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O pai fez uma revelação surpreendente ao inspetor. Está ele de alguma forma envolvido em tudo o que se passou?
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- PAI -
Apercebeu-se do inspetor a rodar as persianas do gabinete, evitando olhares alheios que em nada podiam acrescentar.
Aquele gesto sensibilizara-o de alguma forma, apreciara a consideração que o policia demonstrara ao resguardar a fragilidade dele.
– Eu podia ter evitado o desaparecimento da minha filha. – alegou, com profunda mágoa. – Se eu tão somente a tivesse pegado nos meus braços, ali mesmo, e a levado comigo, nada disto teria ocorrido.
O inspetor tomara de novo o seu lugar e aguardava em silêncio, sem impor qualquer pressão.
– Estava no carro, estacionado em frente ao jardim-escola, a meros passos da minha filha e deixei-a escapar! Simplesmente vi-a entrar no autocarro. Mal sabia eu o que aconteceria depois!
Esta era a culpa que o consumia desde o primeiro momento em que soubera do desaparecimento da menina.
O remorso silenciara-o a cada iteração com a esposa, nas últimas horas, e deixara-o parco de palavras face às perguntas do inspetor.
– Porque não me conta, com calma, tudo o que aconteceu? – apelou, num gesto de cortesia, o inspetor. – Tente fazer-me um relato de todos os eventos dessa tarde. Por exemplo, fale-me do telefonema para o jardim-escola.
Mas a história não começava com esse telefonema, mas sim com outro antes. E foi por aí que iniciou a descrição ao polícia de tudo o que se passara naquele dia.
Recebera pouco depois da hora de almoço uma chamada internacional do seu irmão. Era um pedido de ajuda!
O sobrinho dele estava gravemente doente e era necessário bastante dinheiro para avançar com os devidos cuidados médicos para o salvarem.
A situação económica dos irmãos e dos pais continuava a ser precária e o acesso ao sistema de saúde no seu país permanecia só ao alcance dos mais privilegiados.
O temor do irmão em perder o filho para sempre e nunca mais poder apreciar uma gargalhada cheia de vida daquela criança transferira-se de imediato para ele.
Naquele momento, apercebera-se de quão precioso era cada segundo que desperdiçava longe da sua menina.
O que seria dele se descobrisse que a sua filha podia morrer, a qualquer instante?
– Foi aí que, num impulso, peguei no carro e fiz-me à estrada. – continuou a expor os factos ao inspetor. – Já há muitos dias que não falava com a minha pequena e não sabia nada dela. Precisava de a ver e de estar com ela. Queria dizer-lhe o quão idiota o pai dela era, ao não lhe dar a atenção que ela merecia, mesmo quando tinha oportunidade para isso.
Desta vez o inspetor não se pusera a mexer no computador, nem pegara no seu bloco para tirar apontamentos. O homem limitava-se a escutar o que ele lhe tentava transmitir.
No entanto, era difícil verbalizar tanta angústia que levava dentro de si.
– Como correu a viagem?
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A Filha Roubada - Completo - ✔
General FictionTodos achavam que a vida duma criança deveria ser um livro aberto, mas agora ela está desaparecida! Uma mãe desesperada que luta contra o remorso, um pai com muito a esconder, uma mulher que enfrenta o dilema da sua vida e uma assistente social pouc...