Anahi
Depois que Nate saiu de casa naquela noite de sexta-feira sob uma ameaça velada, eu claramente não tive mais sossego, pois apesar de não estar, no momento, dividindo o teto comigo, ele se fazia presente nas diversas ligações que fazia no dia, nas aparições repentinas na empresa e até mesmo no mercado, eu já não aguentava mais.
Quando me casei com Nate eu realmente acreditava que seríamos felizes, vínhamos de um namoro muito saudável, onde ambos nós fazíamos bem, mesmo sabendo do meu passado, ele nunca pontuou isso de forma agressiva como vinha fazendo, assim como, mesmo sabendo de Alfonso, ele nunca havia sido pauta ou problema no nosso relacionamento.
- eu realmente acho que ele está fazendo isso pra que você fique com medo e acabe aceitando as coisas que ele tem feito - falou Dulce comendo sua salada em minha sala enquanto fazíamos o horário de almoço
- eu não tenho medo dele, Dul. Na real, eu acho que já passei por tantas coisas que eu simplesmente não consigo sentir medo de uma forma geral, e se a intenção dele for fazer com que eu engula essa situação, ele só tem piorado tudo - suspirei - eu juro que um pedido de desculpas lá no início teria bastado!
- o que mais me choca é que ele nunca foi assim - falou pensativa
- ou ele sempre foi assim e eu só não percebia porque era
sútil demais pra ser percebido - respondi em meio a um sorriso triste lembrando que Nate sempre dava um jeito de prevalecer suas vontades, mas não era nada que merecesse tanta atenção à época- você pensa em fazer o que? Se divorciar?
- não sei se estou pronta para me divorciar - falei pensativa - sei que não existe dar um tempo em nenhum tipo de relacionamento, ou está junto, ou não está, mas no momento eu só não consigo estar perto dele, ainda estou triste e chateada com tudo que foi dito e talvez precise de um tempo pra saber se conseguirei passar uma borracha por cima disso tudo e fingir que nunca aconteceu pra seguirmos com nossas vidas- Ani, não quero ser a pessoa a te apontar o que precisa ser feito, afinal, olha pra mim, nem relacionamento eu tenho, mas acredito que esse tipo de situação exige uma decisão e não um tempo, não acho que seja admissível o tipo de comportamento que ele vem tendo com você, a agressividade na qual ele vem te tratando, isso pode piorar e eu não suportaria te ver machucada e amedrontada como quando te conheci - falou segurando a minha mão de forma carinhosa como quem me dá apoio - o mal se corta pela raiz, não fica se deixando germinar e espera pra ver no que vai dar
- eu sei, Dul, mas é um casamento - respondi chorosa
- bom, pense com carinho! - disse recolhendo suas coisas e saindo da minha sala
.
Duas semanas se passaram e eu havia chamado Nate para conversar em casa, precisávamos colocar os pingos nos is e eu não queria brigar, só queria resolver o que precisasse ser resolvido, até porque legalmente somos marido e mulher e eu precisaria sair uns dias de Los Angeles a trabalho e entendo que não seria de bom tom simplesmente desaparecer.
- querida... cheguei! - falou abrindo a porta e imitando os flintstones, mas sem um pingo de humor - espero que tenha sentido minha falta - falou selando meus lábios, não sendo correspondido
- na verdade, precisamos conversar - respondi também sem humor - sente-se - pedi apontando a poltrona da sala de estar
- oh, claro. Eu lembrei que preciso que você autorize que eu me sente em uma poltrona que pertence a minha casa
- Nate, por favor, eu não quero brigar - pedi - sente-se ou fique em pé, como preferir - ele apenas assentiu com a cabeça sentando-se em seguida
- espero que tenha pensado melhor e tenha entendido que estamos passando por uma crise e que podemos reparar o que quer que esteja acontecendo no nosso casamento
- na realidade, eu te chamei aqui pra dizer justamente o contrário, porque eu não tenho certeza se podemos reparar o que foi dito e o que foi feito, na verdade, eu não sei se consigo simplesmente esquecer e seguir em frente - falei analisando-o
- e o que você espera? Que o nosso casamento simplesmente acabe? - sorriu - espero que não tenha nem cogitado a possibilidade
- e se eu tiver? - questionei - Nate, eu não consigo olhar pra você nesse momento, não consigo simplesmente pensar em nós dois vivendo aqui como se nada tivesse acontecido, porque aconteceu. Você me magoou, você me disse coisas que eu não escutei nem mesmo de pessoas que me queriam mal, então continuar pra que? Talvez o divórcio seja a nossa solução, sair disso de uma forma amena e que não machuque ninguém - expliquei
- nós não vamos nos divorciar, Anahi, apenas tire isso da sua cabeça. Somos adultos, casados, temos problemas, todos os casais tem e iremos passar por isso, mas o divórcio não é uma possibilidade! - respondeu calmo
- eu não quero mais! - anunciei - e eu não vou viver em um casamento de mentira só porque você quer, ou seja, chegamos a um impasse e eu não pretendo abrir mão do que eu quero.
- espero que saiba que querer não é poder. Não iremos nos divorciar!
- Nate, nós iremos! - suspirei
- faremos o seguinte, Anahi. Vamos tirar um tempo, dois meses? Três? Quem sabe até quatro, você terá tempo suficiente pra entender que não consegue e não pode viver sem mim
- Nathaniel, eu quero o divórcio, somente o divórcio e você pode tentar impedir, atrapalhar, fazer o que for, eu não tenho pressa, hora ou outra, extrajudicial ou judicialmente, seremos apenas Anahi Portilla e Nathaniel Archibald.
- pois eu digo que você não deixará de ser a Sra. Archibald, sabe por que? - perguntou próximo a mim - porque eu vou te invalidar de todas as formas possíveis, eu vou dificultar tudo que eu puder, eu vou tomar a empresa, eu vou tomar essa casa que você tanto idolatra dos seus queridos avós e isso será suficiente pra você voltar atrás, ainda assim, te deixarei tentar - sorriu
- você não seria capaz... - falei sentindo meus olhos marejarem
- eu vou deixar você tentar! - falou levantando-se - serei legal e vou me instalar em um flat enquanto você brinca de tentar se divorciar - saiu batendo a porta da frente me deixando completamente dormente de raiva.
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THE ESCORT
FanfictionOntem quando saí da cama osol caiu no chão e rolou pela grama as flores decapitaram a si mesmas a única coisa viva que sobrou foi eu e eu já não sei se isso é vida.