48§ O dia do juízo final

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Depois de ter controlado a situação do barman, o pai deparou-se com um gerente da pastelaria furioso e o homem parece saber muito acerca dele...

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- PAI -

Muitas vezes ouvira aqui e ali falarem sobre o dia do juízo final. Em certas ocasiões com um cariz mais religioso, noutras como uma força de expressão. 

O conceito, contudo, era quase sempre o mesmo. Um momento em que tudo o de certo e errado, que a pessoa fizera, seria exposto. 

O responsável por elencar todos os atos normalmente era alguém superior, fosse a nível de poder, ou de conhecimento, e não era obrigatoriamente um conhecido do réu.


Naquele momento, veio-lhe essa ideia do juízo final à cabeça. "Um medo absurdo!" – pensou de imediato. 

Afinal, o que aquele homem poderia ter para dizer acerca dele? 

Vira-o uma única vez, quando o tal pasteleiro informara-o de que não aceitaria mais aquela situação no estabelecimento dele. 

O homem fora algo rude e talvez insensível, mas estava no seu pleno direito.

Compreendera que o indivíduo não tinha qualquer obrigação moral de ter a menina ali, na sua pastelaria, horas a fio. 

Porque haveria de um comerciante tolerar, no seu estabelecimento, as eventuais birras, maus comportamentos ou incidentes com algum cliente, de uma menina que nem era da sua família?

Em suma, embora não tivesse gostado da atitude do gerente da pastelaria, nunca o recriminara pela mesma. 

Agora a conversa mudava de figura, quando este lhe acabava de desferir um ataque frontal e ele não fazia a mínima ideia do que o homem poderia ter contra ele.

– Conte lá essa verdade! – disse ele de peito aberto, saindo de trás da esposa e assumindo uma posição desafiante. "Afinal quem não deve não teme", pensara ele para si próprio. – Vamos lá! Desembuche!

O padrinho posicionou-se de imediato entre ambos os homens.

– Este não é o momento adequado para isto. – pediu o padrinho ao pasteleiro, tentando demovê-lo de prosseguir.

– Tu sabes muito bem a classe de crápula que este gajo é! – retorquiu o pasteleiro ao padrinho. – E não vou aceitar culpas implícitas no desaparecimento de uma criança. Se não permiti mais a miúda na pastelaria, foi porque descobri a classe de pai que ela tinha! Um indivíduo que anda aí enrolado com as mulheres dos outros.

Estava o comerciante a acusá-lo de ter dormido com a mulher dele? Jamais conhecera tal pessoa! 

Viu a esposa levar as mãos à cara, num misto de incredulidade e de temor.

– Sim! Foi o seu marido que me pôs os cornos com aquela vagabunda! – prosseguiu o pasteleiro, agora relatando o sucedido à esposa. – Os negócios que ela tinha na cidade, os fornecedores que ia visitar para obter melhores condições... resumiam-se a ir para a cama com esse patife!

– Pare de me caluniar! – admoestou-o. Nunca tinha visto a mulher dele à frente. Tudo isto só podia ser um mal-entendido. – Eu mal o conheço a si, quanto mais à sua mulher!

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora