Anahí
Era uma grande linha tênue estar com Alfonso.
Por um momento breve, eu me sentia confortável estando com ele, tomando um café da manhã em uma segunda-feira e decidindo que eu realmente gostava do sorriso dele, me sentia até mesmo animada.Por outro lado, ele tinha atitudes que faziam com que eu me sentisse um lixo, como por exemplo, decidir o método contraceptivo que eu tenho que usar, como se eu já não fizesse uso de algum, e pra piorar, ainda tive que lidar com uma suposta amiga na qual ele claramente não queria se indispor.
Depois de todos os episódios ocorridos naquela manhã, eu estava saturada, eu só queria estar na minha casa, com as minhas coisas e com os meus pensamentos, sem precisar me trancar em um quarto pra fugir dele e por isso, eu pedi para que ele me deixasse ir.
Alfonso parou o carro ainda próximo ao consultório onde havia me levado e sem ter nada a dizer, saí do carro sem olhar pra trás, ele também seguiu sem olhar para trás.
Chamei um táxi e dentro de poucos minutos estava em casa, já cheguei me despindo e indo tomar um banho, depois decidi que precisava colocar a minha casa em ordem e por isso, troquei toda a roupa de cama, tirei as toalhas, organizei e limpei o meu quarto, assim como fiz com o banheiro, sala e cozinha, enquanto organizava, abri um vinho e bebia o mesmo tranquilamente, meu pensamento me levou para anos atrás, quando eu ainda era uma garota e a minha única obrigação era ajudar a minha avó com todas as tarefas de casa.
Terminei de organizar meu apartamento, separei todo o lixo e antes de levá-lo peguei o meu telefone, precisava entrar em contato com a clínica e assim o fiz.
Minha avó era o motivo pelo qual eu precisava ter dinheiro, não culpando-a pelo o que eu faço, até mesmo porque isso é responsabilidade minha, mas eu faço questão de garantir para ela tudo que ela garantiu para mim a vida toda.
Por conta do alzheimer, eu não tenho como cuidar dela e por isso, decidi que ela ficaria em uma das melhores clínicas da cidade, recebendo o tratamento adequado e cuidado 24h por dia, eu visito ela toda semana, embora tenha falhado nas últimas por conta de tudo que vem acontecendo.
Liguei para a clínica e me atualizaram do estado dela, informando que está tudo bem, que eventualmente ela chama por mim, mas ela está bem, garanti que estarei lá para visitá-la essa semana.
Assim que terminei a ligação percebi que já era noite, deixei o telefone de lado e organizei todo o lixo para descer com ele, estava frio lá fora e escuro, eu sempre fazia isso o mais rápido possível porque sentia medo do local onde o lixo precisava ser dispensado.
Consegui concluir minha tarefa e sai o mais rápido que pude, mas senti mãos em meus braços e me assustei, mas logo ele tratou de me acalmar
- que susto, Ian. Tá maluco? - questionei com a mão no peito
- desculpa - falou sorrindo - não quis te assustar, mas tentei te ligar e seu telefone só dava ocupado, decidi passar aqui pra ver se não quer tomar algo?
- não foi a melhor abordagem - sorri - mas não estou muito no clima pra sair hoje, estou meio exausta mentalmente
- entendo -falou com as mãos nos bolsos. Está sendo difícil lidar com Alfonso? - perguntou
- você não imagina o quanto! - suspirei - mas se quiser, podemos beber lá em casa, eu já estava bebendo mesmo e acho que alguém está precisando conversar né?
- sim! - afirmou - preciso dos conselhos que só uma grande amiga pode me dar.
Passei o braço pela cintura de Ian, que por sua vez passou o dele pelos meus ombros e fomos caminhando para dentro do prédio tranquilos.
Entramos em meu apartamento e Ian, muito a vontade, se jogou no meu sofá e eu sorri
- me conte o que te aflige - falei passando uma taça de vinho para ele
- eu acho que estou apaixonado! - falou em meio a uma gargalhada - o que e ridículo, porque eu nunca quis nenhum tipo de relacionamento amoroso para mim
- ué, mas esse tipo de situação acontece, sentimento não é algo que se controla - respondi sentando em uma poltrona que havia em minha sala - posso saber quem é a felizarda?
- mas aí que tá, eu não queria estar. Na minha vida, Anahi, eu nunca vi ninguém se apaixonar e viver o felizes para sempre. Não é nem algo no que eu acredite, mas aí eu me deparo com esse sentimento e não sei o que fazer
- viva o sentimento, Ian. Sinta ele! As vezes as coisas dão certo, as vezes não, mas mesmo que não dê, você nunca vai se arrepender de não ter tentado. Agora me diga quem é a felizarda, por favor
- eu digo, mas em hipótese alguma você poderá falar sobre isso com Alfonso - falou bebericando seu vinho
- eu e Alfonso não conversamos, Ian. Ele acha que tudo que sai da minha boca é mentira, além disso, como ele sempre diz, eu sou uma funcionária dele, nada além. Não presto satisfação da minha vida, tão pouco teria uma conversa confidencial com ele.
- Anahí, por que você nunca aceitou as minhas propostas? Eu, desde que te conheci sempre te ofereci um emprego, sempre tentei te tirar da vida que você leva para que esse tipo de coisa não acontecesse com você, mas você nunca aceitou, por que? - perguntou
- pelo mesmo motivo de sempre, Ian. Apesar de você me oferecer um bom emprego, eu nunca conseguiria pagar a clínica que pago para a minha avó. Eu vou continuar fazendo o que faço até que não seja mais necessário, isso não é um ponto a ser conversado, mas eu sempre te agradeci, você é um excelente amigo. Agora para de enrolar e me conta - pedi
- Eu estou apaixonada por Maite Herrera.
Não tive tempo para receber a notícia e ficar feliz por ela, pois imediatamente, minha campainha tocou.
Assenti para Ian, como quem diz "já vou comentar sobre isso" e fui abrir a porta, apenas para me deparar com ele ali
- Alfonso...
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THE ESCORT
FanfictionOntem quando saí da cama osol caiu no chão e rolou pela grama as flores decapitaram a si mesmas a única coisa viva que sobrou foi eu e eu já não sei se isso é vida.