36§ Uma oportunidade para voltar atrás

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O Wattpad por vezes tem comportamentos estranhos. Assim, antes de continuar, certifique-se sempre de que leu o capítulo anterior.

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Mãe e avó entraram em guerra aberta, pondo a descoberto feridas do passado mal sanadas e expondo novas verdades. No final, só uma pôde levar a melhor...

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- MULHER -

Já tinha jantado com a menina e a colocado a dormir, para que recuperasse as horas de sono em falta. Persistiu uma vez mais em ligar à assistente social. 

Precisava desesperadamente de detalhes acerca do estado psicológico da criança, afinal, não era normal uma miúda de cinco anos inclinar-se de uma varanda. Após tanta insistência, ela acabou por atender-lhe o telefone.

– Por que não respondeste às minhas chamadas? – perguntou à assistente social, assim que esta atendeu. – Tenho estado num estado de nervos!

A assistente social voltou a repisar na ideia de que não deviam se contactar por telefone, pois era perigoso para ambas e podia por em risco o seu emprego. 

Segundo ela, o inspetor encarregue do caso era um homem muito experiente, que ao menor descuido podia-lhes trazer graves problemas.

Depois de ouvir toda a reprimenda, a mulher teve finalmente a oportunidade de relatar o que tinha sucedido com a menina, durante a tarde. 

A assistente social ficara muda do outro lado da linha, ao ponto de ela equacionar se a chamada teria caído.

– Sim, estou-te a ouvir! – respondeu a assistente social, por fim. – Receio que nos tenhamos precipitado a tirar conclusões. Há algo que deves saber!

A criança sofria de episódios de sonambulismo, os quais terminavam frequentemente com ela a magoar-se ou colocar-se em situações de perigo. 

A assistente social tentou dar-lhe todos os pormenores que recordava da conversa que tivera, anteriormente, com o inspetor. 

Afinal, os supostos sinais de maus tratos podiam não ser mais do que mazelas de quedas e ferimentos resultantes da patologia da criança.

– Penso que estes novos dados mudam tudo! – concluiu a assistente social. – Ainda estás a tempo de corrigir todo este grande mal-entendido e entregares a criança. Podes sempre alegar que a encontraste em algum sítio.

Se fosse mesmo verdade que a menina não sofria quaisquer abusos por parte dos pais, os seus motivos pareciam perder sustentação. 

Ela fora testemunha ocular do que a criança podia fazer quando estava sonâmbula. A grande pergunta que requeria introspeção era se ela estava preparada para lidar com esta nova realidade. 

Seria ela mais habilitada do que os pais para cuidar da menina? Ao optar por ficar com ela, estaria a comprar uma luta constante com os seus demónios do passado. 

Não podia evitar de fazer paralelismos com a forma como perdera o seu filho, também numa situação de perigo e em resultado duma desatenção sua.

– Em que estás a pensar? – questionou a assistente social. – Estou disposta a ajudar-te no que for preciso, caso decidas entregar a criança. Pensa que com o aparecimento da menina, toda a gente vai perder grande parte do interesse em saber o que se passou realmente. Os pais serão os primeiros a querer que todo este reboliço em torno da sua vida privada termine.

Claro que os pais da menina não iriam querer remexer muito no assunto. Eles continuavam a ser péssimos pais! 

Aquele era o mesmo casal que deixara a filha sozinha, à mercê do seu próprio destino, por horas a fio, apesar de saberem do problema sério que ela tinha. 

Eram o mesmo pai e mãe que podiam ter perdido a menina, como consequência do ataque terrorista no parque, semanas atrás. 

Enfim, aqueles indivíduos não tinham deixado de ser os progenitores que tratavam a filha como uma mercadoria indesejada, quando a iam buscar àquela pastelaria ao final do dia.

Como ela podia abrir mão de uma criança que já amava tanto? Que tipo de pessoa seria, se a entregasse aos cuidados daquelas pessoas, para morrer prematuramente? 

Eles não lhe dariam a atenção que a menina necessitava, nem teriam posses para lhe fornecer o acompanhamento clínico que ela merecia. 

As suas consecutivas depressões tinham-lhe dado a oportunidade de conhecer alguns dos especialistas mais prestigiados e experientes no campo da psicologia. Nenhum deles se recusaria a analisar a menina, se lhes pedisse.

– Obrigado, amiga! – disse, em tom de encerramento da conversa com a assistente social. – Vou tentar ajudar esta criança!

– Tens a certeza do que estás a fazer? Olha que ela pode até mesmo se tornar violenta contra ti, quando está sonâmbula! – dissuadiu-a, a assistente social. – Talvez esta não seja a criança adequada para ti!

Não esperava que a assistente social entendesse a sua posição. Estava ciente de que tudo o que fizera, era agora mais questionável do que nunca. 

Contudo, o que motivara o seu modo de atuar, não fora a razão ou a lógica, mas sim o coração e os sentimentos. 

Amava genuinamente a menina, independentemente dos problemas que esta tivesse. Além do mais, estava completamente segura de que ela merecia muito melhores pais do que os que a natureza lhe tinha outorgado.

Deitou-se na cama junto dela, abraçou-a, desejando ser capaz de a proteger de tudo e dar-lhe o futuro que sonhara para o seu filho.

– A partir de agora somos só nós as duas: mãe e filha!

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Olá a todos,

número 11 no top de ficção geral, no Sábado passado? Uau! Muito obrigado!

Esta semana, a história terá atualizações mais frequentes. Vou tentar postar um capítulo novo de Segunda a Sexta.

Que comentários lhes merece este dilema em que a mulher e a assistente social se encontram neste momento?

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Aquele abraço.

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora