Alfonso
Não aguentei mais ficar no casamento depois do meu encontro com Anahi e pensar que durante os quatro anos se passaram encontra-la era tudo que eu mais desejava nesse mundo.
Sai do casamento de Maite e Ian sem me despedir ou falar com qualquer pessoa, não tive cabeça para isso e pra ser sincero nem me lembrei onde estava, só sabia que precisava estar longe daquele lugar.
Assim que cheguei em casa preparei meu bom e velho whisky, sentei-me em minha poltrona e olhando para a cidade entendi de uma vez por todas que eu havia perdido a mulher que eu amava e que não havia nada no mundo que eu pudesse fazer para reparar isso.
- Alfonso... – ouvi chama – o que faz aqui? – perguntou preocupada
- Ela estava lá, Miranda – respondi virando a bebida em meu copo – está casada e aparentemente muito feliz.
- Menino, você sabia que isso poderia acontece – respondeu se aproximando e acariciando meus cabelos
- Eu não esperava – respondi cansado – na verdade eu não esperava nada do que aconteceu até hoje. Eu não esperava que ela fosse embora, eu não esperava que fosse sentir tanto e tão pouco esperava que ela voltaria casada.
- Tem algo que eu possa fazer para que você se sinta melhor? – perguntou em um gesto quase maternal
- Não, Miranda. Não existe nada que vai me fazer sentir melhor nesse momento, mas obrigada por cuidar de mim e me ouvir – agradeci de forma sincera.
- Alfonso, apenas siga sua vida, deixe essa ferida cicatrizar e em algum momento vai parar de doer – falou já deixando a sala
.
Era domingo cedo e eu não havia conseguido dormir, peguei meu celular ainda deitado e vi que havia uma mensagem não lida de Maite agradecendo pela viagem de lua de mel que eu lhe dei de presente e uma foto dela de Ian no voo, sorri ao ver a felicidade dela e bloquei o aparelho, deixando-o de lado.
Desisti de tentar dormir e levantei-me me preparando para minha corrida matinal de todos os dias, tomei uma xicara de café preto e sai rumo ao central park, decidi que quanto antes eu fizesse aquilo, melhor, mais vazio o parque estaria e eu preferia assim.
Fiz as duas primeiras voltas com facilidade, estava habituado e fazia o mesmo trajeto todos os dias, mas quando estava prestes a completar a terceira meus olhos encontraram seu corpo, mesmo de costas eu sabia que era ela, então eu diminui o passo, ela continuo correndo, também parecia habituada, mas seu corpo foi ao chão de forma abrupta em seguida, o que me fez ajuda-la a se levantar e tirar do chão o brinquedo de cachorro no qual ela havia tropeçado.
- Obrigada – respondeu percebendo somente após agradecer que era eu quem estava parado a sua frente - o que faz aqui? – perguntou me encarando
- Estava correndo – respondi sincero, não que eu precisasse explicar, estava obvio por minhas roupas, pelo meu suor, pelo local do parque em que eu me encontrava - estava logo atrás de você, vi o momento que você pisou nisso – mostrei o brinquedo de cachorro que causou sua queda
- Você está me seguindo? - questionou
-Não! -respondi sério - como eu te disse, eu estava correndo, faço isso todos os dias há anos, já havia reconhecido você, mas não tinha intenção de abordá-la até isso - o que era totalmente verdade, eu não ia tentar nada e me sentia ridículo por ter que explicar - você quer que ligue para alguém? Te leve a algum hospital? – perguntei desviando o olhar do dela
- Não precisava ter parado – respondeu mexendo em seu celular - não preciso da sua ajuda – falou me encarando e sorrindo debochadamente em seguida - e melhor, não quero sua ajuda! Não volte a me seguir, da próxima vez chamarei a polícia - falou colocando o telefone em seu ouvido
Não tentei argumentar ou responder qualquer coisa para Anahi, apenas deixei o parque seguindo para o estacionamento, não devia fazer isso, mas decidi que esperaria que alguém aparecesse para busca-la, ela estava machucada e poderia precisar de ajuda, afinal.
Durante os 15 minutos que se passaram vi de onde estava as caras que ela fazia quando tentava tocar nos machucados dos braços, ela pegou o telefone e colocou em seu ouvido por mais duas vezes, apenas para se emburrar e aparentemente desistir, vi quando ela caminhou em direção ao estacionamento no qual eu estava e me escondi próximo alguns carros e latas de lixo, ainda conseguia vê-la e eu só queria garantir que ela estava bem, mas esbarrei na porra de uma das latas, fazendo com que ela me achasse ali
- Você só pode estar de sacanagem – falou caminhando em minha direção – eu já não mandei você parar de me seguir? – falou com raiva
- Eu não estou te seguindo! – respondi levantando a infeliz lata de lixo caída
- O que pensa que está fazendo então? Será que eu não fui clara o suficiente?
- Eu só me preocupei com você sozinha e machucada, ia ficar até que você entrasse em um uber ou alguém chegasse e te ajudasse, não estou querendo te sequestrar ou machucar, Anahi, eu só me afastei porque você não me quer por perto – respondi exasperado
- Por que será, não é mesmo Alfonso? Eu devo ser realmente uma pessoa horrível – respondeu alto
- Eu só queria saber se você ficaria bem – confessei – e só queria te ver um pouco mais, eu realmente senti sua falt... – fui interrompido com o estalado de sua mão em meu rosto
- Não ouse repetir isso nunca mais, eu não quero saber de nenhum dos seus sentimentos, eu não quero saber de você, não quero sua pena, seu cuidado ou compaixão, eu só quero que você se mantenha longe de mim – disse ofegante – eu tenho aversão a você, Alfonso!
- Eu te fiz tão mal assim, Anahi? – perguntei sentindo o coração apertar
- Mais do que você pode imaginar!

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THE ESCORT
FanfictionOntem quando saí da cama osol caiu no chão e rolou pela grama as flores decapitaram a si mesmas a única coisa viva que sobrou foi eu e eu já não sei se isso é vida.