Alfonso
A noite estava se aproximando e um misto de ansiedade começou a tomar conta de mim, como se eu nunca tivesse sido premiado antes. Não posso desconhecer que o prêmio era mais um reconhecimento do trabalho árduo de muitos anos, mas, por alguma razão, eu não conseguia relaxar e tentar aproveitar aquele momento. O que deveria ser um momento de celebração estava se tornando um peso. A situação com Anahi não ajudava, aquela grosseria da hora do almoço foi uma demonstração clara de que qualquer tentativa de reaproximação da minha parte seria em vão, ela jamais me perdoaria e eu que me contentasse com isso.
Passei a tarde em uma sessão de fotos que a revista havia pedido que fosse feita. Eu seria a capa, então utilizamos o escritório do resort e após o fim da sessão, tomei um café com a equipe, o que foi bom para distrair a mente, mas assim que voltei ao quarto, enquanto me preparava para o evento, sentia o coração pesado. Cada detalhe da minha apresentação e do meu discurso haviam sido cuidadosamente planejado por minha equipe, e isso estava sob controle, já eu, não podia dizer o mesmo, a ideia de ver Anahi na plateia, me deixa inquieto, e pensar que todos os meus desejos dos últimos anos era que ela soubesse que cada premio era dedicado a ela.
Depois de estar pronto, vestido com um smoking preto, liguei para Maite, queria saber se ela estava bem, agora que entrava quase no sétimo mês de gestação, e queria saber também se tinha dedo de Ian na aparição de Anahi na convenção, somente isso explicava o fato dela estar ali, ou, de repente estava aproveitando as Bahamas com o marido, já não sabia mais o que pensar.
A ligação chamou algumas vezes até que Maite atendeu e mudou a ligação para chamava de vídeo
- oi, irmão! Como está? – perguntou animadamente assim que me viu – está lindo! – disse feliz e tranquila
- oi, Mai – respondi – escute, você sabe se Ian tem alguma coisa a ver com Anahi estar aqui na convenção? – perguntei, tentando conter o tom de frustação na minha voz. Vi Maite revirar os olhos, uma mistura de preocupação e desprezo tomando conta do seu olhar.
- sinceramente? Se ele tiver, vou me enfurecer! – respondeu irritada – por que essa mulher tem que aparecer nos momentos mais inapropriados? Ela teria nos feito um favor se tivesse sumido de vez – suspirou – enfim, você merece mais do que isso, mais do que ela!
- Maite, eu não consigo apenas ignorar a presença dela nesse lugar e nem conseguiria em nenhum outro no mundo – expliquei, suspirando em seguida, sentindo a tensão crescer – quero entender o que está acontecendo, é pedir demais? – perguntei
- olha, é pedir demais sim, porque eu não quero que você se machuque de novo, que você se machuque mais. Essa mulher... – ela hesitou, a voz suavizando um pouco – ela te deixou em pedaços, eu catei cada um deles e coloquei no lugar, apesar de ter plena consciência que você nunca se recuperou. Eu me preocupo com você e não quero te ver daquela forma novamente!
- eu também me preocupo com você, Mai. Agora mais do que nunca, eu me preocupo com vocês, você está gravida, deveria estar descansando – tentei mudar o foco da conversa, mas não tinha jeito, uma vez que o nome de Anahi fora mencionado.
- eu só quero que você fique longe dela! – respondeu séria – se Ian estiver envolvido nisso, eu mesma irei lidar com isso – ela disse com um tom decidido, mas ao mesmo tempo protetor me fazendo sorrir, porque quem tem que protege-la sou eu.
Conversamos mais algumas amenidades, ela me disse que Ian ainda está com raiva porque Maite não quer revelar o sexo do bebê e ele não aguenta mais comprar roupas de cores neutras, mas se eu bem conheço minha irmã, uma vez que ela definiu isso, ela não mudará de ideia.
Após a videochamada, suspirei me preparando para seguir para festa, onde assim que cheguei, fui direcionado a uma espécie de camarim para esperar ser chamado, repassei o discurso, ajeitei o terno e logo fui direcionado a subida do palco, onde fui chamado.
Assim que peguei o microfone em minhas mãos e olhei para todos que ali estavam, meus olhos foram em direção a ela, que estava ainda mais bonita, os lábios vermelho vivo atrativos, mas não podia me distrair, embora já estivesse.
Meu discurso saiu com a fluidez de quem já estava acostumado e preparado para aquilo, mas ao encontrar os olhos de Anahi tão atentos a mim, não pude deixar passar, queria que ela soubesse que eu não era o mesmo, queria deixar aquilo claro na frente de todos e por isso modifiquei o final do discurso
- Estou aqui hoje, não apenas como empresário, mas como alguém que continua aprendendo, que errou muito ao longo dos anos, mas que aprendeu ainda mais e principalmente, que ainda está em constante evolução. Obrigado a todos!
Após o fim da premiação, desci do palco e fui cercado por rostos conhecidos, tomei uma dose de whisky que foi servida por um garçom e em seguida fui abraçado com Christopher, um velho conhecido que estava ali
- Herrera, será que um dia deixará algum outro mero empresário como eu receber esse premio? – perguntou em tom de brincadeira
- tente a sorte – respondi também em um tom ameno, mas logo a vi caminhando em minha direção e suspirei.
Diana era uma empresária que havia, há anos atrás, jantado uma única vez comigo e desde então, vem demonstrando interesse em mim, mas nunca foi algo correspondido, tão pouco uma possibilidade para mim, mesmo que ela quisesse insistentemente torna-se um dos meus casos, o que jamais aconteceria.
- Alfonso! – disse, sua voz suave e cheia de entusiasmo – parabéns! Você realmente merece este prêmio – falou esbarrando em Christopher e se jogando em meus braços para um abraço, deixando um beijo no meu rosto
- obrigado, Diana! – respondi, meu tom mais seco do que pretendia. O que eu realmente queria era que todos parassem de me bajular. O excesso de elogios e a adulação me deixavam desconfortável, mas Diana era ousada e se inclinou ligeiramente, sussurrando em meus ouvidos
- você sabe que estou sempre disponível para discutir negócios, né? – se afastou me encarando – e quem sabe um jantar para celebrar? – seus olhos brilhavam com a intenção clara
- sim, talvez... – respondi apenas para me desvincular da conversa, afastando a mesma de mim, já que a cada palavra de Diana eu me sentia mais sufocado. Não era por falta de respeito, simplesmente não era isso que eu precisava naquele momento.
Por sorte, novamente a equipe da revista me chamou para fazer outras fotos, o que me fez me afastar e quando retornei, Diana já não estava mais ali.
A festa, antes vibrante, agora parecia um labirinto, nem mesmo a conversa com Christopher me distraia, as vozes, os risos, começaram a se misturar, minha cabeça começou a doer e eu entendi que precisava sair dali um pouco.
Me afastei da estrutura da festa, cumprimentando brevemente os seguranças, caminhei pelo resort e fui até a praia destinada ao mesmo, onde me sentei em uma das espreguiçadeiras que tinha ali, sentindo a brisa suave do mar e o vento gostoso que fazia aquela noite. Precisava de um momento sozinho, um espaço para que eu pudesse colocar a cabeça no lugar e clarear a mente.
Fechei os olhos por alguns segundos, mas ouvi alguns passos, o que me fez olhar na direção de onde eles vinham apenas para encontra-la ali, os sapatos nas mãos, os olhos atentos a cadeira em que eu estava.
Era Anahi.
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THE ESCORT
FanfictionOntem quando saí da cama osol caiu no chão e rolou pela grama as flores decapitaram a si mesmas a única coisa viva que sobrou foi eu e eu já não sei se isso é vida.