Lucca
Paro o carro em frente à casa dos Ávila. Alice tira o cinto de segurança e me encara especulativa.
— Você não vem?
Eu respiro fundo de forma sutil e a encaro pensando em uma desculpa plausível.
— Eu não posso... É... Lembrei que preciso fazer algo no quartel...— Digo evasivo.
Ela me olha por um tempo, mas aceita a minha desculpa.
— Temos uma consulta no final da tarde.
— Estarei lá querida. — Digo.
— Está bem! — Diz evasiva e me dá um beijo rápido, saindo do carro em seguida.
Ligo o carro e saio da propriedade, seguindo direto para o último lugar que eu queria estar nesse mundo. Eu preciso vê-la. Olhar em seus olhos. Ouvir da sua própria boca para poder ter a certeza de que ela não está envolvida nessa merda toda. Saber que o incendiário esteve dentro da minha casa na noite passada, tão perto da minha família me deixa sem chão. Ele podia ter feito algo com Alice bem ali, debaixo do meu nariz e eu não ia perceber. Sinto minha boca ficar seca de ansiedade e o meu corpo parece suspenso. Simplesmente não sinto o chão debaixo dos meus pés.
Minutos depois, paro o carro em frente ao prédio de apartamentos, que fica em um bairro de classe média. Eu olho a imensa estrutura e com um suspiro audível e caminho para dentro do prédio. Já estive aqui poucas vezes e por esse motivo, o porteiro não me pergunta nada. Eu dou um aceno sutil para ele e sigo direto para o elevador. Aperto o botão do décimo terceiro andar e aguardo. Tiro do bolso o bilhete em um papel de embrulho e o encaro dentro do saco transparente, quando as portas se abrem, volto a guardá-lo em meu bolso e saio para um corredor grande e largo. Então caminho até a terceira porta e encaro o número 1597. Respiro fundo pelo menos umas três vezes e finalmente toco a campainha.
A porta se abre e um par de olhos curiosos de Samantha me encaram com desdém.
— Lucca Fassini? O que veio fazer aqui? Veio se certificar de que estou em minha casa? — A pergunta tem um tom irônico, mas tem também um timbre de irritação ali.
Engulo em seco e puxando a respiração, digo:
— Podemos conversar? — Ela me olha por um tempo.
— Não faço ideia do que ainda tem para me dizer, Lucca.
— Por favor, Samantha. Serei rápido, eu prometo. — Ela trinca o maxilar e mesmo relutante abre mais a porta e me dar passagem.
O ambiente não mudou muito. A sala ainda comporta o conjunto aveludado de sofá vermelho, que contrasta com os móveis em tons pastéis e branco. Há uma imensa parede toda em vidro transparente, com um vaso colonial branco onde há uma planta de folhas arroxeada que embeleza o ambiente. Eu fixo os meus olhos na linda mulher que usa um short jeans branco e uma regada vermelha e na perna há uma tornozeleira eletrônica. Entretanto, ela ainda está de pé, de frente para mim e do outro lado da sala. Sam cruza os braços e me encara altiva.
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12. Ardente Paixão
RomanceLucca Fassini é um homem maduro e determinado que sabe o que quer. Além de ser um dos herdeiros das milionárias indústrias Fassini Ltda. Contudo, ele largou todo luxo e conforto da casa dos seus pais para viver o sonho de se tornar um bombeiro, pois...