SETE

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Ponho os óculos de proteção

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Ponho os óculos de proteção.
Os protetores de ouvidos.
Seguro a arma em punho e miro no alvo de papel a alguns metros de distância de mim.
Respiro fundo e aperto o gatilho... A bala sai como um raio e um furo certeiro aparece no centro da cabeça do desenho.
Mordo o lábio inferior e solto uma sequência de disparos certeiros em seguida.
Destravo o tambor, retiro o cartucho vazio e deposito outro na sequência.
Mais disparos...
Isso me ajuda a não pensar no perfeito e lindo cenário familiar de horas antes.

Não acredito que me deixei levar.
Não acredito que isso está acontecendo comigo  outra vez.
E dessa vez é ainda pior.
Eu estou perdidamente apaixonada por ele... Como pude deixar isso acontecer?

Estou com raiva...
Raiva de mim mesma.
Raiva dele.
Raiva dela... Porra eu estou com raiva dela?!
Ela teve sessenta dias, porque justo agora?

E lá se foi mais um cartucho. Penso lamentavelmente.

Quando conheci o Humberto, achei que seria para sempre...
Sério?
Como um cara tão carinhoso, tão atencioso, tão meigo e tão lindo, pode ser tão machista?
Ele simplesmente não aceitava que a sua futura esposa trabalhasse....  Ainda mais na minha profissão.
Odiava quando ele enchia a boca na roda de amigos do banco e dizia... Delegada Marisa Montreal isso é só um capricho.
Os homens riam do seu comentário, enquanto eu bufafa revoltada.
Minha profissão foi o motivo de muitas brigas entre nós e também o fim do nosso relacionamento.

Aaaaah!!!
Porque tem que ser tão difícil pra mim?
Teodoro é diferente...
Ele me entende, passou pela mesma coisa... E me aceita assim, do jeito que eu sou.
Bom... Aceitava.

A essa hora ele deve está se reconciliando com a sua esposa e conhecendo finalmente a sua filha.
Um nó sufoca a minha garganta e eu reprimo a vontade de chorar.

... E se eu quiser mais?

Não acredito que eu disse aquilo.
Eu não devia...
Eu sabia que era algo provisório. Que o Téo era casado.
E que eles tinham uma bebezinha juntos.
E claro que um dia a Anne iria se arrepender dos seus atos e voltaria para o marido correndo.
Téo foi claro quando disse que não queria compromisso.

Como eu fui burra!!!
Devia ter me afastado quando percebi que estava me envolvendo demais.
Puxo a respiração e baixo a arma , a segurando firme sobre o gabinete.
Uma mão toca o meu ombro de repente me fazendo olhar para trás.

_ Tudo bem aí?  Você parece querer matar um._ Nando diz abrindo um sorriso amigo.
Nando é o delegado substituto.
Quando eu não estou aqui, é ele quem assume tudo isso.
Eu assinto sem lhe dizer nada.
_ Que tal um café?_ Sugere.
Penso em negar...
Mas pra que?
Preciso realmente de amigo. Preciso conversar.
Preciso mudar o fluxo dos meia pensamentos.

Nando é o carinha que segura as minhas barras quando a Júlia, minha amiga não está na cidade... E hoje é um dia desses.
Ele é solteiro.
Tem um porte atlético e tem a mesma idade que eu.

12. Ardente PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora