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< Capítulo anterior: 94§ O resgate duma antiga dança
O reencontro da mãe com o barman trouxe ao de cima sentimentos há muito adormecidos...
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*** ÚLTIMOS CAPÍTULOS ***
– Pai -
A ventania quente vai arremessando todo o pó da terra contra a sua cara.
Já se esquecera daquela sensação incomodativa que experienciara desde a infância, ali naquele terreno baldio que rodeia a casa dos seus pais.
Mesmo assim, pega em mais um pedaço de ferro vergado e martela-o fortemente com a marreta.
Açoita-o violentamente sobre a superfície dum vigoroso tronco, que continua enraizado na terra, mesmo após ter sido decepada a árvore a que pertencia.
A ideia de recuperar a casa dos pais veio em boa hora, uma vez que o ajuda a manter a mente ocupada.
Todas aquelas varas de ferro, que continua pacientemente a moldar ao seu jeito, servirão de armação para os pilares de algumas paredes que tenciona erigir.
A gestão do misto de emoções que baldeiam dentro de si não tem sido fácil. Desde que chegou ali, há quase uma semana, tem-se empenhado em ignorar o que sente.
Por um lado, foi bom voltar à sua terra natal. Uma viagem que protelara ano após ano, dada a instabilidade financeira que decorria do seu trabalho incerto.
Revira os irmãos, o sobrinho cuja vida ajudara a salvar e, todos juntos, tinham recordado outros tempos.
No meio de toda a tertúlia, a família tinha-lhe descrito como tinham transcorrido os últimos dias dos pais dele e como a casa, onde haviam sido criados, estava agora desprezada.
Assim, rapidamente, tinha abraçado esse projeto de reformá-la, com a ajuda dos irmãos, e desse modo ter um local onde se estabelecer.
As horas que despendia de volta da casa ajudavam-no a abstrair-se da dor associada àquela viagem.
No final das contas, fizera a vontade à filha primogénita e abandonara o país que não era dele.
Após aquela lavagem de roupa suja, para toda a nação ouvir, entendera que era o fim da linha para ele e para o seu casamento.
Conhecia perfeitamente a mulher com quem se casara e estava consciente de que atingira o limite para o perdão dela, já há trinta anos atrás.
Esgotara o plafond associado à linha de crédito, neste caso de confiança, que podia exigir da esposa. Prontamente, fizera a mala e apanhara o primeiro voo para a sua pátria.
A sua filha mais nova ainda tentara debilmente o demover. Compreendia o modo como a rapariga devia estar dividida!
Dada a cumplicidade que havia entre mãe e filha, era-lhe impossível relevar o proceder dele. Todavia, tampouco queria ver o pai ir embora, assim, daquela maneira.
– Pai, tem de haver uma forma de resolver tudo isto! – apelara-lhe ela. – Certamente que tens uma explicação para o que acabámos de ouvir!
Escusara-se a dar justificações à filha, acerca da sua atuação questionável ao longo daquelas décadas.
Não valia a pena contestar todas as revelações, quando nem ele estava convencido de ter gerido a situação da melhor forma.
Tal como no passado, uma vez mais, tinha-se deixado enredar numa teia obscura de omissões e falsidades, que o haviam conduzido àquele desfecho.
Estranha forma de amar, a que possuía, sempre envolto em jogos de mentiras e repleto de ações discutíveis.
– Para onde vais? Pai! Não faças isso! – foram as últimas frases que ouvira a filha indagar, desesperada, quando ele abandonara o apartamento intempestivamente, com a mala de viagem na mão.
Também a sua filha primogénita, a candidata a governar o país, tentara ligar-lhe repetidamente. Agora era o turno dele de não atender os telefonemas dela.
Acompanhara à distância a surpreendente vitória da rapariga, nas eleições primárias.
Segundo os comentadores políticos, para aquele resultado inusitado, muito contribuíra a forma inteligente com que ela soubera explorar o drama familiar.
O certo era que, com maior ou menor mérito, a filha alcançara a segunda e decisiva volta. Agora as chances dela se impor frente ao candidato de centro-esquerda eram mais fortes.
Tudo ficaria decidido dentro de dias, contudo os resultados dessa eleição pouco afetariam a vida dele.
Não tencionava mais sair do seu país. Estaria sempre ali, caso as filhas ou a esposa precisassem dele. Elas sabiam onde o podiam encontrar.
Era a história da sua vida que ficara interrompida. Todo o sentido para a sua existência orbitara em torno da esposa, a rapariga inconformada com a alta-sociedade que conhecera naquela festa.
Ela marcara o início e o fim de tudo pelo que lutara. Ao lado dela formara uma família, o seu bem mais precioso.
Agora restava-lhe receber cada novo dia com a mesma apatia, distraindo-se com algum objetivo vão, como a remodelação daquela casa.
Em momentos como estes sentia a falta dos conselhos do padrinho, que infelizmente já partira deste mundo há alguns anos.
Ficara para sempre a perspicácia e a dedicação que esse homem dedicara a cada investigação que recebera. Nele encontrara uma figura paternal que nunca esqueceria.
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Bebe mais alguns goles de água, da garrafa que tem perto de si. Aproveita para descansar um pouco, pois o seu corpo já não é o de um rapaz de vinte anos.
Alonga um pouco as suas articulações e olha para o relógio. O irmão já deveria ter voltado com as sacas de cimento que foi buscar.
No meio de todo o lençol de poeira que paira no ar, avista ao longe um carro a encaminhar-se naquela direção.
Definitivamente não é o irmão! Tampouco faz ideia de quem seja, dado que a cor da viatura e o formato da mesma não se assemelham à de alguém que conheça.
Quando o carro para em frente a si, continua sem conseguir perceber quem vem dentro dele.
A porta traseira da viatura, com os vidros fumados, abre-se finalmente e deixa-o na expectativa de quem sairá dele.
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Quem vem aí?
O mistério vai ser desvendado no próximo capítulo!
São as emoções finais!
Até lá sintam-se à vontade para:
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A Filha Roubada - Completo - ✔
General FictionTodos achavam que a vida duma criança deveria ser um livro aberto, mas agora ela está desaparecida! Uma mãe desesperada que luta contra o remorso, um pai com muito a esconder, uma mulher que enfrenta o dilema da sua vida e uma assistente social pouc...