Capítulo 63

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Anahi

Desci para o café da manhã com uma sensação de inquietação que parecia pairar sobre mim desde a noite anterior. A presença de Alfonso, tão intensa e carregada de emoções, ainda ecoava em minha mente, mas eu definitivamente precisava manter o foco.

Enquanto esperava meu café da manhã no restaurante do resort, peguei meu celular e resolvi pendencias de trabalho, enviando e-mails e confirmando agendas para a próxima semana, quando eu já estaria de volta. Aproveitei para enviar uma mensagem rápida para Dulce, querendo saber se Nate havia levado adiante a ameaça que fizera antes da minha viagem. A insegurança de perder a empresa, algo que eu havia construído com tanto esforço, me deixava aflita, e a falta de noticias piorava a situação.

Depois de tomar um bom café da manhã, vi no painel as palestras que eu assistiria aquele dia e me concentrei nos compromissos da convenção, respirei fundo, tentando afastar as emoções e me convencer de que, ao menos, por algumas horas, não tinha Nate, nem Alfonso. Teria somente o futuro da minha empresa e a minha máscara de profissionalismo para ser utilizada durante todo o dia.

Assim que entrei no salão principal do evento, me dei conta que faltavam apenas dois dias para a convenção acabar. Estava quase lá. Mais dois dias, e eu poderia retomar o controle sobre a minha vida – ou ao menos tentar.

O dia foi uma verdadeira maratona de atividades, cada uma mais intensa que a outra. A manhã começou com um workshop sobre inovação em estratégias de marketing, onde especialistas discutiam como impulsionar marcas através de novas plataformas digitais, eu ouvi atentamente a tudo, anotando ideias que passaria para Dulce assim que voltasse. A sala repleta de mentes criativas e inspiradoras me fazia sentir que estava exatamente onde sempre sonhei estar. Troquei contatos com alguns palestrantes e até fui convidada para uma breve reunião à tarde.

O próximo workshop foi sobre liderança estratégica em tempos de crise, o que trouxe à tona algumas emoções ao pensar na ameaça de Nate. Apesar disso, mergulhei nas discussões, sentindo-me fortalecida pelo conhecimento que estava adquirindo. Conversei com outras mulheres CEOs, trocando conselhos e estratégias, criando uma rede de apoio que, até aquele momento, nem sabia que precisava. Cada conversa me fazia perceber o quanto eu amava o que fazia e o quanto eu havia me encontrado naquela área.

No fim da tarde, com a agenda ainda cheia, participei de uma mesa-redonda sobre impacto social das grandes empresas, onde ouvi histórias inspiradoras e reconheci a importância do que fazíamos além do lucro. Mesmo exausta, eu continuava absorvendo tudo com muito entusiasmo e gratidão por poder viver aquilo. Pra mim era mais uma confirmação de que a minha paixão pelo meu trabalho ia além da ambição pessoal, mas era também uma dedicação genuína a algo maior, um reflexo do que eu sempre quis construir.

Depois das horas de palestras, workshops e troca de contatos, acabei aceitando o convite de algumas colegas para um encontro descontraído no bar do resort. Assim que saímos do salão de eventos fomos direito para lá, escolhemos uma mesa próxima a grande porta de vidro, onde se podia ver o mar. O cenário perfeito, em uma mesa rodeada de mulheres me fez sentir acolhida ao perceber que eu não era a única mulher ali que se sentia exausta, mas energizada pelo propósito.

Os primeiros drinks serviram para aliviar o peso do dia, e logo as conversas começaram a fluir naturalmente, trocávamos risadas e histórias sobre desafios superados, decisões difíceis e as sutilezas que somente nós, mulheres do mundo corporativo entendíamos. Havia uma cumplicidade entre nós, uma ligação que transcendia as diferenças de áreas de atuação ou os níveis hierárquicos. Ali, éramos todas iguais, mulheres que, contras as expectativas, haviam conquistado seu próprio lugar ao sol.

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