É TUDO O QUE EU PEÇO!!

Mas os próximos segundos pareciam tão silenciosos quanto as horas que esperei pela noite.

- UMA RESPOSTA! EU PRECISO DE UMA RESPOSTA!!

Falo enquanto me ajoelho ao chão com o corpo de Luna, eu não aceito isso... Não consigo aceitar!

- Por favor... Eu imploro a você...

Abaixo minha cabeça, já tendo as minhas esperanças esmagadas... Não queria nunca tê-la conhecido se fosse para acabar assim.

Porém escuto passos ao longe na rodovia, fazendo-me erguer a cabeça para ver quem era.

Jeff The Killer & A Garota Da CabanaOnde histórias criam vida. Descubra agora