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Alice

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Alice.

Me sinto diferente. O meu corpo, a minha cabeça, os meus sentimentos. Tudo está diferente. Lembranças de nós dois naquela pequena casa e naquele quarto me faz abrir um sorriso preguiçoso. A minha primeira vez com Lucca fora inesquecível, mas a segunda certeza foi marcante.

Você me marcou, Lucca Fassini e temo que outro homem jamais poderá mudar isso um dia.

Suspiro de modo audível, quando seus beijos ardentes me vem a lembrança. O seu corpo grande e forte sobre o meu, me envolvendo e me inquietando. As suas mãos me apertando...

Ai, Deus preciso parar de pensar nisso ou vou enlouquecer!

A pior parte foi ter que deixá-lo ali sozinho. Eu precisava fazer aquilo. Não seria justo deixá-lo aqui no Brasil preso a uma promessa por três longos anos. E não seria justo comigo também.

— E aí, não vai me contar mesmo o que rolou entre você e o Lucca na festa? — Mila, minha amiga desde sempre me desperta com a sua curiosidade aguçada.

— Não houve nada, Mila.

Não sei se estou querendo enganá-la ou enganar a mim mesma com essa conversa.

— Como assim, não houve nada? Vocês sumiram por quase uma hora e meia, amiga. E quando você voltou estava estranha. E o Lucca foi embora da festa sem se despedir de ninguém. E você me diz que não aconteceu nada?

Dou de ombros e olho ao meu redor, no imenso salão do aeroporto a procura de não sei o que. Não sei, acho que gosto de pensar que ele vai passar pelas portas largas de vidro a qualquer momento para se aqui despedir mim.

Não seja tola, Alice. Você o magoou, acredita mesmo que ele virá?

Meneio a cabeça em um não lento.

É claro que ele não vem.

Eu o mandei seguir com a sua vida sem mim, depois de uma transa pra lá de indecente, enquanto ele queria esperar por mim aqui. Que absurdo! E depois tem os meus pais que estão aqui. Então, qual seria a desculpa para ele estar aqui também?

Meu pai jamais aceitaria a nossa relação. Esse é motivo suficiente para mantê-lo longe de mim.

— Vai mesmo me deixar no vácuo?

— O que?

—Alice, você está indo para Londres, vai passar três anos por lá. Vai mesmo me deixar mergulhada nessa minha curiosidade assassina?

Céus, quanto drama! Chego a rir por dentro.

Cautelosa, olho ao meu redor para ter certeza de que os meus pais e os meus irmãos estão por perto. E posso dizer que é um alívio vê-los fazendo compras de souvenir para as crianças.

— Nós trasamos — digo de uma vez, mas sem olhá-la nos olhos.

— O que?! — Ela praticamente grita, chamando a atenção de todos dentro do grande salão.

12. Ardente PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora