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Lucca

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Lucca

Um acidente?

Mas como isso aconteceu?

Me pergunto enquanto corro feito um louco pelo trânsito caótico do Rio, praticamente colado no carro de Daniel. E quando estaciono bruscamente no acostamento, encaro a poucos metros alguns cones do resgate no meio da pista, impedindo a circulação dos outros carros.

Meu coração acelera violentamente e ando apressado para o local. Apavorado, levo minhas mãos a cabeça, quando vejo o seu carro destruído e virado de ponta cabeça. Alice está desacordada, suja de sangue e presa ferragens. O tal do Guto está do seu lado e em um estado bem pior do que ela. Tento aproximar-me, mas Joe me segura no lugar.

— Me solta, Joe! — Faço força para me libertar. — Me deixe ir ajudá-la! — peço com desespero.

— Você não pode, Lucca. Está de folga, cara. Deixe os homens trabalharem. — Sem forças, me sento no meio fio e começo a chorar igual um menino.

Porra, ela não está se mexendo e não abre os olhos!

— Por Deus, ela... ela está...

Tento formular a pergunta, mas as palavras não querem sair. Joe segura em cada lado do meu rosto e me faz olhá-lo. Contudo, não quero desviar os meus olhos dela.

— Olha para mim, Lucca! — Ele ordena e relutante, eu faço. — Alice está bem. — Elediz e os meus olhos voltam a se emundarem d'água. — Mas não posso dizer o mesmo do companheiro dela.

Engulo em seco e volto o meu olhar para o acidente.

— Infelizmente ele não estava não usava o cinto de segurança e morreu na hora do impacto.

Puxo o ar, mas ele não vem.

— Tem certeza de que ela está bem? — questiono quase sem voz.

— Sim, mas ela precisa de cuidados médicos. — Assinto.

— Tira ela de lá, Joe — suplico com a voz embargada.

— Ok, mas você fica bem aqui. Tudo bem? — Assinto outra vez.

Contudo, não consigo ficar parado e fico o tempo todo rondando os bombeiros, para ter a certeza de que eles estão fazendo tudo certo. A minha aflição aumenta quando os vejo começar a cerrar a lataria e uma poça de sangue se forma debaixo do carro.

Por favor, não morre! Faço uma oração silenciosa. Não me deixe aqui sozinho, Alice! E como se pudesse me escutar, ela abre os olhos e eu corro para perto do carro.

— Porra, Lucca! — Um dos homens protesta, mas eu não ligo e a faço olhar para mim.

— Lucca? — Alice sibila fraco.

— Oi, meu amor! — falo, forçando um sorriso para tranquilizá-la.

— O que aconteceu? — Ela indaga, parece desnorteada.

— Você sofreu um acidente, mas não se preocupe. Você vai ficar bem. — Só então seus olhos correm ao seu redor.

— O Guto? — Procura saber. Entretanto, mantenho a sua visão longe dele.

— Não se preocupe com ele — peço docemente. — Os bombeiros já estão fazendo isso agora. — Para o meu alívio ela concorda comigo.

— Tá! Estou com sono, Lucca. — Ela sibila baixo demais.

— Faça um favor para mim, não dorme. Fica aqui comigo, ok? Converse comigo.

— Eu estou... cansada.

— Eu sei, mas preciso que continue acordada. — Ela volta a assentir. E quando finalmente a tiram de lá consigo respirar direito. Alice é colocada rapidamente dentro de uma ambulância e quando faço menção de entrar, Daniel faz o mesmo. Nos encaramos.

— Tudo bem, Lucca, vai com ela. — Ele diz e aliviado aceno um sim para ele. — Eu preciso pegar a Isa e explicar toda essa situação. Chego no hospital em alguns minutos.

— Ok! Obrigado! — digo e entro na ambulância em seguida.

***

Dentro do hospital sou obrigado a largar a sua mão e deixá-la ir. Deus, eu fiz isso tantas vezes e nenhuma dela me abalou dessa maneira. Sinto que o meu mundo está prestes a ser destruído e o meu coração dilacerado. Os longos minutos sem notícias suas me afogam, de desestabiliza e é como se um buraco negro quisesse me engolir.

O sinal do elevador me desperta e quando as portas se abrem, a família Ávila invade a sala de espera.

— Alguma notícia? — Daniel pergunta assim que se aproxima. — Faço não com a cabeça e engulo com dificuldade. Logo as portas do elevador voltam a se abrir e vejo os meus pais passarem por elas.

Mas como?

— Eu avisei. — Jenny responde à pergunta que sequer cheguei a sibilar. — Se fosse comigo ia querer os meus pais do meu lado — conclui.

— Obrigado! — falo, recebendo imediatamente o abraço caloroso de minha mãe.

— Como você está, querido? — Ela indaga preocupada. Contudo, não tenho forças para respondê-la e apenas volto para os seus braços.

Nunca havia me sentido tão perdido como hoje. E os abraços aconchegantes e carinhosos e Rose Fassini é tudo que eu mais preciso agora. Portanto, a aperto nesse gesto como se ela pudesse me salvar da minha dor. Minutos depois, uma porta branca e larga se abre, e um médico passa por ela com um semblante sério e cansado.

— Qual de vocês é família de Alice Ávila? — Penso em responder, porém, Daniel é mais rápido.

— Eu sou Daniel Ávila, o pai dela. Essa é Isadora, a mãe.

— Ótimo! — Como se fosse um simples espectador escuto as palavras do médico que finalmente me traz um pouco de paz. — Alice teve algumas escoriações leves, uma mais forte no pescoço e terá que usar o colar protetor por alguns dias. A sua salvação foi o cinto de segurança que estava usando e o airbag que fora acionado com o impacto. Infelizmente não posso dizer o mesmo do rapaz no banco do carona.

— Quando podemos vê-la, doutor? — Isadora pergunta.

— Bom, já está tarde e não posso liberar uma visita. No máximo poderei deixar um acompanhante, caso ela queira ver um rosto conhecido quando acorda. — O casal Ávila me lança u olhar pidão e eu sei que terei que passar uma noite inteira longe dela.

— Se você não se importar, eu gostaria de ficar com a minha filha essa noite. — Isa pede cuidadosa. Assinto. — Mas você pode vir amanhã. — Ela me lança um sorriso doce. — Tenho certeza de que ela vai querer te ver.

— Claro. — Me forço a falar. — Ah... se você precisar, pode me ligar... a qualquer hora.

— É claro, querido.

Isabelly se afasta e adentra a porta larga e embora Daniel me encare por longos segundos, nesse exato momento não vejo qualquer resquício de raiva em suas retinas.

— Até amanhã, Fassini!

— Ávila!

12. Ardente PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora