Capítulo 38

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Anahi

Difícil, talvez impossível, era a palavra que melhor definiria a minha convivência com Alfonso nas últimas semanas, sempre nos confrontávamos e eu sempre terminava com medo, o que me irritava, porque era como se eu não me reconhecesse, eu nunca tive medo de briga, e cá estava eu, trancada em um quarto evitando-0.

A bem dizer, eu sabia do que exatamente eu estava com medo, mas eu não entendia o por que daquilo. Por que eu tinha me despedido de um amigo?

Enfim, eu só desejava, cada dia mais e mais que tudo isso acabasse logo, que eu pudesse voltar para a minha casa e não precisasse vê-lo nunca mais, mas enquanto isso não acontecia, eu precisei abrir a porta do quarto ao ouvi-lo me chamar.

- se arrume - ele disse, entrando no quarto - iremos receber visitas e você vai ser boazinha e dizer que está tudo ótimo! - eu apenas assenti, na tentativa de que ele saísse dali logo - não vai dizer nada? - questionou

- se eu disser algo você deixará de me tratar como um louco? - perguntei - vai mudar algo?

- eu vou te ver irritada como você está agora e eu vou adorar - disse mexendo em uma mecha do meu cabelo e cheirando em seguida - maldito cheiro - sussurrou de forma quase inaudível, se não fosse pelo enorme silêncio que fazia naquele quarto - não demore - disse em um tom ríspido

Não dava pra entender toda essa mudança de humor repentina, mas não seria eu a questionar.

Tomei um banho e me arrumei, seguindo as orientações de Alfonso, sabia que receberíamos visitas, mas não quem elas eram, então não abusei muito, colocando apenas um vestido.

Ao sair do quarto, ouvi meu celular apitar e eu quase não mexia nele, não queria que isso também fosse um problema, usava apenas para coisas pontuais, como ligar para a clínica para checar minha avó.

Sorri ao ver quem se tratava, era Nate, o médico da minha avó. Quando o Dr. Paul precisou deixar a clínica eu lamentei muito, ele era um excelente médico, mas assim que Nate assumiu, percebi que ele também é, além de ser extremamente atencioso e gentil, estava sempre me atualizando sobre minha avó através do WhatsApp, mesmo que eu não pedisse, além de sempre que possível, me enviar memes para me fazer sorrir, segundo ele, uma mulher tão bonita como eu não deve estar sempre tão triste como eu tenho estado.

Respondi sua mensagem, que era apenas uma figurinha com um cachorro de óculos que arrancou uma gargalhada e deixei o telefone guardado.

Caminhei até a sala de estar e me deparei com Alfonso bebendo, pra variar. Nenhuma palavra foi dita, e ignorando sua presença, me aproximei da vidraça para admirar a cidade, hábito que havia criado estando ali.

Enquanto admirava a cidade, senti a presença de Alfonso atrás de mim, ele não me tocava, apenas cheirava meus cabelos, me fazendo suspirar.

- o que você quer de mim, Alfonso? - questionei me virando para ele e ficando cara a cara

- você! - ele respondeu, parecendo sereno, mas era nítido a confusão em seu olhar

- eu estou aqui, não estou? - falei abrindo os braços - estou aqui há tempos - suspirei - estou aqui mesmo com você mudando de humor em todos os momentos, mesmo com suas grosserias - respondi acariciando seu rosto - eu ainda estou aqui - Alfonso não disse nada, apenas tirou minha mão de seu rosto e se afastou, me deixando com cara de idiota.

Virei-me novamente para a vidraça e quis ignorar o episódio, mas a campainha do elevador me chamou de volta para a minha realidade, me fazendo ver quem chegava... Ian e Maite.

- Ian - respondi sorrindo e indo até o mesmo cumprimentá-lo e cumprimentar também Maite

- como está? - Ian perguntou me abraçando e encarando Alfonso

- estou bem - respondi sem tanto entusiasmos - e vocês? - perguntei

- estamos bem - Maite respondeu me abraçando também - com saudades, já que vocês, apesar de perto, parecem estar sempre longe.

- não comece, Maite - Alfonso respondeu do bar

- me conte como tem estado - pediu Ian, o que me fez distrair-me um pouco daquilo tudo, ele sempre preocupado comigo e sendo um excelente amigo.

Enquanto conversávamos, o jantar foi servido e Maite conversava sobre negócios com Alfonso, que pela forma como falava, parecia estar nervoso.

- ele não tem feito nada com que eu deva me preocupar né? - Ian questionou mais baixo

- não! - respondi rapidamente - na verdade, nos mal nos falamos. Eu só estou nessa casa esperando o tempo passar e isso tudo acabar! - respondi

- eu sinto muito por tê-la colocado nessa situação - disse me abraçando

- a culpa não é sua, Ian. As vezes eu tenho esquecido, mas isso é meu trabalho!

- não precisa continuar sendo, você sabe.

- eu sei e agradeço! - apertei o abraço, mas senti uma mão ao redor do meu braço me puxando levemente para próximo dele

- tudo bem aqui, querida? - Alfonso perguntou me encarando

- tudo ótimo!

- espero que tudo isso acabe logo! - Ian falou em um murmúrio

- é, eu também!

THE ESCORTOnde histórias criam vida. Descubra agora