Capítulo 23

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Anahí

Quando, finalmente, fiquei sozinha em meu apartamento, deixei o álcool e toda a vergonha do que minha vida havia se tornado me arrebentarem de uma vez por todas e acabei caindo no choro.

Sim, chorei. Chorei porque sentia que a vida havia sido injusta comigo quando tirou meus pais, quando tirou meu avô, quando minha avó ficou doente e quando eu precisei fazer o que faço para nos sustentar, mas chorei mais ainda porque estava exausta de tudo isso, e foi chorando, que adormeci na sala mesmo, acordando somente no dia seguinte com a claridade invadindo o ambiente.

Abri os olhos e me lembrei como havia terminado a noite, mas sem tempo para ficar me lamuriando, levantei-me e tomei um bom banho, vesti uma calça jeans, uma blusa quentinha, já que estávamos no outono e as temperaturas diminuíam consideravelmente e fui tomar meu bom e velho café preto, saindo de casa logo em seguida com destino a clínica.

Assim que cheguei e passei pela recepção, avistei minha avó sentadinha em sua cadeira, avistando o jardim pela janela que havia no salão onde ela se encontrava, sorri com a imagem, pois lembrei-me de como ela sempre me esperava chegar do colégio da mesma maneira.

Me aproximei devagar para não assusta-la e assim que entrei em seu campo de visão, ele fixou os olhos em mim, como se tentasse me reconhecer.

Passei horas ali, ao lado dela, tentando diálogos, lhe acariciando o cabelo, mas a enfermeira me disse que tinha dias que ela simplesmente não falava nada, e aparentemente, aquele dia seria dessa maneira.

Quando tive oportunidade, conversei com o médico responsável pela minha avó, mas a situação dela era a mesma, cuidados paliativos, já que com relação a sua memória, nada podia ser feito.

Voltei para me despedir, dando um beijo em sua testa e prometendo voltar na próxima semana, mas novamente não tive resposta.

Sai da clinica pior do que entrei, não fiz questão de recolher meus cacos, apenas fui para casa e me permiti chorar o máximo que pude, sabia que não havia nada que pudesse ser feito que não estivesse sendo, eu estava me garantindo disso, mas ver minha única família sequer se lembrar de mim, me doía a alma.

Voltei para casa apenas para me afogar em um pote de sorvete e filmes clichês, a fim de tentar esquecer de tudo.

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No dia seguinte, lá estava eu, arrumada para ir para casa de Alfonso totalmente contra a minha vontade, mas trabalho é trabalho, estava apenas torcendo para que não brigássemos, pois eu estava esgotada.

Dessa vez, apesar dele sempre me providenciar roupas, optei por fazer uma pequena mala com coisas básicas e que eu prefiro usar e levei para sua casa.

Assim que sai do meu prédio, Taylor me esperava na porta e logo tratou de pegar minha bolsa e abrir a porta para que eu entrasse

- Bom dia, Taylor! - cumprimentei

- Bom dia, Srta. Anahi! - retribuiu

O resto do caminho foi silencioso, eu apenas aproveitei o silencio do carro e me deixei deslumbrar com a New York que, apesar do horário, já funcionava a plenos valores.

Ao chegarmos a garagem, percebi que todos os carros de Alfonso estavam no lugar, assim como percebi que Taylor estava a minha disposição desde as 07h da manhã, o que significava que ele ainda estava em casa, suspirei e fui em direção ao elevador, não havia saída.

Entrei no apartamento e o mesmo estava em total silêncio, caminhei direto para o quarto que ficava disponível para mim e deixei minha bolsa em cima da cama, sai do quarto e fui em direção a sala de jantar, a mesa estava posta, mas nem sinal dele. Caminhei em direção a cozinha e encontrei com Miranda, que cantarolava baixinho

THE ESCORTOnde histórias criam vida. Descubra agora