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Lucca

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Lucca

Quando menino eu ganhei um carrinho de bombeiros que esguichava água de verdade. Cara, eu fiquei fascinado com aquilo e sem perceber, o meu pai me preparou para esse caminho. Eu brincava por horas a fio, fazendo o som da sirene com a minha própria boca no jardim da casa. Mas eu nunca poderia imaginar que o meu maior fascínio seria mesmo pelas chamas em si.

Porra, elas dançam bem na minha frente. São devoradoras, intensas e implacáveis. E qualquer vacilo meu elas me tragariam sem hesitar. Acredito que é a sensação do desafio e a adrenalina que me faz querer encará-las, que me faz pensar que sou maior e mais forte do que elas. Não sei. Só sei que amo as confrontar e quando finalmente as venço, me sinto renovado.

— Aqui Lucca! — Joe grita, apontando para o local onde o fluido queima com mais intensidade.

Estamos dentro de uma destilaria. O incêndio provavelmente fora provocado por algum curto-circuito. Estamos praticamente dentro de um inferno vermelho aqui. A mangueira solta os jatos grossos de água e uma guerra começa. O fogo parece zombar de nós o tempo todo.

— Não está adiantando! — Rafael exaspera atrás de mim.

— Precisamos de mais apoio aqui — Dilan parece desesperado e imediatamente pego o rádio transmissor para falar direto com a central. Explicando o mais rápido possível a nossa situação e volto para o ataque.

— Cinco minutos rapazes! — aviso com outro grito. — Aguentem só mais cinco minutos!

— Não dá! Eu não posso mais! — Rafael desiste, pedindo para sair três minutos depois.

— Não dá, Lucca! Está muito quente aqui. Estou sufocando! — Outro bombeiro fala minutos depois.

— Acha que vamos conseguir? — Joe interpele com voz elevada.

— Temos que tentar esfriar essa situação, ou tudo isso aqui vai pelos ares. Muitas pessoas vão perder os seus lares.

Por que eles estão demorando tanto?

— Joe? — O chamo quando percebo que ele não está nada bem. Ele não me olha, parece desfocado. — Saia daqui agora! — ordeno.

— Não vou deixá-lo sozinho, Lucca.

— Não vou ficar sozinho. Logo outra equipe estará chegando. Você não está bem. Saia logo daqui! — Relutante, ele me entrega a outra mangueira e sai do local.

Volto a encarar as chamas devoradoras e famintas, consumindo cada centímetro desse lugar vorazmente. Os tons fortes de laranja engolem o azul arroxeado, em meio um balé devorador. Noto mais uma caldeira se incendiar. Ela parece um vulcão em erupção, cuspindo fogo para o teto, que pode desabar a qualquer momento. Alguém se aproxima e puxa uma das mangueiras da minha mão.

Samantha.

Eu a olho e ela assente, jogando um jato forte na caldeira. Nunca pensei que diria isso, mas é muito bom tê-la aqui do meu lado agora. Logo uma equipe maior invade o local e com mais cinco mangueiras molhando todo o perímetro, conseguimos controlar o incêndio finalmente.

12. Ardente PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora