15§ O berço da controvérsia

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Suspeitas antigas do pai vieram à luz. No entanto, a revelação mais tenebrosa parece estar mesmo escondida no quarto da menina...

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- ASSISTENTE SOCIAL -

Não tinha palavras para descrever o que tinha visto! Nunca presenciara algo assim, nos vários anos que levava como assistente social. 

Como podiam os próprios pais fazer uma coisa tão hedionda a uma menina inocente de cinco anos?

Era mais uma situação inusitada, a juntar a um dia que ainda ia curto, mas já repleto de surpresas. 


Antes das oito da manhã, enquanto ainda tomava o seu pequeno almoço, tinham lhe tocado à campainha. 

Não podia acreditar quando, ao abrir a porta, se deparara com aquela mulher e a pobre criança.

Conhecera a mulher já há uns bons anos atrás, mais de sete, para ser precisa. Na altura ainda trabalhava numa agência de adoção. 

A transição para assistente social acontecera uns meses depois. 

Naquela manhã invernosa, a mulher aparecera nos serviços com a determinação de fazer tudo ao seu alcance para adotar uma criança. 

No entanto, com a experiência que já tinha na área, cedo se apercebera de que ela não teria qualquer chance de ver a sua candidatura aceite. 

De facto, bastara meia dúzia de questões para detetar logo dois motivos de franca exclusão da candidatura: a mulher ainda tentava se recuperar de uma severa depressão e tinha sido abandonada pelo marido. 

O seu profissionalismo e objetividade, os quais eram confundidos por muitos dos seus colegas com frieza e pouca empatia, tinham-na induzido a dar por terminada aquela conversa. 

Não adiantava perder mais tempo a escutar a mulher sabendo à partida qual seria o desfecho. 

Contudo esta parecia obstinada em ter uma criança e regressara vez após vez na esperança de ser ouvida. 

Nenhum dos seus colegas quisera pegar no caso, encaminhando-o sempre de volta às suas mãos, com a desculpa de que tinha sido ela quem tinha dado entrada ao processo no sistema. 

Assim, não lhe restara outra alternativa senão a de aceitar o convite da mulher para ir beber um café com ela.

Tinha que admitir que num ambiente mais descontraído a mulher até tinha uma conversa agradável e algumas vivências interessantes, embora tivesse sempre a sensação de que esta não lhe contava a história toda. 

Dera margem para se voltarem a encontrar mais vezes, mas fora do seu local de trabalho. 

Compreendera que a mulher precisava de algum tempo para ser recetiva à dura realidade: ela não reunia as condições mínimas para adotar uma criança e tinha de desistir dessa ideia.

Rapidamente deram-se conta de que tinham algumas afinidades em comum. 

Ambas não granjeavam de grandes amizades, nem famílias presentes e muito menos maridos ou filhos para tomarem conta. 

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora