6§ O chefe da estação

456 58 8
                                    

----------

O Wattpad por vezes tem comportamentos estranhos. Assim, antes de continuar, certifique-se sempre de que leu o capítulo anterior

< Capítulo anterior: 5§ A mulher que não era bairrista, mas recebeu o bilhete dourado

A mãe recolheu informações surpreendentes acerca dos meandros do desaparecimento da menina... Na estação de combóios esteve a um passo de travar o sequestro...

----------


- MÃE -

Um facto interessante acerca dos comboios, ao qual não era alheia, era que até se podiam atrasar ou, em raras vezes, passarem antes do tempo.

 Contudo, eram obrigados inevitavelmente a visitar todos os apeadeiros definidos no seu itinerário, sendo a margem de improviso praticamente nula. 

Por isso, após escrutinar por alguns instantes as pessoas presentes no cais, para garantir que a sua menina não se encontrava ali, dirigiu-se ao chefe da estação. 

Era um homem que deveria estar quase na sua idade de reforma, com uma cara simpática, mas algo apática. 

Talvez esse fosse o segredo para se lidar com centenas de milhares de passageiros que já deveriam ter passado pelos seus olhos ao longo das últimas décadas. 

Desde que ela viera morar ali, após decidir partilhar a sua vida com o homem que se converteria em seu marido, sempre vira o mesmo senhor tomar conta da estação. Já lá deviam ir uns sete anos.

A mudança para ela tinha sido disruptiva e abrupta. A menina rica, que vivia com todas as comodidades, tinha vindo parar a um bairro da periferia, considerado por muitos problemático. Tudo isto por amor! 

Às vezes dava por si a pensar em quão cliché esta parte da sua vida soava. 

A adaptação não tinha sido fácil, aliás, ela continuava a ter dificuldades em ir além do mero "Bom dia" ou "Como está?" com as pessoas dali. Todavia, já não era olhada com a estranheza dos primeiros tempos. 

Fora o seu marido quem lhe tinha apresentado o bairro onde ele se estabelecera uns anos antes. 

As rendas de casa eram indubitavelmente mais acessíveis e a distância ao centro cidade não era alarmante: menos de meia hora de comboio. 

O chato era que necessitava de apanhar sempre um autocarro desde casa até à estação, senão tinha mais outra meia hora de caminhada por um bairro que só agora começava a mostrar os primeiros sinais de reabilitação. 

Assim, cada manhã que chegava ali à plataforma e via o mesmo homem como chefe de estação, sentia-se mais confortável e segura. 

Ela tinha completa noção de que era algo irracional, já que nunca tinham trocado uma palavra, mas chegara o momento de mudar isso. Iria abordá-lo e aferir se a sua intuição acerca dele estava correta.

— Por favor, lembra-se de ter visto hoje esta menina aqui na estação? — questionou-o, mostrando a fotografia. — Ela devia estar acompanhada por uma mulher nos seus trintas e vestia um casaco vermelho.

O homem olhou com atenção a fotografia, ajeitando melhor os óculos, cuja graduação deveria servir apenas para o auxiliar na visão ao perto.

— Peço desculpa, mas não me consigo recordar — o chefe da estação insistiu mais uma vez em observar a fotografia, mas terminou por acenar negativamente com a cabeça. — Como deve calcular, com o reboliço da greve, a estação tem estado um caos! As pessoas tendem a ficar impacientes e sensíveis ao mínimo atraso. É difícil focar-me em passageiros concretos.

Ela podia entender a situação, mas precisava de uma atitude rápida que pudesse travar o rapto da sua menina.

— Tenho fortes suspeitas de que a minha filha, uma menina de cinco anos, tenha sido raptada por essa mulher! Ambas podem estar entre os passageiros do comboio que acabou de sair daqui.

O chefe da estação empalideceu perante aquela revelação. Provavelmente, não eram todos os dias que existiam sequestros de crianças numa estação de comboios dos subúrbios.

— Tem certeza do que me está a dizer? Refere-se a um sequestro? — contestou com uma enorme preocupação, que aumentou com o anuir dela. — Bom, os passageiros prioritários, com bilhetes de primeira classe, embarcaram primeiro. Haviam assistentes de carruagem a controlarem o processo.

— Daqui a quanto tempo está estimada a chegada à paragem seguinte? — embora tivesse uma vaga noção da resposta, ela queria que o chefe da estação se concentrasse no que podia ser feito naquele momento, ao invés de recapitular o imutável. — Consegue contactar com o seu colega dessa estação?

O chefe pediu-lhe prontamente que o acompanhasse até ao seu gabinete. 

Foi lhe dizendo que a hora estimada da próxima paragem do comboio era às seis e dezanove, já tendo em conta o atraso que este levava. 

Pegou no telefone e ligou para o colega. O número já estava memorizado na marcação rápida. Era natural que se comunicassem frequentemente. 

Após uma breve explicação do sucedido, questionou o colega sobre o número de agentes da polícia que teria no local. 

Devido à greve, a segurança nas estações tinha sido reforçada com policias destacados apenas para refrear eventuais tumultos entre passageiros.

— Ótimo! Quatro agentes devem ser suficientes! — exclamou o homem, mostrando o primeiro sinal de alívio. — Não deixes esse comboio sair daí sem veres todos os passageiros que estão a bordo! Vou-te enviar a fotografia da menina por fax.

A mãe entregou a fotografia da criança e ajudou o chefe com os procedimentos. Sugeriu que se enviasse a fotografia também por telemóvel para o colega, garantindo uma melhor nitidez. 

O chefe aceitou o conselho e deu-lhe o número de telefone do colega que, segundo ele, era um miúdo expedito com as novas tecnologias.

Tinha terminado de enviar a fotografia quando viu entrar uma chamada no seu telemóvel — era o marido. 

Certamente deveria estar preocupado! No meio de toda a azáfama não lhe tinha dito nada nas últimas quatro horas.

— Sim, amor! — chamou-o assim impulsivamente, coisa que já não se lembrava da última vez que o fizera. — Tudo vai ficar resolvido daqui a sete minutos!

==========

Olá amigos,

espero que tenham gostado deste capítulo. As linhas temporais dos pais estão praticamente a convergir com o da mulher e da menina. O que acham que vai acontecer? Estão a torcer por quem?

Até lá não se esqueçam de apoiar esta história ao:

! Votar no capítulo ! (basta clicar na estrela aí em baixo)

! Adicionar a história à vossa biblioteca e lista de leitura ! (clicar no + também aí em baixo)

! Divulgar a história aos vossos amigos !

Aquele abraço e muito obrigado a todos!

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora