Alice
— Não acredito nisso! — Alice retruca frustrada, entrando no meu carro em seguida. — Esse é o quinto apartamento que visitamos e a resposta é sempre a mesma. — Ela põe o cinto de segurança e pega o jornal, fazendo mais um rabisco nele. — Mais que droga está acontecendo?
Estamos a algumas horas fazendo algumas visitas aos apartamentos que ela mesma pesquisou nos classificados. Contudo, antes da visitá-los, ela ligou para os corretores marcando o horário para analisar o apartamento que estava disponível e por incrível que pareça, antes mesmo de ela chegar a olhá-lo, somos informados de que o apartamento não está mais disponível.
— Eu não faço ideia — resmungo, ligando o carro para entrar no trânsito. — E se o seu pai estiver envolvido nisso? — Jogo um questionamento perigoso. Ela me encara extasiada.
— Acha que o meu pai faria uma coisa dessas comigo? — Dou de ombros.
— Ele é o único que não quer que você saia de casa — retruco evasivo. Ela parece ponderar as minhas palavras.
— Droga, não vejo como ele poderia saber que eu...
— Ora vamos, Alice! Seu pai é um homem influente. Isso não daria nenhum trabalho para ele.
Ela bufa em resposta e eu paro o carro em frente ao prédio do jornal. Alice me beija ávida e sai logo em seguida. Sorrio quando penso que finalmente as coisas estão começando a seguir o seu curso. De alguma forma se Daniel Ávila estiver boicotando a própria filha, isso vai servir de vantagem para mim. E terei a chance de convencê-la a vir morar definitivamente comigo.
Meu celular começa a toca no painel no exato momento que paro o carro no sinal vermelho e eu fito o nome do meu sogro na tela. Pressiono os lábios e o atendo imediatamente.
— Lucca?
— Daniel Ávila, em que posso ajudá-lo? — Não seguro o meu tom irônico. O sinal volta a abrir e eu sigo adiante.
— Precisamos conversar.
É claro que sim. Resmungo mentalmente.
— Me diga quando e onde, e eu estarei lá — respondo com o mesmo tom seco que acaba de usar comigo.
— Essa noite — impõe. — Podemos beber algo enquanto conversamos.
— Por mim tudo bem. Estou de folga essa noite.
— Ótimo! Nos vemos as oito no bar La Margarita.
— Estarei lá! — Encerro a ligação.
Não demora para eu entrar na minha garagem e adentro o meu lar. Sorrio ao sentir o seu cheiro espalhado por cada cômodo. A minha cama ainda desarrumada e a sua calcinha esquecida pelo chão. Eu seguro a peça delicada de renda negra e aspiro profundamente o seu cheiro, lembrando-me dos nossos momentos mais quentes, sentindo o meu coração disparar feito um louco dentro do meu peito.
***
À noite...
Saio do meu carro e encaro a fachada luminosa do bar, enquanto aperto o controle de trava do veículo. Ajeito a camisa de botões impecável no meu corpo e ando com passos firmes pela passarela estreita, adentrando o estabelecimento. Meus olhos percorrem pelo salão, parando no balcão do bar onde Daniel Ávila já me aguarda. Ele está bebendo uísque e eu peço o mesmo para mim.
— Que tal uma mesa? — Ele sugere com um tom sério.
— Pode ser. — Dou de ombros.
Ele segue para uma mesa reservada em um canto e eu sigo logo atrás dele. Nos acomodamos de frente um para o outro e nos encaramos duramente. Daniel sorve mais um gole da sua bebida, mas sem tirar seus olhos afrontosos dos meus. E eu só consigo pensar que se ele pudesse me mataria com o seu olhar.
Rio por dentro.
— Quanto? — Ele inquire de repente, deixando-me confuso.
— Desculpe, eu não entendi!
— Perguntei quanto você quer para ficar longe dela?
Fecho as minhas mãos em punho, segurando o impulso de esmurrar a cara dele.
— Está me oferendo dinheiro para me afastar da sua filha? — inquiro ainda incrédulo.
Quer dizer, eu conheço bem Daniel Ávila. É um homem implacável quando se trata de negócios e estratégias financeiras, mas daí me oferecer dinheiro em troca de Alice já é um grande absurdo.
— Vamos lá, Fassini. Olhe para você e olhe para minha menina. Ela é uma criança e você não tem nada a ver com...
— Você é um preconceituoso de merda, Daniel! — rosno entre dentes, o fazendo se calar. — Eu amo a sua filha! Sou completamente louco por ela e não há nada, e nem ninguém que possa mudar isso.
Ele sorri sem vontade.
— Quer saber? Eu não acredito que você goste dela.
— Por que não? Por que acha isso impossível?
— Porque você não luta por ela. Você não corre atrás dela...
— Que absurdo...
— Quantas vezes a minha filha te deixou e você simplesmente se encolheu no seu lugar? — Ele me interrompe.
— Eu sou um homem paciente, Ávila. Eu sei lutar sem precisar sufocar. Tanto que a sua filha me deixou por três vezes, mas olha onde ela estar agora. Nos meus braços.
Ele puxa a respiração.
— Inclusive, quero agradecê-lo por boicotar os apartamentos. — Sorrio sarcástico. Seus olhos vacilam. — Está facilitando bastante a minha vida.
— Escute aqui seu, imbecil... — Ele começa a dizer quando seu telefone começa a tocar em cima da mesa. Daniel encara a tela, porém, decide não atender. — Você ainda não me convenceu, Fassini. Eu vou ficar de olho em você. — Seu telefone volta a tocar e Daniel o atende em seguida. — Ávila falando! — Ele rosna, mantendo seu olhar duro em cima de mim. Entretanto, não deixo por menos e enfrento o seu olhar.
Sério, se ele não fosse pai de quem é, não teria problema nenhum em quebrar essa cara de papai do mal.
— Quando? — Ele inquire empalidecendo. — Estou indo aí! — fala, encerrando e o fato de encarar-me em pânico me faz franzir a testa.
— Aconteceu alguma coisa?
— É a Alice. — Ele diz com a voz trêmula e eu fico enrijecido. — Ela sofreu um acidente grave.
— O que? — Meu corpo fica gelado no mesmo instante.
— Eu tenho que ir!
— Eu vou com você!
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12. Ardente Paixão
Lãng mạnLucca Fassini é um homem maduro e determinado que sabe o que quer. Além de ser um dos herdeiros das milionárias indústrias Fassini Ltda. Contudo, ele largou todo luxo e conforto da casa dos seus pais para viver o sonho de se tornar um bombeiro, pois...