OITO

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_ Posso

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_ Posso... Vê-la?_ Peço um tanto constrangido.
Anne assente e me entrega a criança adormecida.
Sinto uma emoção diferente.
Deus...
Ela é tão pequena... É tão linda!
Me sento no sofá ajeitando Celena em meu colo, passo a mãos com carinho no vestido rosa com babados brancos.
Observo as bochechas grandes e rosadas.
A boquinha vermelha sendo precionada pelas bochechas.
Na cabeça não há um fio de cabelo, apenas um enorme laço da mesma cor do vestido indicam que é uma linda menina.
Uma lágrima começa a escorrer por me rosto.
Minha filha...
Quanto tempo sonhei com esse momento?
Muitas... Muitas vezes...

_ Ela é linda!_ Sussurro sem tirar os meus olhos da bebê.
_ Sim... Ela é linda!_ Anne diz e eu a olho finalmente.
_ Ela dá muito trabalho?_ Pergunto feito um bobo.
Anne me sorri.
_ Não. Dorme o tempo todo. As vezes preciso acordá-la para amamentar.
Abro um sorriso largo e volto a olhar para a minha filha.
Mexo em sua mão e ela aperta forte o meu dedo me fazendo rir.
Em um momento de sentimento profundo me inclino e beijo a cabecinha com cheirinho gostoso se bebê.

_ Nós precisamos conversar Téo._ Anne diz quebrando o meu momento singular.
Eu puxo a respiração.
_ Claro. Possui levá-la pra nossa... Pra cama para podermos conversar melhor._ Digo.
Anne parece constrangida.
_ Pode ser.

Eu me levanto do sofá e me encaminho para o meu quarto, Anne vem logo atrás de mim e sinto o meu rosto queimar quando vejo a bagunça que eu e Marisa fixamos lá.
Porra!!
_ É melhor por ela no sofá mesmo._ Ela diz se aproximando e tirando minha filha dos meus braços e voltando pra sala.
Sigo atrás dela e antes de fechar a porta, sou mais uma olhada no quarto.
Os lençóis estão baguncados pela cama, no chão há uma calcinha preta e alguns preservativos largados de todo jeito.
Eu fecho a porta e puxo a respiração e volto para a sala.
Encontro Anne arrumando Celena com cuidado no sofá de dois lugares.
Quando ela termina, se acomoda no sofá maior e me olha.
Eu esfrego as duas mãos no tecido do shorts e encabulado me forço a dizer alguma coisa.

_ Quer... Beber alguma coisa?
Anne faz não com a cabeça.
_ Senta aqui Téo._ Ela pede dando tapinhas ao seu lado no estofado.
Eu vou ao seu encontro e como me pediu, me sento ao seu lado.

Anne é uma mulher linda e depois da gravidez posso dizer que ela ficou ainda mais bonita. Seus cabelos castanhos e ondulados batem na altura dos ombros em um corte reto.
Os olhos igualmente castanhos, parecem cansados e me encaram receosos.
Ela respira profundamente, como se procurasse coragem para me falar.
Eu estou nervoso pra caralho.

Nunca uma conversa me deixou tão nervoso como está que estou prestes a ter com a minha esposa.
Minha esposa... Puta que pariu!!!
Esses dias todos tive uma aventura com Marisa maravilhosa.
Aquela baixinha me fez sentir coisas que... Meu Deus!

... E se eu quiser mais..?

Foi a última coisa que ela me falou. E o pior é que eu não tive chance de lhe responder.
_ Téo?_ A voz da Anne me trás de volta ao presente.
_ Oi.
_ Você ouviu tudo o que eu disse?
Suspiro de modo audível.
_ Não. Me desculpe!_ Digo em um tom baixo.
Ela balança a cabeça me reprovando.
_ Você não muda mesmo. Provavelmente estava pensando no seu trabalho._ Resmunga.
_ Eu já pedi desculpas anne._ Insisto começando a ficar irritado.
_ Que seja. Eu disse que estou indo embora.
Como assim?
Achei que estivesse voltando pra casa. Penso totalmente confuso.
_ Surgiu uma oportunidade pra mim nos Estados Unidos. Uma tia minha mora lá e ela conseguiu um bom emprego e moradia pra mim e pra Celena.
Enrugo a testa encarando a minha esposa. Logo os meus olhos vão para minha filha adormecida no sofá.
_ Você... Você está me dizendo que...
_ Você me deve isto Téo. Preciso mudar a minha vida. Preciso seguir em frente.
Me levanto do sofá e vou até a janela e olho para o lado de fora por alguns segundos.

_ Você veio me avisar? Só isso?
_ Também. Mas preciso que organize algumas coisas pra mim poder ir.
Eu me viro para olhá-la.
_ Tipo o que?
Anne pega a sua bolsa e tira alguns papéis de lá.
_ Assine a nossa separação. Também preciso que registre a Celena e me dê permissão para levá-la comigo._ As palavras saem firmes e secas da sua boca.
Eu engulo em seco.
Encaro os papéis em sua mão por um curto espaço de tempo.
Chegou o momento.
Agora é definitivo.
Eu e Anne não somos mais um casal.
E de verdade, isso é um alívio pra mim.
Descobrir por esses dias que Marisa é tudo o que eu preciso me deixou inseguro, mas agora, mediante essa conversa, tudo parece bem mais claro agora.

Me aproximo da Anne e pego os papéis da sua mão, sigo para o meu escritório e pego uma caneta na gaveta da mesa e assino em cada folha sem pestanejar. Quando volto a sala Anne está amamentando a minha filha.
O coração falha uma batida quando vejo os olhinhos escuros abertos.
Nunca mais iria vê-la. Penso desolado.
Engulo o meu orgulho e devolvo os papéis para a minha... Ex esposa.

_ Obrigada por assinar Téo! Se não tiver problema, gostaria que fosse ao cartório amanhã. Para... Registrar a nossa filha.
Dou de ombros.
_ Sem problemas.
Ela me sorri.
_ Ok. Mais uma vez eu agradeço e... Boa sorte pra você!
_ Digo o mesmo Anne.

 Boa sorte pra você!_ Digo o mesmo Anne

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12. Ardente PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora