Bebe.

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        — O que aconteceu? — perguntei, ofegante, ao ver minha sogra agachada à porta do quarto, chorando de forma desesperada

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  — O que aconteceu? — perguntei, ofegante, ao ver minha sogra agachada à porta do quarto, chorando de forma desesperada.

— O Gabriel está tendo convulsões! — soluçou, os olhos marejados de pânico. — Os médicos me tiraram do quarto para que pudessem atendê-lo melhor... Disseram que não é um bom sinal! — Abracei-a e nos desfizemos em lágrimas. — Eu estou perdendo as esperanças, Vívian... Ele está sofrendo tanto.

Olhei em seus olhos e neguei com firmeza.

— Não tem essa! — disse minha mãe, com voz calma, aproximando-se. — A gente precisa ter fé.

— Ele vai sair dessa! — afirmou minha irmã, ajoelhando-se ao nosso lado. — Acredito que o pior já passou.

— Vamos esperar o médico sair e nos dar alguma notícia — completei, tentando manter a serenidade que me escapava por dentro.

Fiquei ali, abraçada à minha sogra, até que o médico surgiu na porta. Entramos novamente no quarto. Aos olhos de quem não conhecia Gabriel antes, ele talvez parecesse abatido demais, mas para nós... era a melhor versão dele nos últimos dias.

— Gabriel já está medicado — disse o médico. — As convulsões cessaram, por ora. Vamos observar. Se persistirem, aumentaremos a dose.

— Quando ele acordar, há chance de precisar continuar com as medicações para evitar novas crises? — minha voz saiu trêmula, mas precisei perguntar.

— Quase certo — respondeu o médico russo, de maneira direta.

— Só saberemos o real impacto quando ele acordar. Pelos exames, há sinais de possível comprometimento na fala, na coordenação motora... ou em ambos — explicou Pierre, com tato. — Quando chegou ao hospital, a oxigenação estava muito baixa. E o coágulo no cérebro já tinha mais de dez dias.

— Então, as chances de ele acordar bem são mínimas? — Gustavo adiantou-se, ecoando uma das tantas perguntas que me afligiam.

— Quase mínimas — disse o médico. — Mas não impossíveis. O caso é delicado... mas estamos fazendo tudo ao nosso alcance.

Após a saída dos médicos, desabei.

— Não perde as esperanças, Bi — Tália apertou minhas mãos com firmeza. — Ele tá lutando. Os médicos estão fazendo o que podem, mas ele precisa ver a gente forte também.

Concordei em silêncio, fungando. Dali, enxergava meu pai com a testa apoiada no peitoral de Gabriel, e Gustavo fitando o irmão com expressão de negação.

Eu não ia desistir do meu marido. Não tão fácil assim.

Os dias seguintes passaram quase sem tempo para o luto. No dia seguinte, os irmãos dele vieram visitá-lo. Danilo ficou encarregado da fisioterapia.

— Tá todo travado esse novinho! — disse, ao mover as pernas de Gabriel. — O joelho dele até range. — Aproximei-me, atenta.

— A luta vai ser diária quando ele voltar a correr. — Mexeu nos dedos e tornozelo do irmão. Imediatamente, os batimentos cardíacos de Gabriel dispararam. Apertei o botão vermelho. A enfermeira correu.

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