Capítulo 35

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Anahi

Não que fosse possível, mas eu conseguia me sentir ainda mais humilhada que todas as outras vezes, a diferença era que agora eu tinha um "roxo" ao redor do meu pescoço pra me fazer lembrar daquilo.

O final de semana que começou ótimo, terminou de um jeito que eu não consegui entender, eu não havia feito nada, eu  só estava me despedindo de um amigo, caramba.

E dessa vez era pior, porque eu achei que as coisas tinham mudado, depois do jantar, depois de tudo que foi feito, depois do comportamento dele, dos beijos inesperados, das trocas de carinho, eu achei, por um momento, que pudéssemos dar certo de alguma forma juntos, mas ficou claro que não.

Eu tentei, incessantemente lutar contra todas as lágrimas que queriam cair, mas eu falhei, e enquanto Alfonso dirigia concentrado, eu me encolhi no banco do carro, fechei os olhos e deixei que elas viessem.

Eu não sei por quanto tempo mais eu aguentaria aquilo, tão pouco se eu queria ter que aguentar, eu estava magoada, me sentia quebrada e nunca desejei tanto poder ser cuidada. Eu já havia sim, sido agredida enquanto estava com um cliente, mas Alfonso me fez acreditar, e foi erro meu, que ele não era um cliente qualquer, ou só mais um cliente, mas era exatamente o que ele era, apenas mais um cliente.

Eu não queria demonstrar fraqueza, a última coisa que eu era nessa vida era fraca, mas eu chorava copiosamente, diria até que alto, ele apenas olhou para o lado e tornou a dirigir, como se eu não existisse ali.

Não lembro em qual momento, mas acabei pegando no sono e despertei sendo carregada, demorei a abrir os olhos, e quando abri, vi Alfonso caminhando comigo em direção ao elevador do seu apartamento

- eu posso caminhar - disse com a voz rouca e tentando sair dos braços dele, que me colocou no chão assim que as portas do elevador se fecharam.

- ótimo! - respondeu mexendo no celular

Assim que o elevador chegou a cobertura, Alfonso saiu carregando as malas e eu fiquei ali, parada observando, minha vontade era voltar pra casa e ficar longe dele, mas eu estava com medo de brigar por isso naquele momento.

Caminhei até o quarto em que eu costumava ficar e a mala já estava lá, fechei a porta do quarto e me sentei sobre a cama, tentando refletir tudo que havia acontecido até ali.

Mil questionamentos se passavam em minha cabeça. E se eu não tivesse voltado pra falar com ele? E se eu não tivesse aceitado o contrato? E se, os mais pais não tivessem falecido? E se, a minha avó não tivesse ficado doente? E se, eu não tivesse me apaixonado por ele?

A constatação veio mais forte que um tapa e junto dela, trouxe uma nova onda de choro. Eu fui burra o suficiente por me deixar envolver com um cliente e por acreditar que ele se apaixonaria de volta, porque sim, eu acreditava nisso depois de tudo que aconteceu no barco, depois de tudo que vivemos na praia.

E se, eu não tivesse me apaixonado?
E se, eu não tivesse me entregado?
E se...?

THE ESCORTOnde histórias criam vida. Descubra agora